Há pessoas que pensam que derrotar a Dilma e o PT é o mesmo que acabar com o comunismo no Brasil. Vocês podem achar estranho, mas é verdade.
São radicais de direita, acostumados com o laissez-faire da vida burguesa, que pensam que o Brasil é deles, talvez por hereditariedade desde o golpe de 1º de maio de 1964, que instituiu o fascismo no Brasil até hoje.
Para essas pessoas, comunismo é palavrão, tamanha tem sido a lavagem cerebral que, a partir do regime militar, geração após geração, tem sido aplicada nessas classes que se acostumaram a explorar as demais classes como se isso fosse a coisa mais natural do mundo.
Para essas pessoas – e seu nome é legião – pobreza, discriminação, desigualdade social, miséria, ausência de direitos humanos, leis que só existem no papel e tudo o mais que fede cada vez mais neste país não tem a menor importância - desde que elas, seus amigos e os amigos de seus amigos e todos aqueles que são comumente apelidados de elites oligárquicas (talvez uma expressão que eles não consigam entender) possam sempre desfrutar o melhor da vida com a exploração da miséria e do trabalho escravo.
A pobreza é a principal característica do Brasil. Claro, temos as camadas de pré-sal, que estão sendo exploradas pelas multinacionais do setor e por uma PETROBRÁS que não chega a ser 50% brasileira, e um imenso PIB. Mas esse dinheiro reverte somente para as elites que dominam o Brasil desde os tempos do Império. O povo fica fora da distribuição da riqueza.
Hoje, os dois candidatos à presidência da República acreditam que programas assistencialistas e um salário mínimo – para quem tem emprego – de 600 reais é um grande avanço social. Ou, pelo menos, tentam passar essa idéia grotesca para os seus telespectadores alienados do horário eleitoral.
E essas pessoas, conforme escrevi acima, pensam que tirar o PT do poder é acabar com o comunismo, porque são completamente analfabetas socialmente e sociologicamente.
Aliás, a burguesia brasileira, e seus seguidores abobalhados, tem como principal característica o analfabetismo. É claro que sabem ler e escrever e talvez alguns até tenham maiores graduações – ou melhor currículo, como diz o Serra, que bem os representa – mas fecharam-se completamente para tudo o que diga respeito ao estudo da realidade brasileira, latino-americana e mundial.
Alguns dentre eles ainda conseguem raciocinar mais profundamente, como Fernando Henrique Cardoso – que vendeu a si próprio e as suas idéias pelo poder. Mas restaram os seus livros, que repudiou justamente, porque são muito bons. Ele não mais os merece.
Mas a grande maioria desses seres são elites feudais e tão ignorantes como os feudatários da Idade Média. Pensam que o mundo foi feito para eles e não se dão ao trabalho de pensar além disso porque, para essa espécie de gente, pensar é muito trabalhoso e pode doer.
Preocupam-se, sim, mas com as superficialidades. Estão viciados em engolir toda a desinformação que os canais de televisão aliados do submundo do capitalismo passam para eles todos os dias em gotas, entre conversas risonhas e açucaradas. E acreditam que o mundo é aquilo.
São tão analfabetos sociais como os analfabetos das classes mais baixas. Com a diferença de que estes não tem a chance de estudar ou, se estudam, não tem a compreensão correta da realidade em que vivem, porque são mal alimentados, o que faz com que seus cérebros não funcionem direito, e preocupam-se mais com as suas desgraças diárias.
Enquanto os elitistas oligarcas famintos de poder são analfabetos sociais porque não querem saber da realidade. Não é por falta de comida que as suas mentes não trabalham, mas por falta do alimento intelectual que os levaria – talvez – a ter uma maior compreensão e entender e amar ao próximo.
Se vivessem há vinte séculos atrás também teriam gritado Barrabás! E condenado Jesus ao assassinato, porque não suportam aqueles que não se preocupam em passar a vida amealhando riquezas, mas pregam a divisão equitativa dos bens que a natureza fornece. A esses eles odeiam e crucificam diariamente.
O que Lula e o PT fizeram durante esses oito anos de poder foi ceder a força moral que até então detinham, a confiança que o povo lhes tinha outorgado e a esperança de todos que ainda querem um Brasil brasileiro, em troca daquelas célebres trinta moedas.
Deslumbraram-se com as possibilidades do poder do capital, corromperam-se como os seus antecessores, passaram a negociar com aqueles a quem antes combatiam. Foram além. Fizeram negociatas inimagináveis para um governo que se dizia dos trabalhadores, e formaram a sua própria oligarquia, que agora luta ferrenhamente com a outra facção da direita – ambos inimigos do povo – como dois cães famintos e enraivecidos lutam por um pedaço de pão.
Também eles perderam a capacidade de raciocinar e de entender o Bem como algo que deve ser, cristamente, dividido entre todos. Fingiram-se de déspotas esclarecidos e revelaram-se apenas como déspotas envilecidos. Como os seus adversários de agora.
Nenhum dos dois lados merece os votos do povo, a quem tentam conservar na coleira, domesticado, com algumas guloseimas de vez em quando, para ofuscar a sua realidade de escravo.
Eles tem muito medo do povo. Por isso armam as suas polícias e os seus exércitos; se encastelam atrás de grades e de guarda-costas. Por isso temem o futuro. Temem o presente.
Fausto Brignol.
Fausto Brignol.
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