Repressão em Goiás:
perseguição aos professores grevistas
No dia 06 de fevereiro os professores da rede estadual de ensino de Goiás
entraram em greve. O motivo principal seria a luta contra o novo plano de
carreira implementado pelo governo, que para poder afirmar que pagava o piso
nacional da categoria, incorporou ao salário dos professores as gratificações
recebidas de acordo com a titularidade – e, diga-se de passagem, na lei que
instituiu o piso salarial fica bem claro que esta incorporação é indevida. Mas
embora esta seja a principal bandeira de luta do Sintego (Sindicato dos
trabalhadores em educação em Goiás) e outros grupos de professores mobilizados,
a questão da titularidade está envolvida em um planejamento de reestruturação
do sistema de ensino que sobrepassa as fronteiras do estado de Goiás, chamado
de Pacto pela Educação
(Maiores informações sobre o pacto em:
Mas, destacamos que o momento mais grave deste embate entre professores e
estado está acontecendo agora, após o fim do movimento grevista que durou 51
dias.
Ainda mesmo durante a greve houve a tentativa do governo em reprimir o
movimento. Foram diversas ameaças orais de exoneração e corte de ponto vindas
da secretaria da educação (SEDUC) e do grupo gestor das escolas aos professores
que aderiram ao movimento. Contudo, as ameaças se concretizaram: os professores
tiveram o ponto cortado e ficaram sem receber seus salários nos meses de março
e abril.
Sem recursos financeiros, o governo do estado passou a aplicar processos
administrativos disciplinares aos professores que participaram do movimento
grevista (principalmente aqueles que estavam em estágio probatório). Estes
processos são uma clara retaliação política aos professores, e muitos que já
tiveram que se apresentar à SEDUC disseram que sequer puderam argumentar, tendo
que responder somente “sim” ou “não” às perguntas capciosas que lhes eram
feitas.
Não contente com isso, a SEDUC passou a remover das escolas em que
estavam lotados os professores que aderiram ao movimento, em uma clara tentativa
de desarticulação, uma vez que a categoria tem uma nova assembleia marcada para
o dia 20 de abril. A SEDUC argumenta que precisa realocar os professores devido
à necessidade de mão de obra, mas as datas dos documentos que informam as
remoções são anteriores ao final do movimento grevista (mesmo que só entregues
agora), claramente em oposição à lei que afirma que durante a greve não podem
ser feitas alterações nos contratos de trabalho.
Caso mais emblemático é o de um professor, Marcos Roberto, que participou
ativamente do movimento, confeccionando charges sobre os acontecimentos
políticos de Goiás, publicadas na internet e no jornal Tribuna do Planalto.
Mesmo sofrendo ameaças, o professor continuou seu trabalho, mas, após conceder
uma entrevista para a TV Anhanguera (componente da Organização Jaime Câmara e afiliada
local da Rede Globo), o professor foi sumariamente demitido do jornal.
Não é de se estranhar as medidas drásticas tomadas pelo governo do estado
para conter o movimento grevista e desarticular os mobilizados. O governador
Marconi Perillo enfrenta fortes denúncias de ligação com uma rede de exploração
ilegal de máquinas caça-níqueis, bingos de cartelas e jogos do bixo,
desmascarada pela operação Monte Carlo da Polícia Federal e publicizadas, entre
outros veículos, pela Revista Carta Capital. Numa tentativa de desvincular sua
imagem deste grupo, o governador procurou afastar dos cargos que ocupavam no
governo os envolvidos no escândalo de corrupção, lavagem de dinheiro, evasão de
divisas, contrabando, corrupção.
Além disso, tem sido denunciados o sumiço das bancas da revista (http0://www.cartacapital.com.br/sociedade/ataque-a-liberdade-de-informacao/#.T37iMwFpAKI.facebook),
bem como a tentativa de bloquear as denúncias feitas pelas redes sociais
Não é a primeira vez que este tipo de repressão acontece em Goiás
envolvendo Marconi Perillo, que em 2006 conseguiu impedir a circulação de uma
reportagem que o vinculava ao atentado contra um senador
bem como o comando de uma ação policial pela busca de exemplares do livro
“Dossiê K”, nas dependências da Universidade Federal de Goiás em 2002.
Como foi exposto, a repressão enfrentada pelos professores grevistas do
estado de Goiás é de extrema gravidade, e por isso nos dirigimos a vocês para
que em solidariedade aos professores que estão em luta, divulguem amplamente mais um ato repressivo
que infelizmente faz parte das lutas dos trabalhadores no Brasil e no Mundo.
Pela Solidariedade aos trabalhadores em luta!
A Carta está assinada por
vários ativistas cujas identidades temos conferido, mas que mantemos em sigilo
para evitar retaliações das autoridades.
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