DITADURA - POR FAUSTO BRIGNOL DE SEU BLOG
No
início, acreditava-se que era um golpe parlamentar apoiado pelo $TF a atestar
que o sistema não funciona a não ser que os três poderes que deveriam ser
harmônicos e independentes se harmonizem sob um único pensamento político e
percam a sua independência, o que configura ditadura. Acreditava-se que o golpe
era algo passageiro, uma vez que não havia soldados e tanques nas ruas e não
fora um general a tomar o poder, mas uma quadrilha liderada por um traidor,
tendo a apoiá-la todas as maçonarias do império. Sonhava-se ingenuamente que os
generais tomados por súbito espírito republicano, na omissão do Judiciário
correriam e deporiam o usurpador, logo a seguir retirando-se para os quartéis,
assim como aconteceu em Portugal, em 1975.
Outros
propõem eleições gerais, acreditando que isso irá limpar o golpe de suas
sujeiras, ingenuamente apoiando os golpistas a retirar do poder a presidente
eleita legitimamente. E há aqueles que imaginam que o golpe tem prazo de
validade, devendo extinguir-se quando da nova votação sobre o impedimento de
Dilma, no Senado, momento em que a presidente, após muitos acordos e conchavos
secretos, obterá o número necessário de votos para poder voltar a governar,
refém de condições golpistas previamente estabelecidas.
Enquanto
isso, o golpe continua, transformando-se gradativamente em ditadura. Os
soldados foram substituídos por uma polícia fortemente armada e encarregada da repressão,
das prisões inconstitucionais e dos cuidados ao governo formado por corruptos e
ladrões. Nos golpes de Estado modernos em países onde o povo se mobiliza apenas
para assistir partidas de futebol, prescinde-se do aparato militar tradicional.
Basta a polícia para sufocar pequenas manifestações de movimentos que a cada
dia diminuem, com grande parte de seus membros preferindo assistir novelas
pasteurizadas.
Retiram-se
os direitos sociais e o que acontece? Alguns deputados e senadores, muito
interessados em obter votos para a sua reeleição, esbravejam nos microfones do
Congresso Nacional; líderes de movimentos sindicais e afins mostram-se furiosos
defensores do povo; partidos de “esquerda” com mínima penetração nas camadas
populares condenam o golpe e colocam grandes artigos interpretativos da
realidade nacional nos seus sites oficiais; blogueiros fazem piadas sobre a
cara feia do Temer, o nariz do Aécio, a mulher do Cunha, a amante do FHC ou o
entreguismo convicto do Serra. Tudo isso com resultado nulo. Golpe que se preza
não se deixa assustar com gritos ou anedotas, além do quê os gritos são poucos,
esparsos e repetitivos e caso se tornem mais fortes a robotizada polícia saberá
o que fazer.
Não
estamos na França, em Portugal, na Grécia, na Espanha, ou, mesmo, na Argentina,
Chile, Peru, onde o povo sai às ruas dia e noite e não desiste após levar
alguns jatos d’água e balas de borracha. Aqui, o povo é bom e pacato e faz
manifestações com dia e hora marcados na internet. E depois se cala por um mês
ou mais para dar espaço às tramas dos golpistas, que planejam entregar o país,
que seria dos nossos filhos, para seus próprios filhos e afilhados nascidos em
outros países. Muitos não gostam da palavra, mas o nome do que está acontecendo
é ditadura.