terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Bastos Tigre e Rembrandt

Felicidade

Feliz do que foi sempre desgraçado,
E só viu, na existência, a desventura,
Pois, este, nem por sonhos, conjetura
No que consiste ser-se afortunado.

Se não teve prazeres no passado,
Reviver o passado não procura;
Que a vida é sempre má se lhe afigura.
E, sem consolo, vive consolado.

Triste é os tempos vividos, venturosos,
Comparar às agruras do presente;
Que mágoas só as tem quem teve gozos.

O mal é nada mais que o bem perdido;
Não dói tanto a desdita permanente
Como o não ser feliz, já o tendo sido.

Bastos Tigre
(e Rembrandt)

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