sábado, 11 de julho de 2009

DETALHANDO A GALERIA -(O NOVO TOPO DO BLOG DO LUNGARETTI ) CELSO LUNGARETTI (UMA AULA E TANTO)(clique aqui)


"May You stay forever young", disse Bob Dylan numa de suas belíssimas poesias cantadas. É como tento viver.

Não, claro, à maneira infantilizada de Michael Jackson, que, de tanto buscar refúgio ilusório na Terra do Nunca, acabou indo cedo demais para lá. Mas, nunca deixando definhar o espírito de aventura, a abertura para o lúdico e o coração de estudante. Vivendo sem me limitar.

É surpreendente quantas coisas conseguimos fazer quando não ficamos nos indagando se são ou não apropriadas para nossa idade.

Então, quando a prima Nádia, que é minha fiel cicerone pelos labirintos da tecnologia virtual, propôs-me colocar fotos no cabeçalho do blogue, foi como se eu tivesse recebido um brinquedo novo.

Passei uma hora agradabilíssima ponderando critérios, avaliando nomes e caçando imagens. O resultado está aí.

Não são minhas únicas inspirações, claro, mas boa parte das principais.

Entre outras coisas, servindo para reforçar um conceito que norteia meu trabalho: o de que a política, para um revolucionário, tem significado bem maior do que as ninharias reunidas sob tal retranca nos veículos de comunicação. É proposta de vida, de amor, de comunhão e perfazimento.

Se o verdadeiro fim de nossa existência é a busca da felicidade, cabe à política otimizar as possibilidades de sermos felizes, harmoniosos e plenos - ainda mais agora que a barreira da necessidade foi superada e o reino da liberdade está ao alcance de nossas mãos.

Basta mudarmos as prioridades, reorganizando nossa existência com base em outros fundamentos: a cooperação, em lugar da competição; o bem comum, ao invés do lucro; a solidariedade, substituindo a ganância; as oportunidades iguais para todos e não o privilégio de poucos.

Então, é com desalento que recebo críticas às vezes feitas a meu trabalho, de estar abordando temas que não são políticos em espaços políticos. Como podem pessoas jovens ter uma visão tão restritiva?

Tudo que eu escrevo é político no sentido maior do termo, já que sempre embute o inconformismo com o que é e a esperança de tornarmos o que vai ser bem melhor e mais digno.

Neste sentido maior do termos, todas as 26 figuras que selecionei para a galeria são políticas, embora bibliotecários as dispersassem por estantes diferentes.

Falemos rapidamente sobre elas.

Prometeu, que roubou o fogo dos deuses para dividi-lo com os homens, foi acertadamente adotado pelos revolucionários como seu símbolo.

A luta quase sempre desigual que os justos travam contra os poderosos tem no gladiador Spartacus uma de suas figuras mais emblemáticas.

Thomas Morus foi um gigante: ensinou-nos a crer nas utopias e tentar concretizá-las, além de dar exemplo de dignidade e coragem diante do absolutismo.

Galileu Galilei, como tantos de nós, travou a nobre luta da razão contra a força, pagando o preço por estar certo contra as crenças e valores dominantes.

Zumbi dos Palmares encarna a luta e o orgulho de um povo sofrido e, mais do que isto, de um continente criminosamente saqueado e degradado pelos brancos "civilizados".

Só uma frase bastaria para garantir a imortalidade de Jean-Jacques Rousseau, notável inspirador da Revolução Francesa: "O homem é bom por natureza. É a sociedade que o corrompe".

A ira sagrada de Henry David Thoreau é um farol para a humanidade. Sua "Desobediência Civil" continua até hoje nos inspirando na resistência às burocracias arrogantes e aos estados tirânicos.

O libertador Simon Bolivar apontou um caminho altaneiro para a América Latina.

Anita Garibaldi, "heroína dos dois mundos", inscreveu seu nome na História como mulher idealista, dedicada e corajosa, ao lado do grande Giuseppe Garibaldi.

O maior dos teóricos revolucionários, Karl Marx foi um verdadeiro divisor de águas na história da Humanidade.

Também marcou profundamente nossa época o principal pensador anarquista, Pierre-Joseph Proudhon. Hoje, só cínicos e obtusos colocam em dúvida a verdade que ele enunciou: "a propriedade é o roubo".

Filósofa e militante, Rosa Luxemburgo era a principal liderança revolucionária alemã em 1919, quando paramilitares a executaram bestialmente, antecipando os horrores do nazismo. Deixou uma frase imortal: "a verdade é revolucionária".

O profeta Léon Trotsky liderou os bolcheviques na conquista do poder em 1917, comandou o Exército Vermelho nas batalhas que asseguraram a sobrevivência da revolução e deu a vida para tentar impedir seu desvirtuamento sob Stalin.

Cientista político e militante cuja saúde definhou nos cárceres fascistas, Antonio Gramsci deu contribuição poderosa para a compreensão dos mecanismos da sociedade contemporânea e das possibilidades de atuação revolucionária.

Sigmund Freud, outro divisor de águas, não só desbravou o território do inconsciente, como foi além da mera adequação dos indivíduos a uma sociedade insana, desenvolvendo esforço titânico para tentar curar as doenças da própria civilização.

O Mahatma Gandhi foi um dos líderes mais singulares e impressionantes da História da humanidade, conseguindo libertar 250 milhões de indianos do jugo colonial à custa do estoicismo e da autoridade moral, sem o recurso à violência.

O poeta e dramaturgo Federico Garcia Lorca, artista superlativo, foi covardamente executado pelas bestas-feras do franquismo.

Principal teatrólogo de esquerda, autor de obra riquíssima, Bertold Brecht será lembrado também por uma das mais emblemáticas poesias do século passado, "Aos que virão depois de nós", sobre os revolucionários que fugiam do nazifascismo, "trocando mais de países que de sapatos, desesperados, quando só havia injustiça e não havia revolta".

Ernesto Che Guevara é fígura mítica do internacionalismo revolucionário no século passado.

Martin Luther King, grande defensor dos direitos civis nos EUA, conseguiu mover a História com seu sonho.

Depois de tantos presidentes se sujeitarem passivamente a ser depostos pelos gorilas latino-americanos, o chileno Salvador Allende deu exemplo de dignidade ímpar: recusou o avião oferecido pelos golpistas, preferindo morrer baleado em pleno Palácio do Governo, à frente dos colaboradores mais dedicados.

Principal influência dos estudantes revolucionários europeus nas jornadas de 1968, o filósofo Herbert Marcuse produziu análises acuradas sobre o papel da indústria cultural na perpetuação do capitalismo em países prósperos e os desafios colocados por essa manipulação cientificamente otimizada das consciências.

Símbolo da luta contra as duas ditaduras brasileiras do século passado, o dirigente revolucionário Carlos Marighella foi abatido pela repressão numa emboscada que fez lembrar os gangstêres estadunidenses.

Maior boxeador de todos os tempos, vencedor da luta do século contra George Foreman, o grande Muhammad Ali também foi campeão de cidadania, ao perder o título e comprometer a carreira em nome do seu repúdio à Guerra do Vietnã, recusando-se a dela participar como relações-públicas do intervencionismo militar.

Como um dos Beatles, John Lennon tem seu nome associado à grande revolução musical e de costumes da década de 1960. Depois, na carreira-solo, compôs uma das canções mais influentes e inspiradoras de todos os tempos, "Imagine".

Enfrentando o odioso regime segregacionista da África do Sul, Nelson Mandela passou boa parte da vida na prisão, mas sua perseverança acabou vitoriosa. Não só presidiu o país reconciliado, como se dedicou depois a inúmeras causas sociais e de direitos humanos.

CELSO LUNGARETTI

http://naufrago-da-utopia.blogspot.com

5 comentários:

  1. 1 comentários:

    Nadia Gal Stabile disse...

    Henry David Thoreau ...foi este aqui que brincou de esconde esconde na hora que estava fazendo a colagem destes grandes seres!! Celso, meu primão!! MAGNÍFICO!!! MAGNÂNIMO!!! ESPETACULAR ESTE SEU TEXTO!! FUNDAMENTAL!! VITAL!! IMPRESCINDDÍIVEL!!!VOCÊ CONSEGUE SER POLÍTICO COM UMA BAITA CLASSE!! kkkk OLHE!!! SE AS PESSOAS ENTENDESSEM UM POUQUINHO QUE FOSSE SEUS EXEMPLOS!!!....MEU DEUS!!! que maravilha seria!!! AGRADEÇO PODER ESTAR A COOPERARMOS MUTUAMENTE!! e podendo estar a agir nos tempos da COOPERAÇÃO "blogueira"...e podendo exercitar a generosidade natural que graças!! vem do berço!!! e que antes nos chamavam de otários por sermos generosos!! ...bom... "A VERDADE É REVOLUCIONÁRIA!! concordo totalmente com a Rosa!!e com Rousseau... porque hoje posso voltar a ser como nasci!! kkk
    VOCÊ NOS DEU UMA DAS MAIORES AULAS AQUI!!! agradeço mmmuuiiitttooooooo!!! Nadia Stabile (sua prima) 11/07/09

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  2. CELSO, VC TEM DADO AULAS NOTÁVEIS MESMO DE COMUNICAÇÃO E JORNALISMO...Já acentuei isto em meus Blogs...Feliz com os nomes que vc escolheu, mas agradecendo pelo MEU POETA FREDERICO GARCIA LORCA...Tive que brigar com a professora de Espanhol qdo aluna da PUC, pq ela queria omití-lo. E a briga foi tão boa que a sala se apaixonou por ele..."Verde, que te quero verde" Lorca...

    Com vc Celso...Beijos...

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  3. Minhas caras,

    fui formado numa geração em que revolucionários eram muito avessos a tudo que parecesse exibicionismo pessoal.

    No meu livro conto, p. ex., como uma revista Realidade, com o o então presidente da UNE Luiz Travassos na capa, virou alvo de críticas e zombarias em 1968.

    Lembro-me de a terem recortado e acrescentado um balão com o que ele estaria pensando: "Dou ou não dou, eis a questão". Isso andou exposto pelos murais das faculdades "vermelhas".

    Enfim, nem pensei que a minha "árvore genealógica" pudesse despertar interesse em outros espaços. Mas, como você a postou aqui, vale a pena eu falar um pouco sobre o que está por trás dela.

    Já faz um tempinho que venho atuando na Web como um articulista de esquerda independente. Ou seja, analiso os acontecimentos sob uma ótica revolucionária, sim, mas sem o sectarismo e o fanatismo de certos articulistas engajados.

    Estes transpuseram a linha que separa a verdade da versão conveniente. Tornaram-se propagandistas, falseando (intencionalmente ou não) a verdade para encaixá-la em sua visão predefinida.

    (continua)

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  4. (sequência)

    Várias vezes já me choquei com a estreiteza mental dessa gente. P. ex., quando Chávez andava insuflando uma guerra entre o Equador e a Colômbia, por conta do bombardeio de um acampamento de guerrilheiros das Farc no território equatoriano, opus-me radicalmente a essa previsível guerra dos esfarrapados.

    E, como as Farc estavam no centro da questão, eu e o Ivan Seixas (exatamente os mais frequentes defensores, nas batalhas de opinião, dos movimentos armados de resistência à ditadura de 1964/85), recolocamos a posição da guerrilha do nosso tempo: vida só se troca por vida.

    Ou seja, só considerávamos lícito sequestrar pessoas (no caso, diplomatas) para trocá-las pela vida de companheiros presos, torturados e ameaçados de morte nos cárceres da repressão. Jamais para trocá-las por grana.

    Recursos obtinhamos de forma mais arriscada, expropriando bancos. Víamos sequestros como uma prática condenável, que só admitíamos em circunstâncias extremas. Bem diferentes, portanto, das Farc, que mantinham centenas de cidadãos em cativeiro degradante.

    Por causa de todas as críticas que recebi, de primarismo atroz, resolvi colocar como missão do meu blogue a defesa dos ideais revolucionários, dos direitos humanos e do pensamento crítico, em pé de igualdade, sem jamais priorizar uma dessas bandeira em detrimento das outras.

    Nas últimas semanas, as hordas de primatas que se julgam de esquerda voltaram a tentar intimidações para me tangerem para o que cada uma considera ser o "único caminho justo".

    Antilulistas furibundos cobrando-me posicionamento contra Sarney e atribuindo a uma pretensa "aliança tática" minha com o PT o fato de não estar participando da caça à bruxa da vez. Fazem questão de ignorar que, muito antes do novo escândalo, eu já defendia a posição de que não adianta nem é nossa missão tentarmos moralizar a democracia burguesa. Existimos para acabar com o capitalismo, não para eliminar suas chagas expostas. Além do que eu considero Sarney insignificante demais como alvo, não perco tempo com os office-boys do sistema.

    Bolivarianos não engoliram que, embora eu tenha defendido desde o primeiro momento a devolução do poder a Manuel Zelaya, haja tirado a única conclusão possível sobre o comportamento do presidente deposto na "noite dos encapuzados": comportou-se como um banana. Não consigo imaginar um Salvador Allende ou um Getúlio Vargas se deixando deportar de pijamas. Há horas em que, para cidadãos que assumem grandes responsabilidades, o brio tem de contar mais do que o apego à vida.

    Um dirigente de uma igrejinha sectária do movimento negro reprova-me o apoio às cotas universitárias, que, na minha visão, não devem ser extintas, mas sim mantidas e ampliadas, para beneficiar outros pobres.

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  5. (final)
    Vejo-as como um mecanismo para reequilibrar a disputa pelas vagas, distorcidas pela máfia dos cursinhos, que adestram para o vestibular aqueles riquinhos que podem pagar suas astronômicas mensalidades.

    E as cotas, onde estão sendo testadas, comprovaram exatamente isto: negros que não conquistariam vagas apenas por não poderem custear cursinhos caros, acabam tendo desempenho escolar equivalente ou até melhor que o dos brancos.

    Mas, os tais "negros socialistas", de tanto combaterem a posição dominante do movimento negro, acabaram atrelando-se à posição reacionária, dos que são contra as cotas porque defendem o capitalismo selvagem em sua plenitude: competição exacerbada e prevalência dos mais fortes. Lamentável.

    Finalmente, há os tacanhos que recriminam redes virtuais e sites de esquerda quando publicam os raros artigos meus que não são diretamente políticos, embora eu sempre produza enfoques políticos num sentido maior do termo.

    Então, a escolha desses 26 personagens foi como uma profissão de fé, uma reafirmação de valores. Há um motivo para Trotsky constar e Stalin, não. Há um motivo para Proudhon e Thoreau aparecerem ao lado de Marx e Gramsci. Há um motivo para eu dar tanto destaque à frase lapidar de Rosa luxemburgo, sobre a verdade, em si, ser revolucionária.

    Alguns, decerto, compreenderão.

    Um forte abraço a ambas e aos demais leitores!

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