Petição por Paraguai
Carlos Alberto
Lungarzo
Prof. Tit. (r) Univ. Est. Campinas, SP, Br.
6 de julho
de 2012
Acabo
de tomar conhecimento através de Fernanda Tardin, editora do blog Todos Juntos Somos Fortes, de que foi
aberta na Internet uma petição contra o golpe branco acontecido em Paraguai,
cujas principais palavras de ordem são:
·
Por sanções enérgicas
contra o governo golpista do Paraguai!
·
Pela suspensão das
exportações paraguaias pelo porto de Paranaguá!
·
Pelo fim da ocupação do
Paraguai por latifundiários brasileiros!
A fundamentação da petição é
detalhada, precisa e bem informada e pode ser vista neste endereço:
Se você concorda com o espírito
democrático e antigolpista da petição e de seu senso de apoio ao povo paraguaio,
clique em assinar e preencha
o formulário.
Apoiar a resistência ao golpe é uma
necessidade para que o Paraguai não perca os frágeis progressos conseguidos
desde o fim das ditaduras. O país é pequeno e, desde que fora invadido pela
Argentina, pelo Brasil e pelo Uruguai (que foi arrastado pelas duas “potências”
da região), nunca mais conseguiu ter uma vida normal, nem mesmo como país pobre
e dependente.
A Bolívia, o Equador e os pequenos
países da América Central e do Caribe conseguiram consolidar parcialmente suas
forças de esquerda, e livrar uma luta permanente contra as agressões de suas
elites e dos EEUU, tendo conseguido hoje uma paz precária porém estável. Já o Paraguai
foi sempre dominado por ditaduras brutais, dirigido como um estado patrimonial,
e orientado pela comunidade de imigrantes nazistas recebidos em 1946, que se
combinam com os latifundiários e feitores brasileiros e alguns argentinos.
Nenhum outro país no Continente foi
reduzido a uma simples “fazenda” de seus vizinhos como foi o Paraguai. Também
não convencem as afirmações de Lugo, segundo o qual, não haveria no país uma base
americana. O assunto continua sendo um mistério, mas há alguns indícios
de que essa base existe.
Manipulado alternadamente ou conjuntamente
pela Argentina e o Brasil, o Paraguai teve seus direitos totalmente embargados
pelos dois módicos imperialismos sul americanos, que estrangularam qualquer
possibilidade de crescimento e democracia. Nenhum país das Américas está tão
indefenso e isolado do cenário internacional como o Paraguai.
A indiferença do governo Brasileiro e
a simulada preocupação do governo Argentino mostram que o pequeno país ficará
novamente abandonado. É verdade que o Brasil e a Argentina estão receosos de
que o invento do golpe possa ser imitado em seus estados.
Por sinal, já os chacais da oposição
brasileira lançaram comunicados condenando o governo por não entender a
diferença entre “golpe” e “processo constitucional”. Eles devem ter pensado: “temos
que adaptar este exemplo às dimensões do Brasil”. Algo análogo aconteceu na
Argentina.
Mas, ambos os governos sabem que são
suficientemente fortes, e que seria difícil uma ação similar sem uma ativa
participação dos milicos.
Alguém no governo Argentino sugeriu sanções
(um funcionário de 1º ou 2º escalão), mas foi rapidamente silenciado. A
cúpula do governo disse que as “sanções prejudicavam o povo”.
O mesmo argumento é usado por Itamaraty
desde a época do império. Em 1962, o Brasil se absteve durante a votação da AG
da ONU para condenar a segregação na África do Sul. Argentina vendeu armas e
equipamentos aos racistas.
A oposição às sanções é um sujo e cínico argumento para manter as
ditaduras, sob o pretexto de que boicotes ou embargos prejudicariam o povo e não o governo.
Em realidade, os países subimperialistas
preferem ditaduras ou governos instáveis porque são mais fáceis de manipular.
Ninguém ignora o papel que os ruralistas brasileiros têm nas provocações contra
o governo Boliviano, nem o papel fundamental que tiveram no recente golpe no
Paraguai. A forma em que as gangues políticas de Paraná receberam os golpistas
de braços abertos é mais do que evidente.
As sanções contra Paraguai não
prejudicariam o povo. Não se propõe um embargo criminoso como o dos EEUU contra
Cuba, mas um embargo seletivo que afete os bens de capital, as contas
transferíveis, e os suprimentos em armas e indústria pesada. Por sua vez, se
estas hipócritas lamentações de ambos os gigantes da região fossem verdadeiras,
o povo Paraguaio poderia ser ajudado com doações de alimentos e remédios
viabilizadas através da ONU, coisa que seus vizinhos não fazem.
Deve sancionar-se o grupo golpista, denunciar os colonos
brasileiros e argentinos no Paraguai, e exigir ações dos organismos regionais e
internacionais.
Trata-se de evitar golpes que podem
vulnerar governos progressistas como o da Bolívia e do Equador, cuja capacidade
defensiva é menor que a do Brasil e da Argentina.
O apoio à democracia no Paraguai e o
repúdio ao golpe não significa aderir à política de Fernando Lugo. Por sua
fraqueza, sua falta de objetivos e seu fervor mítico pela dita “teologia da
libertação”, tem permitido o crescimento da repressão e não tem procurado
desarticular a direita, como tentaram fazer, com relativo sucesso, Evo Morales
e Rafael Correa.
Mas, Lugo foi o primeiro presidente
democrático naquele sofrido país, e seu mandato devia ser respeitado até seu
esgotamento constitucional.
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