quarta-feira, 10 de maio de 2017

É CADA VEZ MAIOR A POSSIBILIDADE DO CAPITALISMO DAR UM DESFECHO TRÁGICO PARA A HUMANIDADE


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É CADA VEZ MAIOR A POSSIBILIDADE DO CAPITALISMO DAR UM DESFECHO TRÁGICO PARA A HUMANIDADE

A globalização, na prática, nada mais é que um malthusianismo moderno. Como nos diz o relatório Lugano, a redução da população dos indesejáveis é o “verdadeiro sentido da expressão 'desenvolvimento sustentável”.

Óbvio que  o petróleo não é usado apenas para se produzir combustível, mas para muitas outras coisas. Contudo, sabe-se que ele pode ser substituído como matéria prima das indústrias nas quais é usado por outros materiais, como óleo de cannabis. Mas infelizmente a base instalada da indústria petrolífera, ou seja, todo o capital que já foi gasto com a mesma, é essencial ao funcionamento do capitalismo. Não é apenas força de vontade que pode mudar esse quadro. O próprio sistema depende da indústria do petróleo. A única maneira de deter a dependência pelo ouro negro é mudando todo o sistema social. Imaginar que possa ser sustentável um sistema que se baseia na produção de lucro financeiro é pura ilusão de leftlibs hipsters que frequentam o Starbucks.
De qualquer forma, as mudanças climáticas já estão aí. Em Outubro de 2016 o Ártico estava 3 graus mais quente do que deveria estar. São Paulo, que já foi a terra da garoa, agora é a terra das estiagens seguidas de fortes tempestades. E como o Dr. Igor Semiletov já alertou, se apenas 5% dos gases presos no Permafrost escaparem, a coisa vai ficar feia para nós. Levando em conta que 40% da população do planeta já enfrenta escassez de água, que as devastações ambientais aumentaram os riscos de doenças e que as abelhas, essenciais à agricultura e ao equilíbrio ecológico, enfrentam um processo de extinção que os cientistas ainda não sabem explicar, percebemos que as expectativas não são muito animadoras para as próximas gerações (e nem para a nossa, para falar a verdade).
Mas quem vai herdar o planeta? Negros, pardos e árabes. Essa é a verdade. Os brancos, que se beneficiaram da destruição ambiental para seu conforto durante mais de 200 anos, não vão passar o perrengue futuro. A menos que algo muito improvável aconteça, como os brancos da Austrália (média hoje de 38 anos contando as minorias), EUA, Europa e Canadá (média hoje de 43 anos cotando as minorias) começarem a procriar como coelhos nos próximos anos, a perspectiva é de que até 2020 a população branca do mundo pare virtualmente de crescer e comece o processo de rápido desaparecimento. Hoje, a taxa de natalidade na Europa já é menor do que a de falecimentos. Além disso, há mais idosos com mais de 65 anos no continente do que jovens com menos de 14 anos. O mesmo já acontece com os brancos dos EUA. E o quadro de envelhecimento é muito pior para as mulheres. Na Rússia, a média de idade entre as mulheres é 6 anos maior do que a dos homens. Isso quer dizer que, virtualmente, mulheres no ápice do período fértil nos países de maioria branca já estão se tornando a minoria da população. Além disso, os casamentos interétnicos estão se tornando cada vez mais comuns nessas regiões e as minorias geralmente têm taxas de fertilidade maiores. Isso significa que aqueles considerados brancos fizeram a festa no mundo e quem vai herdar os problemas serão negros, pardos, árabes, indianos, etc. Isso é claro, se nada for feito.
E, para que os jovens de hoje não herdem um mundo em chamas, a única solução é a mudança em todo o sistema socioeconômico da Terra. Mudar de um sistema que obedece à lógica do dinheiro fazer mais dinheiro para um no qual o que importe é a produção daquilo essencial à vida.

O Relatório Lugano: a ficção real

O relatório Lugano, publicado na França em 1999 e lançado em português no Fórum Social de Porto Alegre em 2002, constitui um eloquente alerta para os efeitos excludentes da globalização atual: na ‘mesa do banquete”, países e grupos sociais crescentes deverão ser rapidamente excluídos a fim de que o capitalismo do século XXI sobreviva às suas cruciais e inerentes contradições; a atual crise do capitalismo internacional encaminha-se claramente para o que o livro aponta como inexorável – o extermínio progressivo dos excluídos. Como enfatizado por Laymert Garcia dos Santos, em sua apresentação à edição em português, a autora aponta com acuidade e clarividência a lógica da globalização – ou seja, a lógica do extermínio.” (PATARRA, 2003)
Tal relatório levanta questões urgentes a respeito da maneira pela qual o sistema em que vivemos trata dos considerados indesejáveis: aqueles que simplesmente não conseguem mais se inserir na economia de mercado e, dessa forma, não são nem vendedores de sua força de trabalho e nem consumidores de mercadorias. Essas pessoas são tratadas como um problema para o sistema social, e, dessa forma, passam a cada vez mais entrar na categoria de “matáveis”.
No Brasil, as ações das forças policiais nas favelas, habitadas por uma maioria negra e parda, são uma pequena mostra desse fato: assassinatos contra moradores das favelas não são punidos e a classe média aplaude. No nosso sistema, quem não pode ser vendedor e comprador de mercadorias, é, por definição, um não humano. E como aprendemos, a categoria de não humano está ligada à categoria de não branco. Por acaso seria coincidência que as maiores atrocidades nos EUA são cometidas contra negros e pardos? Por acaso seria coincidência que o Ocidente aqueça seu mercado de armas distribuindo-as na África e Oriente Médio para que o povo dessas regiões se mate depois do próprio Ocidente ter fomentado os conflitos nessas regiões?
A violência dos que se consideram brancos num mundo onde os pardos e negros estão se tornando a maioria vai ficar cada vez pior, pois o ódio gerado pelo medo por ver um mundo cada vez mais multicultural, como o que domina o coração de muitos brancos nos EUA, se mistura a um menor peso na consciência na hora de “limpar o terreno” daqueles que já não têm nenhum papel dentro das relações de mercado – nem para baixar os salários e enfraquecer os direitos trabalhistas daqueles que ainda conseguem vender sua força de trabalho. A tristeza é que o verdadeiro empoderamento dentro do nosso sistema só pode ser exercido com efetividade por quem tem o poder social dentro da carteira: o dinheiro. Uma coisa é a Beyonce, com seus milhões de dólares, cantando “All the Single Ladies” com um turbante na cabeça. Outra é uma menina negra e pobre tentando fazer isso. Empoderamento no sistema do mercado é dinheiro, é capacidade de consumo. O resto é conversa de quem acredita em capitalismo com rosto humano. Não digo que as minorias não devam lutar por representatividade, mas deve-se ter em conta que poder no sistema do mercado é poder de compra. Capacidade de negociar, de vender e comprar. Nem que seja vender a força de trabalho. Se nem isso alguém consegue, então tem poder nenhum e passa a ser uma vida que não merece ser vivida de acordo com as regras do sistema.

Beyonce cantando Single Ladies em um dos seus shows: uma coisa é falar de emponderamento tendo milhões de dólares na conta bancária, outra bem diferente é uma garota da periferia tentar fazer o mesmo.

Esse extermínio, claro, não se dá apenas ativamente. Ele também pode ser do tipo, “não mato, mas deixo morrer”. Por exemplo, o baixo nível de investimento em infraestrutura de saneamento básico e saúde em países periféricos ou nas áreas habitadas por negros e pardos nos países centrais. No Brasil, o Estado gasta 1/10 do que deveria em saneamento e as maiores vítimas são exatamente os moradores de regiões mais pobres. Não há preocupação das indústrias farmacêuticas em pesquisar curas para doenças de regiões pobres e o sexo sem proteção é estimulado na África para que o HIV possa se espalhar mais facilmente – o que tem o “efeito colateral” de aumentar a taxa de fertilidade, mas as crianças nascidas provavelmente estarão contaminadas por falta de atendimento necessário durante a gravidez. Há também as tais vacinas esterilizantes que seriam aplicadas em pessoas pobres, cuja existência ou não ainda é assunto de muita polêmica. De qualquer forma, pode-se estimular conflitos para que os “indesejáveis” sejam assassinados ou pode-se deixar que simplesmente morram por falta de cuidados. Essa é a premissa dessa ficção real escrita por Suzan George.
E, se observarmos bem, o neoliberalismo nada mais seria do que um malthusianismo moderno, no qual domina a ideia do “cada um por si, todos são inimigos de todos”. Nesse mundo, até mesmo alguns que antes eram considerados brancos estão perdendo esse status. Os pobres da Europa já são chamados de vagabundos naturais, sem qualquer tipo de salvação, burros por natureza, pesos mortos do continente, etc. Essa retirada do status de branco é direcionada principalmente aos europeus do Sul, como italianos e espanhóis sulistas, gregos, portugueses, romenos, franceses de regiões mais pobres etc, porém, até mesmo os quase transparentes irlandeses estão tendo seu status de branco revogado, sendo novamente considerados a “privada da Inglaterra” conforme sua dívida se torna mais impagável. Dessa forma, podemos dizer que o malthusianismo está vivo e ganhando força. Como nos diz o relatório Lugano, a redução da população dos indesejáveis é o “verdadeiro sentido da expressão ‘desenvolvimento sustentável”.
Referências
• Multiciência – O Relatório Lugano (PDF)
• New Republic – Five Charts That Show Why a Post-White America Is Already Here• The Economist – The young continent• Revista Continentes – O Antropoceno como fetichismo (PDF)
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É cada vez maior a possibilidade do Capitalismo dar um desfecho trágico para a humanidade
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