terça-feira, 16 de junho de 2009

USP EM GUERRA

USP EM GUERRA

30 anos depois, PM volta ao campus. Estudantes, funcionários e professores reagem!

Publicado em 15.06.2009
por Conselho Editorial



Nos últimos dias, ainda que as imagens não mentissem, ainda que as imagens demonstrassem claramente o absurdo da ação da PM na USP e a que ponto a reitora e a burocracia acadêmica estão dispostas a reprimir e reprimir, em diversas ocasiões a imprensa burguesa deu grandes demonstrações de apoio à reitora e à entrada da PM no campus.

Foram, nas últimas duas semanas, pelo menos 1 editorial da Folha de São Paulo e 2 do EstadãoEstadão no dia 12/06. O editorial define o movimento como uma reunião de “sindicalistas violentos e dezenas de microagremiações radicais” que “por má-fé, deformação ideológica e oportunismo político, confundem autonomia universitária com ausência do império da lei” aos imporem os piquetes, caderaços, barricadas e atos de rua. Ainda segundo o editorial, a participação da PM deve ser aplaudida já que os grevistas, “repetindo o mantra do `participacionismo`, dizem representar toda a comunidade uspiana” muito embora o façam, segundo o editorial, através de “desmoralizadas e esvaziadas `assembleias gerais`”. dedicados a repudiar o movimento grevista e apoiar, abertamente, a invasão da PM e do pelotão do choque no campus após 30 anos (a última invasão da PM foi em 1979 em plena ditadura militar). Aqui cabe citar o último editorial publicado pelo

O editorial critica o movimento e apóia a reitora baseando-se em três afirmações fundamentais: (1) os piquetes e barricadas seriam atos antidemocráticos que coagiriam estudantes e funcionários a aderirem à greve; (2) o movimento grevista seria refém dos partidos; e (3) o conjunto geral da USP não seria representado pelas formas de tomada de decisão do movimento, sobretudo, não seria representado pelas assembléias.

Ora, basta conviver com o dia-a-dia do movimento grevista da USP para desmontar uma a uma as afirmações do editorial do Estadão. O editorial chama de antidemocráticos os piquetes, mas não diz que os funcionários são coagidos pela burocracia universitária a furarem a greve, sendo passíveis de todo tipo de assédio moral e punição. Na verdade, os piquetes são a única forma que muitos têm para aderir ao movimento sem que sofram represálias individuais. No caso dos estudantes a situação é muito parecida. É comum que professores contrários à greve façam verdadeiros “sermões” em sala de aula desclassificando os grevistas e incitando a não paralisação, ou então simplesmente mantenham as aulas regulares prejudicando diretamente quem aderiu à greve.

Sobre a influência dos partidos. Como se sabe, a grande maioria dos partidos somente atravanca o movimento geral na medida em que tem medo de perder o controle da situação. Inclusive os partidos servem, na maioria dos casos, como eficiente canal de conciliação com a burocracia universitária. Hoje, o movimento grevista, que já surge como expressão do acirramento das contradições da luta de classes no Brasil, cresce de forma espontânea e, principalmente, à revelia das velhas direções e dos partidos burocratizados. O MNN, por outro lado, é um dos poucos partidos que recusa os acordos de bastidores e que apóia incondicionalmente a democracia direta instaurada durante o processo de greve.

O processo organizativo das assembléias, dos delegados eleitos, das comissões e das brigadas de piqueteros é um processo sem precedentes na história recente da USP e do Brasil. É exatamente esse caráter revolucionário que tanto assusta a imprensa burguesa que se esforça em desqualificar as assembléias e piquetes. Nenhum partido, nenhum sindicalista, nenhuma corrente consegue segurar ou manobrar o movimento; até mesmo a “massa silenciosa” vem sendo obrigada a se posicionar e participar do movimento. Na verdade, essa experiência de democracia direta é temida pelos porta-vozes da burocracia acadêmica porque justamente essa experiência permite que, pela primeira vez, a universidade não seja governada por uma minoria, segundo os interesses privados desta minoria, em favor do grande capital. São as assembléias, são os piquetes, é este estado de debate permanente, que permite que os rumos da universidade sejam traçados pela maioria ativa, segundo as necessidades desta maioria, em favor dela.

Quando a greve atinge esse estágio em que se instaura uma clara dualidade de poder na universidade, quando a greve ultrapassa os interesses corporativos deste ou daquele sindicalista, desta ou daquela corrente, sem dúvida, a importância da greve ultrapassa os limites da universidade e ganha uma dimensão nacional.

Assim, na luta que se trava não são mais apenas dois modelos de universidade em disputa. A permanência do choque e a continuidade do mandato da reitora assinalam o início de um tempo sombrio de avanço da repressão no Brasil, imposição de concepções fascistas de governo e de conduta e finalmente são um laboratório para a perseguição aberta a qualquer forma de contestação da sociedade burguesa e de sua “democracia” da minoria.

A derrubada da reitora e a conseqüente expulsão do pelotão de choque, por outro lado, abrem um novo capítulo na luta de classes no Brasil, são a confirmação de que a juventude não se entregará diante do fascismo crescente, são a afirmação contundente de que é possível impor duras derrotas ao grande capital e aos seus interesses, assinalam o ressurgimento da democracia direta, daquela democracia dos conselhos, das mãos levantadas, dos primeiros anos da Revolução Russa de outubro de 1917.

Impor à burocracia acadêmica esta derrota é impor uma derrota ao grande capital, aos políticos corruptos do planalto central, aos partidos políticos degenarados. É a possibilidade real da construção de uma nova direção revolucionária, é a prova mais do que clara de que uma nova onda se aproxima no horizonte da luta de classes e que esta tempestade presente apenas antecede um grande dilúvio futuro.

FONTE : http://www.movimentonn.org/noticia.php?id=1494

5 comentários:

  1. Aplausos, aplausos, aplausooos ( estou em pés)Gosto de ler os seus artigos. Hoje resolvi te buscar, Valeu a pena. Há uma verdade não escondida naquilo que escrever (e comcerteza pensa).Penso, sempre, que ainda há muito caminho íngreme e mil obstáculos a vencer...Democracia?
    Ando meio confusa.
    Abraços.

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  2. BOA NOITE GRANDE POETA!! este texto não é meu não!! Blogs também vivem do recorta e cola!!kkkk este texto é de um movimento de estdantes da USP!!
    (O RECORTA E COLA TAMNBÉM TÁ VALENDO E MUITO POR ESTAS BANDAS! desde que se diga a fonte!!é isto!!)]
    abração!! mande uma de suas poesias pra nós colarmos por aqui!! Nadia

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  3. NADIA, MUITO BEM ESCOLHIDO O TEXTO...PRECISAMOS CERTO CUIDADO COM A GRANDE IMPRENSA...O MELHOR É QUE CÂNDIDO E CHAUÍ CONDENARAM A REPRESSÃO DA POLÍCIA...TEM QUE SER AVALIADO O QUE ACONTECEU...SEMPRE COM VC...BEIJOS...

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  4. SSIIMMMMMMM GLÓRIA!! é muito bom ver os "intelectuais acadêmicos" deste tão elevado cacife!!... a TOMAR PARTIDO e ENTRAR NA "LUTA"!!
    EXTRAORDINÁRIO!! estão seguindo seu exemplo tão rotineiro não é GRANDE GLÓRIA!! abração
    (VOCÊ É A MAIS EXTRAORDINÁRIA!!! serei sua "fã" até a eternidade!!!rsrssss muitos beijões!!

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  5. Na eternidade faremos blogs,senão será tudo muito parado...rsrs...Vc ensina o pessoal...Comunicação é fundamental...rsrs...Beijos...

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