terça-feira, 16 de junho de 2009

Ataque da polícia só amplia greve contra Reitoria da USP

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Ataque da polícia só

amplia greve contra

Reitoria da USP

Publicado em 15.06.2009
por Conselho de Redação



A semana passada foi curta mas decisiva para dar um novo impulso ao movimento estudantil na USP. Após o ataque da tropa de choque ao ato de estudantes e funcionários, transformando a USP num campo de batalha por mais de uma hora, cresceu muito o repúdio à presença da PM no campus, a greve ganhou apoio de estudantes que se mantinham apáticos até a semana passada, fortaleceu-se o apoio no interior e mesmo entre os professores. A crise na USP ganhou dimensão nacional com espaço na televisão, nas capas dos principais jornais e portais de notícias do país. A reitora, cada vez mais frágil, tentou se justificar na imprensa e teve que declarar que não vai renunciar.

Tropa de choque ataca estudantes, professores e funcionários dentro da USP

Na terça-feira, dia 9, depois de uma semana de universidade sitiada, os estudantes e funcionários da USP, com apoio da Unesp e da Unicamp, fizeram em protesto um ato de fechamento do portão principal da cidade universitária. Depois de mais de uma hora bloqueando o portão e a avenida que passa em frente à USP, houve divergência sobre se o ato devia terminar ou se devia continuar com uma passeata nos arredores da USP e só então voltar à Reitoria. Apesar da maioria querer continuar, o carro de som puxou o retorno de uma parte do ato à Reitoria. Minutos depois, os estudantes que permaneciam no portão decidiram não dividir o ato seguindo sozinhos e retornaram também para dentro do campus.

Já dentro da USP, enquanto o segundo bloco da passeata retornava para encerrar o ato na Reitoria, um grupo pequeno de policiais se aproximou e provocou os manifestantes. Os estudantes avançaram em direção aos policiais gritando “Fora PM!”, tentando expulsá-los com as palavras-de-ordem. Os policiais recuaram e, acuados, chamaram reforço. Apesar de não ter havido violência nenhuma por parte dos estudantes, em pouco tempo chegou o choque, já atacando.

A tropa ganhou novos reforços rapidamente e avançou sobre os manifestantes com bombas de gás lacrimogêneo e de efeito moral, balas de borracha e cacetetes. Três manifestantes chegaram a ser presos arbitrariamente e só foram liberados no fim da noite.

Embora os estudantes e funcionários só recuassem, o pelotão avançou mais de 1 km sem parar de atirar, perseguindo-os até a Reitoria e, depois, em direção ao prédio da História e Geografia. Lá alguns professores tentaram mediar a situação e conversar com a polícia, mas também foram recebidos com bombas e spray de pimenta! A essa altura havia polícia e fumaça por toda parte e helicópteros da polícia sobrevoavam o campus. A última (ou única) vez em que uma agressão similar ocorreu dentro da USP foi provavelmente a invasão do CRUSP pelos tanques militares em 1968, no auge da ditadura, quatro dias após o AI-5!

Serra, que presidia a UNE em 1964 e fugiu do país logo após o golpe militar, declarou que “não houve excesso” na ação da PM, que ele considerou “normal”. Hoje ele diz isso como um verdadeiro ditador, mas sabemos que em 64 ele teria corrido por muito menos!

Cresce movimento pela derrubada da reitora!

Graças à ação truculenta da Reitoria, na semana retrasada a greve isolada dos funcionários tornou-se uma greve contra a polícia na universidade, ganhando apoio de estudantes e professores. Agora, graças ao ataque do choque, o apoio à greve se multiplicou e o que está em jogo é a cabeça da própria reitora.

Na mesma noite do ataque, os estudantes fecharam uma das principais avenidas do campus, onde realizaram assembléia com mais de mil presentes. Na assembléia, o DCE, que tem bloqueado a luta dos estudantes semana após semana, foi desmoralizado pelos gritos de “fora DCE” e perdeu a direção da mesa. A avenida passou a noite de terça e o dia seguinte inteiro bloqueada pelos estudantes.

Durante a quarta-feira, a resposta também foi clara. As aulas foram paralisadas em grande parte do campus. De manhã, a assembléia dos professores com mais de 400 presentes votou por unanimidade pela renúncia da reitora. Na FAU, assembléia com cerca de 300 estudantes decidiu pela greve. Em protesto contra a PM na USP, assembléias de estudantes e professores decidiram aderir à greve na Unicamp e, no campus de Assis da Unesp, uma assembléia conjunta dos dois segmentos também votou greve.

Muitos professores e até alguns diretores de faculdades da USP se posicionaram contra o ataque absurdo da tropa de choque, lembrando que a universidade não sofria tal violência desde a ditadura. Entre os estudantes, o repúdio à ação da PM foi total, mesmo entre os que não apoiavam a greve.

A possibilidade de derrubar a reitora está colocada, é a derrubada da reitora que conduz o movimento para a frente e, por isso mesmo, o movimento não deve se dispersar em outras pautas secundárias ou em reformismos, utopias e especulações sobre o que será colocado no lugar de Suely Vilela. É só a continuidade do movimento em torno da derrubada da reitora que pode fortalecer as formas de organização direta e construir o embrião de um novo poder.

Mais do que nunca os estudantes, funcionários e professores devem se unificar e gritar em coro:

Fora reitora!

Fora PM!

FONTE:http://www.transicao.org/noticia.php?id=1499

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