O que nos aproximou foi termos ambos 1968 como referencial maior de nossas existências. Músicas tipo "Metamorfose Ambulante", “Tente Outra Vez”, "Cachorro Urubu" e "Sociedade Alternativa" lavavam minha alma, num momento em que a velha esquerda rabugenta se reconstruía, passando como um rolo compressor sobre os sonhos da geração das flores.
De papos sóbrios e etílicos que tive então com o Raulzito, posso dizer que o lance da sociedade alternativa era, basicamente, o de agruparmos as pessoas com boa cabeça em comunidades que estivessem, ao mesmo tempo, dentro do sistema (fisicamente) e fora dele (espiritualmente).
Essas comunidades existiram no Brasil, de 1968 até meados da década seguinte. Nelas praticávamos um estilo solidário de vida, buscando reconciliar trabalho e prazer. Procurávamos ter e compartilhar o necessário, evitando a ganância e o luxo.
Acreditávamos que um homem novo só afloraria com uma prática de vida nova; quem quisesse mudar o mundo dentro das estruturas podres, acabaria sendo, isto sim, mudado pelo mundo.
Então, em vez de conquistar o governo para tomar o poder e tentar implantar uma sociedade mais justa de cima para baixo, nós queríamos deslocar o eixo para o sentido horizontal: acreditávamos em ir praticando uma vida não-competitiva em comunidades que se entrelaçariam e cresceriam aos poucos, até engolirem a sociedade antiga.(...) leia mais em:
Náufrago da Utopia: TENTE OUTRA VEZ! (REFLEXÕES SOBRE O RAULZITO E A SOCIEDADE ALTERNATIVA)
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