Bashar al Assad: a mesma carranca... |
O ditador sírio Bashar al Assad esmera-se em imitar, detalhe por detalhe, o carniceiro chileno Augusto Pinochet: seu regime genocida não só liquidou o Victor Jara do seu país, como está despejando presos políticos em estádios de futebol.
Compositor e cantor de músicas que combinavam ritmos folclóricos com mensagens de protesto, Jara lembrava muito o nosso Geraldo Vandré, também assassinado por uma ditadura bestial, embora por outros meios: dele só exterminaram a alma, deixando o corpo a perambular como zumbi.
Já do expoente máximo da Nueva Canción Chilena os militares ensandecidos tiraram também a vida.
O pinochetazzo o surpreendeu na universidade, sendo lá sequestrado pelas tropas golpistas, juntamente com outros alunos e professores.
Levaram-no ao Estádio Chile (não confundir com o Estádio Nacional do Chile), onde eram amontoados os seguidores do presidente legítimo Salvador Allende. Uma boa idéia dos horrores que lá tiveram lugar é dada no filme O Desaparecido - um grande mistério (d. Costa Gravas, 1982), cujas sequências mais chocantes são as que mostram as pilhas de cadáveres dos cidadãos executados pelos fascistas.
A versão mais difundida da morte de Jara é a que aparece em outro filme, Chove Sobre Santiago (1976), do chileno Helvio Soto: ele é desafiado a cantar para seu público, reunido nas arquibancadas do estádio sinistro -- e o faz. Então, os verdugos o espancam até a morte.
Seu corpo foi exumado em 2009, quando ficou comprovado que realmente esmagaram-lhe as mãos a coronhadas.
Teve seus restos mortais atirados num matagal de beira de estrada, mas acabaram sendo encontrados e levados à câmara mortuária. Depois que a esposa o identificou, foi enterrado no Cemitério Geral de Santiago.
Teve seus restos mortais atirados num matagal de beira de estrada, mas acabaram sendo encontrados e levados à câmara mortuária. Depois que a esposa o identificou, foi enterrado no Cemitério Geral de Santiago.
...e a mesma bestialidade de Pinochet. |
Enfim, tratou-se de um destino bem semelhante ao que acaba de ter o músico sírio responsável pelo hino das manifestações contra a tirania do seu país -- cujo título, numa tradução livre, seria 'Pede pra sair, Basher'.
O cadáver do autor da canção, Ibrahim Qashoush, apareceu boiando num rio, no início do mês passado.
Agora, chega a notícia de que as tropas do ditador sírio estão invadindo casas num distrito sunita do porto de Latakia, prendendo pessoas às centenas e as levando para os estádios da Cidade Esportiva de al-Raml, sede dos Jogos Mediterrâneos na década de 1980.
"Os estádios da Cidade Esportiva estão servindo de abrigo para refugiados, para impedir que eles fujam de Latakia e, tal qual vimos em outras cidades atacadas, também como um centro de detenção", disse o diretor do observatório Rami Abdelrahman à agência Reuters.
Os relatos de torturas provêm de todos os lados. Só não foram confirmadas, por enquanto, execuções nos estádios-masmorras.
É só o que falta para Bashar al Assad igualar-se a Pinochet em tudo e por tudo.
Quanto à presidente Dilma Rousseff, o que falta é ela confirmar a alardeada priorização dos direitos humanos, repudiando a ditadura síria com a mesma firmeza adotada em relação à congênere iraniana.
Afinal, para quem é ou foi revolucionário(a), não importa o sexo da vítima ou se a forma de execução é particularmente cruel (caso do apedrejamento). Temos o dever moral de nos posicionar contra as matanças, a barbárie e o despotismo em si mesmos, sob quaisquer circunstâncias e independentemente das conveniências econômicas.
Afinal, para quem é ou foi revolucionário(a), não importa o sexo da vítima ou se a forma de execução é particularmente cruel (caso do apedrejamento). Temos o dever moral de nos posicionar contra as matanças, a barbárie e o despotismo em si mesmos, sob quaisquer circunstâncias e independentemente das conveniências econômicas.
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