Coletivo Democracia Corinthiana
101 ANOS DO MARTÍRIO DA PEQUENA COMPANHEIRA EDOARDA BINDO
Por Coletivo Democracia Corinthiana
São Paulo, inverno de 1917. A elite de tradição cafeeira agora enriquece com a indústria. Para isso, explora cruelmente a mão de obra.
As jornadas de trabalho são de até 14 horas. Homens, mulheres e mesmo crianças labutam até a exaustão. Não há hora de almoço, seguro médico, tampouco férias.
Há quem perca os dedos na máquina. As mulheres desesperam-se do cabelo engolido nas engrenagens. Outros simplesmente prostram-se no chão de fábrica, exauridos, mal alimentados e doentes.
O salário é de fome, porque a sociedade produtiva de São Paulo teima em manter o sistema escravagista. Arranca-se a máxima valia do trabalhador.
O negro segue a sina, ainda marginalizado, movendo músculos por quase nada. Os imigrantes italianos, portugueses e espanhóis são enquadrados no modelo da senzala.
No balcão, com a guerra na Europa e ganância local, os preços são cada vez mais elevados. O dinheiro do pobre não vale nada.
Se é para despertar consciências, os anarquistas dedicam-se dia e noite à missão. No Bom Retiro, no Brás, no Belém, na Lapa.
As companheiras, tantas mães e irmãs batalhadoras, suportam o exagero de encargos nas tecelagens. E são elas, também, agora, a reclamar um futuro para seus filhos.
Então, começa a explodir o descontentamento. É frio na cidade. O sangue dos injustiçados ferve.
A força coercitiva da lei, a PM da época, é destacada para reprimir o legítimo direito de manifestação do povo. É violência extrema, o bastão, a ferradura do cavalo, a arma de fogo covarde.
Os fardados imolam o jovem sapateiro José Martinez. A gente indignada conduz seu esquife desde o Brás até o cemitério do Araçá.
Mas não se resume aí a história. Morrem muitos outros. Nestes 101 anos da Greve Geral, redescobrimos que também caiu, por exemplo, Nicola Salerno, que nem operário era, mas somava nas ruas com os irmãos insurretos.
Enfim, ali na borda da Leste, no Brás multicultural e resistente, as nossas mulheres erguem barricadas nas ruas. São valentes, determinadas e corajosas.
Uma delas, esposa de Primo Bindo, é seguida pela filha, a menina bonita, inquieta, preocupada com a sorte da mãe.
Edoarda Bindo tem 12 anos de idade, viço, perfume de alfazema e sonhos, que são subitamente roubados pela bala assassina da Força Pública.
Tomba. Sangra. Cobre-se logo das lágrimas destas senhoras e senhoritas que não reconhecem o óbito, que reclamam alto da desdita.
A bela Edoarda vai também ao Araçá, enquanto a classe dos rebeldes toma a cidade, interrompe a produção e impõe uma derrota histórica aos tubarões do capital.
Ali, nossa menina corajosa permanecerá em resguardo imóvel, oculta, em retiro, primeiro chorada e, depois, lentamente esquecida.
Será uma morte longa, secular, dura, que fará apagar-se seu nominho e, na sequência, desaparecer sua sepultura simples.
Mas, então, como nada é para sempre, reviverá. Será pelas linhas do militante, pesquisador e ex-senador italiano José Luiz Del Roio, no livro lançado 100 anos depois "A greve de 1917 – os trabalhadores entram em cena".
Finalmente resgatada da sombra da história, Edoarda volta para nós. É menina-jovem que retorna à avenida dos acontecimentos.
É protagonista. Na arte evocativa abaixo, apenas sugerida e imaginada, sorri para os justos de alma e coração.
Abraço grande em você, pequena e valente companheira!
Edoarda Bindo, presente!
101 ANOS DO MARTÍRIO DA PEQUENA COMPANHEIRA EDOARDA BINDO
Por Coletivo Democracia Corinthiana
São Paulo, inverno de 1917. A elite de tradição cafeeira agora enriquece com a indústria. Para isso, explora cruelmente a mão de obra.
As jornadas de trabalho são de até 14 horas. Homens, mulheres e mesmo crianças labutam até a exaustão. Não há hora de almoço, seguro médico, tampouco férias.
Há quem perca os dedos na máquina. As mulheres desesperam-se do cabelo engolido nas engrenagens. Outros simplesmente prostram-se no chão de fábrica, exauridos, mal alimentados e doentes.
O salário é de fome, porque a sociedade produtiva de São Paulo teima em manter o sistema escravagista. Arranca-se a máxima valia do trabalhador.
O negro segue a sina, ainda marginalizado, movendo músculos por quase nada. Os imigrantes italianos, portugueses e espanhóis são enquadrados no modelo da senzala.
No balcão, com a guerra na Europa e ganância local, os preços são cada vez mais elevados. O dinheiro do pobre não vale nada.
Se é para despertar consciências, os anarquistas dedicam-se dia e noite à missão. No Bom Retiro, no Brás, no Belém, na Lapa.
As companheiras, tantas mães e irmãs batalhadoras, suportam o exagero de encargos nas tecelagens. E são elas, também, agora, a reclamar um futuro para seus filhos.
Então, começa a explodir o descontentamento. É frio na cidade. O sangue dos injustiçados ferve.
A força coercitiva da lei, a PM da época, é destacada para reprimir o legítimo direito de manifestação do povo. É violência extrema, o bastão, a ferradura do cavalo, a arma de fogo covarde.
Os fardados imolam o jovem sapateiro José Martinez. A gente indignada conduz seu esquife desde o Brás até o cemitério do Araçá.
Mas não se resume aí a história. Morrem muitos outros. Nestes 101 anos da Greve Geral, redescobrimos que também caiu, por exemplo, Nicola Salerno, que nem operário era, mas somava nas ruas com os irmãos insurretos.
Enfim, ali na borda da Leste, no Brás multicultural e resistente, as nossas mulheres erguem barricadas nas ruas. São valentes, determinadas e corajosas.
Uma delas, esposa de Primo Bindo, é seguida pela filha, a menina bonita, inquieta, preocupada com a sorte da mãe.
Edoarda Bindo tem 12 anos de idade, viço, perfume de alfazema e sonhos, que são subitamente roubados pela bala assassina da Força Pública.
Tomba. Sangra. Cobre-se logo das lágrimas destas senhoras e senhoritas que não reconhecem o óbito, que reclamam alto da desdita.
A bela Edoarda vai também ao Araçá, enquanto a classe dos rebeldes toma a cidade, interrompe a produção e impõe uma derrota histórica aos tubarões do capital.
Ali, nossa menina corajosa permanecerá em resguardo imóvel, oculta, em retiro, primeiro chorada e, depois, lentamente esquecida.
Será uma morte longa, secular, dura, que fará apagar-se seu nominho e, na sequência, desaparecer sua sepultura simples.
Mas, então, como nada é para sempre, reviverá. Será pelas linhas do militante, pesquisador e ex-senador italiano José Luiz Del Roio, no livro lançado 100 anos depois "A greve de 1917 – os trabalhadores entram em cena".
Finalmente resgatada da sombra da história, Edoarda volta para nós. É menina-jovem que retorna à avenida dos acontecimentos.
É protagonista. Na arte evocativa abaixo, apenas sugerida e imaginada, sorri para os justos de alma e coração.
Abraço grande em você, pequena e valente companheira!
Edoarda Bindo, presente!
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