Felicidade
Feliz do que foi sempre desgraçado,
E só viu, na existência, a desventura,
Pois, este, nem por sonhos, conjetura
No que consiste ser-se afortunado.
Se não teve prazeres no passado,
Reviver o passado não procura;
Que a vida é sempre má se lhe afigura.
E, sem consolo, vive consolado.
Triste é os tempos vividos, venturosos,
Comparar às agruras do presente;
Que mágoas só as tem quem teve gozos.
O mal é nada mais que o bem perdido;
Não dói tanto a desdita permanente
Como o não ser feliz, já o tendo sido.
Bastos Tigre
(e Rembrandt)
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