De sua formosura
deixai-me que diga:
é bela como o coqueiro
que vence a areia marinha.
De sua formosura
deixai-me que diga:
bela como o avelós
contra o Agreste de cinza.
De sua formosura
deixai-me que diga:
bela como a palmatória
na caatinga sem saliva.
De sua formosura
deixai-me que diga:
é tão bela como um sim
numa sala negativa.
É tão bela como a soca
que o canavial multiplica.
Bela porque é uma porta
abrindo-se em mais saídas.
Bela como a última onda
que o fim do mar sempre adia.
É tão bela como as ondas
em sua adição infinita.
Bela porque tem do novo
a surpresa e a alegria.
Bela como a coisa nova
na prateleira até então vazia.
Como qualquer coisa nova
inaugurando o seu dia.
Ou como o caderno novo
quando a gente o principia.
E bela porque o novo
todo o velho contagia.
Bela porque corrompe
com sangue novo a anemia.
Infecciona a miséria
com vida nova e sadia.
Com oásis, o deserto,
com ventos, a calmaria.
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