sexta-feira, 5 de março de 2010

AUTONOMIA MORAL - "A dimensão ética na obra de Jean Piaget"



Yves de La Taille


Como as crianças aprendem as regras sociais?

Qual a melhor maneira de se discutir essas regras na escola?

Essas são questões sempre presentes no dia-a-dia da sala de aula. As respostas variam de acordo com a forma pela qual o professor concebe o desenvolvimento humano e a proposta pedagógica de cada escola.
A esse respeito, Piaget possibilita importantes questões que servem de ponto de partida nessa discussão. Neste texto , o autor mostra, de maneira clara e bem organizada, os pressupostos teóricos que compõem a visão de Piaget a respeito da construção da moralidade na criança.

A partir desses pressupostos pode-se entender melhor sobre a construção das regras sociais e, assim, facilitar o trabalho com as crianças.
Clique aqui para ler o texto na íntegra. Para isso você precisa ter o programa Acrobat Reader. Para instalá-lo, clique aqui.
"Pesquisando crianças de cinco a doze anos, PIAGET descobriu que a gênese do juízo moral infantil passa por duas grandes fases. Na primeira, o universo da moralidade confunde-se com o universo físico: as normas morais são entendidas como leis heterônomas, provenientes da ordem das coisas, e por isso intocáveis, não-modificáveis, sagradas. A essa concepção das normas corresponde um nível rudimentar de compreensão destas: os imperativos são interpretados ao pé da letra, e não no seu espírito... Na fase posterior, as normas passam a ser entendidas como normas sociais cujo objetivo é regular as relações entre os homens. Assim, em torno de dez, onze anos, a criança passa a conceber a si mesma como possível agente no universo moral, capaz de, mediante relações de reciprocidade com outrem, estabelecer e defender novas regras."

"Na conceituação piagetiana, a criança passa da heteronomia – onde o bem é entendido como obediência a um dever preestabelecido – à autonomia moral – onde o bem é agora concebido como eqüidade e acordo racional mútuo das consciências."

"Mas a originalidade do pensamento piagetiano é a de ter chamado a atenção sobre um outro fator, obrigatoriamente presente em toda sociedade. Refiro-me ao tipo de relação interpessoal, que pode ser a coerção ou a cooperação. Não se trata apenas, portanto, de saber o que existe em determinada cultura, mas também de verificar o tipo de relação interpessoal por meio do qual o patrimônio cultural é transmitido."

"Ora, se as relações de coerção e de cooperação têm efeitos diversos sobre o desenvolvimento do indivíduo, se a cooperação é condição necessária à autonomia intelectual, verifica-se que PIAGET integrou a dimensão ética à sua teoria."
Publicação: Série Idéias n. 20. São Paulo: FDE, 1994.
Páginas: 75-82

FONTE : http://www.crmariocovas.sp.gov.br/dea_a.php?t=005

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