25/06/2010-11h00
O ano em que torci contra o Brasil
Quando o Brasil estreou na Copa de 1970, no México, Lidia Guerlenda, 61, estava ansiosa. Mas sua euforia nada tinha a ver com futebol.
Foi naquele 3 de junho que a então estudante do terceiro ano de medicina na USP entrou para a clandestinidade.
Não era a única de fora dos "90 milhões em ação" que embarcavam na euforia pelo tri brasileiro. Como Lidia, ex-militante da ALN (Ação Libertadora Nacional, grupo de resistência armada), muitos que se opunham à ditadura militar (1964-1985) têm lembranças daquele período que extrapolam as tabelas entre Pelé e Tostão.
Para opositores ao regime, uma vitória do Brasil seria uma conquista do governo linha-dura de Emilio Garrastazu Médici (1969-1974). A lógica era simples: enquanto a população se hipnotizava com o canto canarinho, mais abafadas ficavam as vozes da oposição. Quem, afinal, era louco de chiar contra um país que crescia à custa do milagre econômico, e ainda por cima era o maioral no gramado?
Ser brasileiro era motivo de orgulho, e o regime certamente daria um jeito de tirar vantagem disso, calculou a militância. Por isso, um gol perdido no México era também bola fora dos militares. "A exploração política que a ditadura fazia da Copa nos dava o direito de torcer contra", diz Lidia.
No dia em que o Brasil ganhou de 4 a 1 da Tchecoslováquia, a ex-militante teve de sair da faculdade, abandonar casa e família. O atual ministro dos Direitos Humanos, Paulo Vannuchi, foi quem lhe avisou de que seu nome estava na lista dos órgãos de repressão.(...)
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