quarta-feira, 8 de outubro de 2008

"CELSO LUNGARETTI" - PARAFRASEANDO JOÃO CABRAL DE MELO NETO ,QUANDO NASCEU SUA FILHA - (TRECHO DE MORTE E VIDA SEVERINA)

De sua formosura
deixai-me que diga:
é bela como o coqueiro
que vence a areia marinha.

De sua formosura
deixai-me que diga:
bela como o avelós
contra o Agreste de cinza.

De sua formosura
deixai-me que diga:
bela como a palmatória
na caatinga sem saliva.

De sua formosura
deixai-me que diga:
é tão bela como um sim
numa sala negativa.

É tão bela como a soca
que o canavial multiplica.

Bela porque é uma porta
abrindo-se em mais saídas.

Bela como a última onda
que o fim do mar sempre adia.

É tão bela como as ondas
em sua adição infinita.

Bela porque tem do novo
a surpresa e a alegria.

Bela como a coisa nova
na prateleira até então vazia.

Como qualquer coisa nova
inaugurando o seu dia.

Ou como o caderno novo
quando a gente o principia.


E bela porque o novo
todo o velho contagia.

Bela porque corrompe
com sangue novo a anemia.

Infecciona a miséria
com vida nova e sadia.

Com oásis, o deserto,
com ventos, a calmaria.

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