Para quem não se lembra, tal relatório é extremamente contundente quanto às responsabilidades de Israel.
Segundo o documento, a ofensiva de Israel foi direcionada contra "o povo de Gaza em conjunto", configurando "uma política de castigo".
Mais: "Israel não adotou as precauções requeridas pelo direito internacional para limitar o número de civis mortos ou feridos nem os danos materiais".
Portanto, o estado judeu "cometeu crimes de guerra e, possivelmente, contra a humanidade".
A missão de investigação da ONU analisou 36 episódios ocorridos em Gaza, entre eles "alguns nos quais as forças armadas israelenses lançaram ataques diretos contra civis, com consequências letais".
Pior ainda, os militares judeus incorreram exatamente nas mesmas práticas que seu povo tanto deplorava nos nazistas: "Outros incidentes que detalhamos se referem ao emprego pelas forças israelenses de escudos humanos, em violação de uma sentença anterior do Tribunal Supremo israelense que proibiu essa conduta".
Embora recriminando secundariamente o Hamas, a missão constatou a extrema desproporção entre os ataques sofridos por Israel e a forma avassaladora como reagiu. Foi o que o juiz Goldstone explicou à imprensa, quando divulgou o relatório, no final de setembro:
"O ataque contra a única fábrica que seguia produzindo farinha, a destruição da maior parte da produção de ovos em Gaza, a destruição com escavadeiras de enormes superfícies de terra agrícola e o bombardeio de 200 fábricas, não podem ser justificados de nenhuma maneira com razões militares. Esses ataques não tiveram nada a ver com o disparo de foguetes e morteiros contra Israel".A missão recomendou, ainda, à Assembleia Geral da ONU que promovesse uma discussão urgente sobre o emprego do fósforo branco, usado indiscriminadamente pelos israelenses contra a população civil de Gaza. A utilização militar do fósforo branco é proibida tanto pela Convenção de Genebra quanto pela Convenção de Armas Químicas.
ATÉ ALIADOS PEDEM A ISRAEL QUE APURE MATANÇAS
O fato de um relatório tão incisivo quanto este obter a aprovação da ONU é um indício seguro de que a rejeição universal aos massacres israelenses está causando constrangimentos até mesmo aos aliados tradicionais do estado judeu: estes não só deixaram de empenhar-se seriamente em impedir a aprovação do documento, como estão pressionando Israel a investigar as matanças e punir os culpados.
Eis os principais trechos da notícia da Folha OnLine:
Eis os principais trechos da notícia da Folha OnLine:
"O Conselho de Direitos Humanos da ONU aprovou nesta sexta-feira o Relatório Goldstone que condena Israel e o movimento islâmico palestino Hamas por crimes de guerra durante a ofensiva israelense iniciada no ano passado contra a faixa de Gaza.
"O relatório Goldstone (...) apontou a ocorrência de crimes de guerra por parte de Israel e do Hamas durante os 23 dias da operação que causou a morte de 1.400 palestinos, em sua maioria civis, segundo informações de hospitais locais e de ONGs israelenses, palestinas e internacionais.
"Segundo o Centro Palestino de Direitos Humanos, a operação deixou 1.434 palestinos mortos -- incluindo 960 civis, 239 policiais e 235 militantes. Já as Forças de Defesa israelenses admitiram ter matado 1.370 pessoas, incluindo 309 civis inocentes, entre eles 189 crianças e jovens com menos de 15 anos".
"O relatório (...) afirma que Israel fez uso desproporcional da força e violou o direito humanitário internacional. O texto porém pondera que o lançamento de foguetes pelos insurgentes palestinos -- que motivaram a operação, segundo o governo de Israel-- também configura crime de guerra.
"O relatório recomenda ainda que o Conselho de Direitos Humanos da ONU exija que os dois lados investiguem suas atuações, sob a ameaça de transferir o caso ao Tribunal Penal Internacional (TPI).
"Tanto Israel quanto Hamas rejeitam as acusações do relatório, que é mais crítico aos israelenses que aos palestinos.
"Em uma reunião especial do Conselho de Segurança da ONU nesta semana, aliados ocidentais de Israel pressionaram nesta quarta-feira o país a investigar as acusações do relatório Goldstone sobre crimes de guerra ocorridos durante a ofensiva (...) na faixa de Gaza. Israel, que esperava o apoio dos Estados Unidos contra o documento, disse que o relatório é uma perda de tempo para o conselho.
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