sábado, 30 de julho de 2016

DITADURA - POR FAUSTO BRIGNOL



DITADURA - POR FAUSTO BRIGNOL DE SEU BLOG 



No início, acreditava-se que era um golpe parlamentar apoiado pelo $TF a atestar que o sistema não funciona a não ser que os três poderes que deveriam ser harmônicos e independentes se harmonizem sob um único pensamento político e percam a sua independência, o que configura ditadura. Acreditava-se que o golpe era algo passageiro, uma vez que não havia soldados e tanques nas ruas e não fora um general a tomar o poder, mas uma quadrilha liderada por um traidor, tendo a apoiá-la todas as maçonarias do império. Sonhava-se ingenuamente que os generais tomados por súbito espírito republicano, na omissão do Judiciário correriam e deporiam o usurpador, logo a seguir retirando-se para os quartéis, assim como aconteceu em Portugal, em 1975. 
   Outros propõem eleições gerais, acreditando que isso irá limpar o golpe de suas sujeiras, ingenuamente apoiando os golpistas a retirar do poder a presidente eleita legitimamente. E há aqueles que imaginam que o golpe tem prazo de validade, devendo extinguir-se quando da nova votação sobre o impedimento de Dilma, no Senado, momento em que a presidente, após muitos acordos e conchavos secretos, obterá o número necessário de votos para poder voltar a governar, refém de condições golpistas previamente estabelecidas. 
   Enquanto isso, o golpe continua, transformando-se gradativamente em ditadura. Os soldados foram substituídos por uma polícia fortemente armada e encarregada da repressão, das prisões inconstitucionais e dos cuidados ao governo formado por corruptos e ladrões. Nos golpes de Estado modernos em países onde o povo se mobiliza apenas para assistir partidas de futebol, prescinde-se do aparato militar tradicional. Basta a polícia para sufocar pequenas manifestações de movimentos que a cada dia diminuem, com grande parte de seus membros preferindo assistir novelas pasteurizadas. 
   Retiram-se os direitos sociais e o que acontece? Alguns deputados e senadores, muito interessados em obter votos para a sua reeleição, esbravejam nos microfones do Congresso Nacional; líderes de movimentos sindicais e afins mostram-se furiosos defensores do povo; partidos de “esquerda” com mínima penetração nas camadas populares condenam o golpe e colocam grandes artigos interpretativos da realidade nacional nos seus sites oficiais; blogueiros fazem piadas sobre a cara feia do Temer, o nariz do Aécio, a mulher do Cunha, a amante do FHC ou o entreguismo convicto do Serra. Tudo isso com resultado nulo. Golpe que se preza não se deixa assustar com gritos ou anedotas, além do quê os gritos são poucos, esparsos e repetitivos e caso se tornem mais fortes a robotizada polícia saberá o que fazer. 
    Não estamos na França, em Portugal, na Grécia, na Espanha, ou, mesmo, na Argentina, Chile, Peru, onde o povo sai às ruas dia e noite e não desiste após levar alguns jatos d’água e balas de borracha. Aqui, o povo é bom e pacato e faz manifestações com dia e hora marcados na internet. E depois se cala por um mês ou mais para dar espaço às tramas dos golpistas, que planejam entregar o país, que seria dos nossos filhos, para seus próprios filhos e afilhados nascidos em outros países. Muitos não gostam da palavra, mas o nome do que está acontecendo é ditadura.
INÍCIO 

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