Disse e repito: a propaganda eleitoral gratuíta é uma das piores pragas da democracia brasileira. Leva os eleitores a escolherem candidatos como quem opta entre uma marca e outra de sabão em pó.
Se já não bastasse a falsidade intrínseca das imagens que os marqueteiros impingem dos candidatos e da situação nacional, ainda existe uma burocracia tacanha a exercer a mais grotesca censura que este país presencia desde a ditadura militar.
A última das Donas Solanges (*) do Tribunal Superior Eleitoral foi vetar um vídeo em que a coligação demotucana criticava o apoio de Fernando Collor a Dilma Rousseff.
Ora, trata-se mesmo um calcanhar de Aquiles da Dilma e os adversários têm todo direito de jogar-lhe na cara que Collor não é companheiro de jornada aceitável para quem, nos anos de chumbo, confrontou bravamente os cães de guarda do coronelismo político.
O pior de tudo foi o pretexto ridículo para impedirem que haja, enfim, algum debate político na propaganda gratuita: o de que a lei eleitoral, verdadeiro monstro de Frankenstein, veda "a utilização de gravações externas na veiculação de inserções".
Se a coligação governista reagisse exibindo as truculências da tropa de choque da PM no campus da USP durante o governo de Serra, provavelmente os advogados tucanos também descobririam qualquer pêlo em ovo para requisitarem os préstimos dos neocensores.
Assim, graças aos que criam leis com aberrante viés autoritário e aos que as aplicam obtusamente, estamos assistindo a eleições despolitizadas, desmobilizadoras, deseducadoras e tediosas ao extremo.
São as eleições Tiririca, que rimam com titica.
São as eleições Tiririca, que rimam com titica.
* Solange Teixeira Hernandes, diretora do Departamento de Censura Federal no período1980/84, tornou-se símbolo dos censores do regime militar.
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