sexta-feira, 7 de novembro de 2008

"MIGUEL DE CERVANTES" - POESIAS

QUEM DEIXARÁ, DO VERDE PRADO UMBROSO

Tradução de Anderson Braga Horta



Quem deixará, do verde prado umbroso,

as frescas ervas e as lustrais nascentes?

Quem, de seguir com passos diligentes

a solta lebre, o javali cerdoso?


Quem, com o canto amigo e sonoroso,

não prenderá as aves inocentes?

Quem, nas horas da sesta, horas ardentes,

não buscará nas selvas o repouso,


por seguir os incêndios, os temores,

os zelos, iras, raivas, mortes, teias

do falso amor que tanto aflige o mundo?


Do campo são e hão sido meus amores,

rosas são e jasmins minhas cadeias,

livre nasci, e em livre ser me fundo.


A CIGANINHA

Tradução de José Jeronymo Rivera


Quando Preciosa a pandeireta toca,

e fere o doce som os ares vãos,

pérolas são que espalha com suas mãos,

flores são que arremessa de sua boca.



A alma fica suspensa, a mente louca

aos atos sobrehumanos sem ação,

que por limpos, honestos e por sãos

sua fama lá no céu mais alto toca.



Pendentes do menor de seus cabelos

mil almas leva, e ajoelhado tem

Amor, que uma e outra flecha aos pés lhe deita:



cega e ilumina com seus raios belos,

seu trono Amor por eles se mantém,

e mais grandezas de seu ser suspeita.


Extraídos de POETAS DO SÉCULO DE OURO ESPANHOL: POETAS DEL SIGLO DE ORO ESPAÑOL / Seleção e tradução de Anderson Braga Horta; Fernando Mendes Vianna e José Jeronymo Rivera; estudo introdutório de Manuel Morillo Caballero. Brasília: Thesaurus; Consejería de Educación y Ciência de la Embajada de España, 2000. 343 p. (Coleção Orellana – Colección Orellana; 12) ISBN 85-7062-250-7

FONTE: http://www.antoniomiranda.com.br/Iberoamerica/espanha/miguel_de_cervante.html

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