22 de novembro de 2007
Neurologistas do Hospital Hadassah Ein Karem de Jerusalém foram os primeiros no mundo a tratar pacientes com esclerose múltipla com células-tronco extraídas de sua medula óssea, reproduzidas em laboratório e injetadas em sua coluna, informa hoje o jornal The Jerusalem Post.
O estudo clínico, no qual também foram tratados pacientes que sofrem de esclerose lateral amiotrófica, se encontra em um estágio experimental, mas seus resultados são "animadores" e "promissores", segundo o jornal.
Todos os pacientes submetidos à pesquisa tiveram células-tronco injetadas em uma única ocasião e, por enquanto, não foram analisados os resultados de um grupo de controle para contrastar os testes.
Os doentes foram submetidos a este tratamento inédito há dois anos e os pesquisadores dizem que ainda é cedo para determinar qual é o benefício da pesquisa a longo prazo.
Dimitrios Karousis é um neurologista de destaque que trabalha no Hadassah há 19 anos. Ele ressaltou ao jornal que a pesquisa clínica é "a primeira no mundo com este tipo de células-tronco".
Karousis lembrou ainda que um hospital no Reino Unido anunciou recentemente que implementará um programa de células-tronco muito semelhante ao adotado no Hadassah.
Entre os colaboradores da pesquisa estão o professor Shimon Slavin, neurologista respeitado internacionalmente e especialista em células-tronco do Hadassah que se aposentou recentemente, e o chefe do departamento de neurologia do hospital, Tamir Ben-Hur.
No começo, a equipe fez testes com ratos que sofriam de esclerose múltipla e descobriram que, após um ou dois meses (um ou dois anos em humanos), 90% dos neurônios permaneciam intactos sem ter qualquer tipo de irregularidade em sua bainha de mielina - matéria que cobre a fibra do nervo - apesar da doença.
Tanto a esclerose múltipla como a esclerose lateral amiotrófica não têm cura. No primeiro caso, um paciente pode viver décadas com uma incapacidade crescente, enquanto no segundo, a doença costuma ser fatal em poucos anos.
Os neurologistas fizeram testes em 25 pacientes - nove com a primeira doença e 16 com a segunda - que não tinham respondido satisfatoriamente aos tratamentos convencionais com remédios.
Karousis afirmou que, apesar de a maioria dos pacientes ter melhorado ou se estabilizado, "é impossível conhecer no estágio da pesquisa quanto tempo durarão os resultados ou que repercussão terão em sua melhora, pois não existe um grupo de controle".
"Os pacientes em casos avançados, muitos deles em cadeiras de rodas, não tiveram efeitos colaterais, com exceção de um pouco de febre ou dor de cabeça", afirmou.
A pesquisa consistiu na extração de uma "dose" de célula-tronco adulta do osso do quadril, que depois é processada, "limpa" e reproduzida em um cultivo especial.
Após dois meses são produzidas células-tronco adultas cujo número chega a 50 milhões e que são injetadas na coluna vertebral uma única vez.
"Estamos otimistas", disse Karousis, que acrescentou que os tratamentos com células-tronco demonstraram ser promissores no combate a doenças das articulações e ossos, do sistema imunológico e a isquemia do coração.
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