EU TE AMO
Otávio Martins
De
tanto ela repetir, insistir em declarar que o amava muito, ele passou
a não acreditar.
O
horário do seu trabalho, desde a manhã até a noitinha, era mais um
bom pretexto para que ele não se certificasse de algo que estava
claro, a olhos vistos. Poderia faltar um dia de serviço, com um
argumento qualquer e pronto. Mas, aí, deixaria escapar o seu trunfo,
que era, apenas, um pretexto, dando a impressão de que nem se
importava.
Depois, ao zanzar pelas ruas, praças e avenidas, na
feição de um detetive, dirigiu-se a casa, onde ela já o esperava.
Exatamente para tratarem daquilo. Olhou bem nos olhos dela - não
eram os mesmos - e perguntou:
Você
não me ama mais?
Por
sobre o rubor de suas faces, ela deixou escapar algumas – poucas
-lágrimas. Ele deu as costas e foi até o bar, onde costumava tomar
qualquer coisa. Pediu uma garrafa de cachaça. Entrou para “dentro”
dela, sentindo-se transformado numa simples mensagem. Poderia, quem
sabe (pensou), ser a salvação de algum outro náufrago.
Antes
de “capotar” sobre a mesa cantarolou: “Mesmo que eu mande em
garrafas mensagens por todo o mar...”
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