sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

"ALBERTO DINES" - LIVRO:Morte no Paraíso - a tragédia de Stefan Zweig

"Stefan Zweig: um pacifista como Freud"

Alberto Dines, um dos responsáveis pelas grandes transformações que a imprensa tem conhecido no Brasil, é pesquisador senior do Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo (Labjor) da Unicamp e coordenador do Observatório da Imprensa on-line e pela TV. Autor de diversos livros, tem desenvolvido um trabalho sistemático em pesquisas biográficas, área em que publicou o excelente Morte no Paraíso - a tragédia de Stefan Zweig, em 1981, pela Nova Fronteira, preparando atualmente sua terceira edição. Stefan Zweig, escritor, autor de Brasil país do futuro, considerava-se grande amigo de Freud. Fugido da perseguição nazista, refugiou-se na Inglaterra e no Brasil, onde suicidou-se após 6 meses. Foi a partir do texto dessa biografia que aconteceu a entrevista com Alberto Dines.

Com Ciência - O seu livro Morte no Paraíso - a tragédia de Stefan Zweig, é uma biografia preciosa e apaixonada de um homem e de um autor também apaixonado, com um sentido de missão intelectual e existencial muito fortes. Há alguma identificação, neste sentido, entre o biógrafo e o biografado?

Dines - Identificação não vem pronta, ela faz-se, vai acontecendo. Neste processo, conta tanto a admiração como a rejeição. Há coisas em Zweig que sempre me deixaram irritado, outras são tocantes. Sobretudo o seu medo.

Com Ciência - Stefan Zweig, mais do que uma grande amizade, tinha por Freud uma verdadeira veneração, que aliás incomodava o psicanalista. Você acredita que o fato de Stefan Zweig não ter conseguido seduzir inteiramente Freud, tenha produzido nele um sentimento de frustração que viria a contribuir com o seu suicídio?

Dines - Stefan venerava grandes figuras. O caçador de almas - como foi chamado - fascinava-se com os gigantes. E a alguns ele incomodava (cito dois: Hoffmannstahl e Thomas Mann). Mas com Freud foi diferente,o Pai da Psicanálise - et pour cause - sabia perceber os movimentos íntimos do jovem amigo. Apreciava (ou precisava ?) desta veneração. Mas entre as causas do suicídio de Zweig eu não incluiria a frustração por não ter seduzido Freud. Afinal, Zweig e o discípulo Ernest Jones foram escolhidos como os únicos oradores na cerimônia fúnebre de Freud. É uma homenagem que não deixaria ninguém sentir-se rejeitado.

Com Ciência - Stefan Zweig, no entanto, era "paciente só de carteirinha" de Freud, como você mesmo registra no seu livro. Nessa relação analítica ocasional Freud não teria tido a sensibilidade de perceber os mecanismos do grande conflito que sempre acompanhou Zweig?

Dines - Impossível perceber tendências suicidas numa relação protocolar, embora amistosa. Viena era muito formal, cheia de divisões e distâncias. As tensões íntimas de Zweig não poderiam aparecer à distância. Não existe nenhuma comprovação de que Zweig tenha sido paciente de Freud mesmo de forma fugaz (como foi o caso de Gustav Mahler). Há apenas insinuações e suposições. Sabe-se que Mme. Freud não aprovou o segundo casamento de Zweig com uma mulher muito mais jovem. Mas isso tem muito a ver com os próprios problemas dela.(...)

LEIA NA ÍNTEGRA EM:

http://www.tvebrasil.com.br/observatorio/sobre_dines/zweig.htm

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