Para Não Esquecer: Deputados
Escravocratas
Carlos Alberto
Lungarzo
Prof. Tit. (r) Univ. Est. Campinas, SP, Br.
24 de maio
de 2012
Ontem, a Câmara Federal aprovou em
segundo turno, por 360 votos a favor,
29 contra e 25 abstenções, a Proposta de Emenda à Constituição que estabelece o
confisco das propriedades urbanas e rurais onde se exerça o trabalho escravo.
(Veja um artigo meu com maiores detalhes, aqui)
Os Que Não Apoiaram
Ao longo da história, até pessoas conservadoras
foram incapazes de defender a escravidão. Apesar do racismo e o classismo que
foram valores essenciais na fundação dos EEUU, vários dos próceres americanos,
embora incapazes de libertar seus escravos, deixaram testamentos para que seus
herdeiros o fizessem.
O fato de que 54 membros da Câmara
Federal se manifestaram contra a PEC
ou, então, evitassem apoiá-la, é um fato de desproporcional primitivismo, mais
de um século e meio depois que os EEUU lutassem a pior guerra de sua história
para eliminar aquela mazela.
Por sinal, no dia de hoje, a ONG Anistia Internacional manifestou sua
satisfação sobre o resultado da votação, mas advertiu sobre o risco de que o
conceito de “escravidão” seja deformado pela lei brasileira, de modo que
imputar alguém a comissão desse crime se torne difícil. Com efeito, a brutal
oligarquia rural, formada por chefes de jagunços dos quais a maioria da
sociedade é refém, encontram-se contrariados pelo resultado.
Não pode esquecer-se, também, que os
ruralistas formam em quase toda a América Latina (salvo 3 exceções) uma casta
paralela ao estado, que se apoia na corrupção de políticos e policiais. Assim
sendo, o crime de submeter a trabalho
escravo não é um crime comum (muito
menos, político), mas um típico crime
contra a humanidade, aliás, o mais grave de todos após o de genocídio. Por
sinal, a escravidão envolve quase sempre formas diretas ou indiretas de
tortura. Assim, o trabalho escravo inclui
quase todas as violações aos direitos humanos e, como tal, esse crime deveria ser punido da mesma forma que o homicídio
qualificado.
Apesar desta obviedade, as leis
brasileiras punem esta aberração como se fosse uma briga de rua e, como se isso
não bastasse, as condenações se reduzem a simples multas.
A definição de trabalho escravo deve contemplar também a forma de redução à
situação de escravo. Já os senhores feudais dos trópicos se preparam para
proteger seu sistema de servidão com diversos pretextos legais. Com efeito,
dificilmente, algum dos escravocratas brasileiros “compra” seus escravos no
mercado, como se fazia na Roma Antiga. Por isso, é fundamental considerar trabalho escravo qualquer forma de
relação trabalhista que implique qualquer
forma de coação ou de intimidação.
Devemos lembrar, finalmente, que
quase uma centena de deputados esteve ausente. Não sei se esse tamanho do
ausências é normal, mas, de qualquer maneira, é possível que alguns dos
ausentes fosse também oposto ou indiferente à importantíssima votação.
Por tudo isso, devemos estar alertas,
especialmente em relação com os parlamentares que são definidamente
escravistas.
Descarto que algum leitor deste blog
vote em algum desses legisladores, mas devemos lembrar que muitas pessoas não
conhecem os nomes destes deputados nem os identificam pelo rosto. De
fato, eles são simples mercadores que usam a representação pública para
manipular o estado em seu benefício, e conseguem se eleger com métodos
diversos, desde compra de votos, chantagens até ameaças.
Por tanto, é um dever de todos os que pretendem viver numa
sociedade civilizada, divulgar os nomes e fotos destes parlamentares de todas
as formas possíveis, e explicar a seus familiares e relações a necessidade de boicotá-los.
Quando aos que se abstiveram, é necessário pelo menos tê-los em conta. Alguém
pode dizer que eles não provam, com sua abstenção, que sejam pró-escravidão.
Pode ser que simplesmente não tenham clareza sobre o assunto. Ahhh.... então é
isso? Bom, se for assim, devemos ser cordiais com eles. E sendo que eles se
abstiveram de votar na PEC, os cidadãos brasileiros (eu, infelizmente, não
voto) devem imitá-los: abstenham-se
de votar neles!
Os Donos do Chicote
Quando você deva votar, é bom que lembra os que se
opõem à punição do trabalho escravo.
NOME
|
ESTADO
|
|
DEMOCRATAS (DEM)
|
||
Abelardo Lupion
|
Paraná
(PR)
|
|
Lira Maia
|
Pará (PA)
|
|
Luiz Carlos
Setim
|
PR
|
|
Paulo Cesar
Quartiero
|
Roraima (RR)
|
|
Ronaldo Caiado
|
Goiás (GO)
|
|
PARTIDO DEMOCRÁTICO DOS
TRABALHADORES (PDT)
|
||
Giovanni
Queiroz
|
PA
|
|
PARTIDO HUMANISTA DA SOLIDARIEDADE (PHS)
Foi fundado em 1996 e possui um único deputado, pertencente ao estado
de Minas Gerais. Este partido defende o que ele chama o “distributivismo”
cristão, e é um dos que imitam as democracias cristãs e outras correntes
neofascistas.
|
||
José Humberto
|
Minhas Gerais (MG)
|
|
PMDB
|
||
Alceu Moreira
|
Rio
Grande do Sul (RS)
|
|
André Zacharow
|
PR
|
|
Antônio Andrade
|
MG
|
|
Edio Lopes
|
RR
|
|
Júnior Coimbra
|
Tocantins
(TO)
|
|
Marinha Raupp
|
Rondônia
(RO)
|
|
Valdir Colatto
|
Santa Catarina (SC)
|
|
PARTIDO PROGRESSISTA (PP)
É o herdeiro mais direto do partido da
ditadura militar conhecido como ARENA, e apoia as candidaturas mais afinadas
com o golpismo, a tortura, a violência, a homofobia, etc.
|
||
Beto Mansur
|
São
Paulo (SP)
|
|
Carlos Magno
|
RO
|
|
Luis Carlos
Heinze
|
RS
|
|
Nelson Meurer
|
PR
|
|
PARTIDO DA REPÚBLICA (PR)
Fundado em 2006 como união de partidos
pequenos que não tinham cabida na lei eleitoral, representa um dos setores
mais corruptos e mercenários da direita.
|
||
Bernardo
Santana de Vasconcellos
|
MG
|
|
PARTIDO SOCIAL CRISTÃO (PSC)
É uma coalizão de partidos oportunistas,
onde predominam os exploradores da ingenuidade pública e as igrejas que sugam
a economia popular. Serviu de base à candidatura de Collor, e apoiou um dos
mais grotescos políticos do país, que fora governador do RJ.
|
||
Nelson Padovani
|
PR
|
|
PARTIDO SOCIAL DEMOCRÁTICO (PSD)
Foi fundado em 2011 pelo prefeito de São
Paulo, reunindo os elementos mais atrasados dos outros partidos de direita,
incluindo ruralistas, pró-golpistas, neoliberais e similares.
|
||
Eduardo Sciarra
|
PR
|
|
Francisco Araujo
|
RR
|
|
Guilherme Campos
|
SP
|
|
Homero Pereira
|
MT
|
|
Irajá Abreu
|
TO
|
|
Marcos Montes
|
MG
|
|
Raul Lima
|
RR
|
|
PARTIDO
SOCIAL DEMOCRATA BRASILEIRO (PSDB)
“Tucanos”
|
||
Berinho Bantim
|
RR
|
|
PARTIDO TRABALHISTA BRASILEIRO (PTB)
|
||
Nelson
Marquezelli
|
SP
|
|
Os Tímidos
Durante a campanha pela PEC 438, foi exercida
uma enorme pressão por parte de muitos segmentos da sociedade, especialmente
artistas e intelectuais famosos, que influíram sobre seu público. Aliás, para
os políticos que não têm um total desprezo pela imagem do país e de suas
instituições, rejeitar essa proposta era demasiado cinismo. Portanto, vários se
abstiveram. É possível que nem sempre a abstenção seja um não disfarçado, mas o assunto era muito óbvio para que alguém
possuidor de uma dúzia de neurônios pudesse ter legítimas hesitações.
Por via das dúvidas, os deputados com
conflitos existenciais são estes:
DEMOCRATAS
Jairo Ataide, MG
PMDB
Asdrubal Bentes, PA
Carlos Bezerra, MT
Eduardo Cunha, RJ
Genecias Noronha, CE
João Magalhães, MG
Joaquim Beltrão, AL
Washington Reis, RJ
Wilson Filho, PB
PARTIDO PROGRESSISTA
Lázaro Botelho, TO
João Carlos Bacelar, BA
Wellington Fagundes, MT
PSC
Zequinha Marinho, PA
PSD
Diego Andrade, MG
Eliene Lima, MT
Hélio Santos, MA
Junji Abe, SP
Moreira Mendes, RO
Júlio Cesar, PI
Onofre Santo Agostini, SC
Ricardo Izar, SP
PSDB
Carlos Brandão, MA
PTB
Jovair Arantes, GO
Magda Mofatto, GO
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