segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Linchamento Judicial de uma Indigente

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Carlos Alberto Lungarzo
Anistia Internacional (USA) – 2152711
Veja a Repressão contra Trabalhadores do Carrefour de Osasco em:

Acabo de ler um artigo de Celso Lungaretti, onde denuncia um caso que nos coloca mundialmente numa situação de justiça e crueldade vergonhosa.
Uma indigente mãe de 10 filhos pode ser colocada no cárcere por desapropriar do Carrefour algumas roupas para seus filhos, caso não pague uma fiança de 300 reais.
Que fiança deveriam receber os que são roubados todos os dias pelas empresas que lucram com a vida, a segurança, a saúde e a fome de milhões de pessoas?????
Quero destacar também a falta de dignidade humana dos funcionários que se tornam delatores policiais contra seus irmãos de classe, e manifestar nosso repúdio por essas atitudes.
Devemos refletir sobre qual pode ser a estrutura mental e emocional de um agente de “justiça” que, vivendo numa região do planeta eivada de corrupção e escândalos econômicos, é capaz de uma atitude inqualificável como para exigir fiança de uma pessoa cujos filhos estão morrendo de fome e frio, justamente por causa do sistema escravocrata que eles próprios defendem.
Lembremos que, especialmente no Estado de São Paulo, a magistratura atua sempre como carrasco dos setores mais penalizados da sociedade. Há alguns anos, houve um caso com uma mulher também indigente e com problemas mentais, que desapropriou um xampu numa loja, ficou presa em SP durante mais de um ano, e perdeu um olho como resultado da tortura. Uma reportagem sobre esse horrível caso ganhou o prêmio HERZOG no final do ano passado. Mas os juízes que autorizaram essas atrocidades são os que continuam julgando nossa vida.
Não faz mal lembrar agora que o Tribunal de São Paulo já libertou um comandante genocida, culpado de 111 assassinatos, que um ex desembargador, agora no STF, deu habeas corpus ao autor do genocídio de Carajás, e assim em diante.
Todos sabem que os poderes públicos de Estado de São Paulo empreenderam sempre uma campanha de faxina social contra gente pobre, que se adverte na perseguição contra ambulantes, mendigos e todo tipo de marginados.
Alguns colegas da minha organização vão pagar a fiança de Claudinéia, mas temos receio de que a justiça e/ou o Carrefour recusem este oferecimento para poder manter sua função punitiva e aterrorizante.
Em países civilizados como os do Norte da Europa, o governo fornece ajuda econômica e psicológica às pessoas que são encontradas furtando objetos por causa de necessidade imperiosa.
Eu acabo de mandar um e-mail informando de nossa proposta aos dois e-mails que estão na matéria de Lungaretti, mas não tenho o e-mail dos juízes. Estes são os do Carrefour:
Estou preparando outros e-mails em diversas línguas para jornais do exterior. Ocultando os atos vergonhosos de nossos poderes públicos não vamos conseguir maior prestígio. Pelo contrário, é denunciando-os como podemos mostrar nosso propósito de melhorar.
Entretanto, pode acontecer que a empresa insista em manter a denúncia, porque sabe que uma indigente não pode pagar 300 reais. Se isso acontecer, eles terão a possibilidade de prender mais um popular e contribuir à campanha de faxina social iniciada no estado.
É claro que o PROBLEMA DELES NÃO SÃO OS 300 REAIS. Seu objetivo é criar medo na população pobre, naqueles que não têm dinheiro para comprar seus produtos, e que tampouco são necessários como trabalhadores, porque sobram desempregados. As elites predatórias do país sabem que o terror é o melhor aliado para manter o sistema de escravidão no país. No Rio, já houve planos, há alguns anos, para bombardear favelas.
ENTÃO, PEÇO A TODOS QUE FAÇAM PRESSÃO PARA QUE CARREFOUR RETIRE A DENÚNCIA. Enviem protestas a esses e-mails.
Também peço aos colegas que estão em outros países, que traduzam a mensagem e o disseminem em suas redes.
Pensem que pessoas que são capazes de entregar a polícia uma pessoa inofensiva estão procurando vingança. É o linchamento em sua forma mais crua.
É louvável que nos interessemos por pessoas que sofrem em outros países, mas não podemos esquecer os que temos mais próximos. Lembremos que um setor do judiciário está para perseguir os populares. Nos últimos anos apareceram iniciativas corajosas e esclarecidas como a dos Juízes para a Democracia e outras, mas eles ainda são minoria e só combatendo o sistema atual os ajudaremos a progredir.
Este caso lembra o do trabalhador norte-americano Jimmy Wilson, sobre o qual publicarei uma nota em algum momento. Ele foi condenado a MORTE, em 1958, no Estado de Alabama, por furtar 1,95 dólares. Na época não existia e-mail, mas o governo americano recebeu mais de 100 mil cartas de todo o mundo e a União Soviética encabeçou uma campanha mundial contra a condenação. Finalmente, passou 15 anos na prisão.
Não pensem que a história é muito diferente agora! Alguns juízes são partidários da pena de morte, e se ela existisse oficialmente no Brasil, quantos seriam os pobres executados!!
Aos que puderam, peço que façam circular o mais possível esta nota.
Obrigado.

PS: Sugiro a todos que assistam o DVD do filme de Michael Moore: Capitalismo, uma história de Amor. É talvez um dos melhores filmes já produzidos nesta década. Tem tudo a ver com o caso que comentamos

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