quarta-feira, 30 de junho de 2010

Uma Opinião Incrível no Caso Battisti


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Carlos Alberto Lungarzo

Anistia Internacional (USA) – 2152711

É um fato bem conhecido que a escritora francesa Fred Vargas, os advogados franceses de Battisti, Elisabeth Camus e Eric Turcon, e a perita da Corte de Apelações de Paris, Evelyne Marganne, provaram em várias fases que as procurações que o Tribunal que condenou Battisti na Itália eram FALSIFICADAS.

Por causa da importância desta descoberta, eu fiz uma reconstrução em forma de slides e vídeo, de todos os passos da falsificação, incluindo as provas fotográficas, caligráficas e também matemáticas (não esqueça que a escrita humana é um objeto geométrico, formado por linhas de curvatura variável cuja equação pode ser aproximada em alguns casos).

Veja a apresentação em slides e o vídeo, e faça download, se quiser, em meu blog e em meu site:

http://ocasodecesarebattisti.blogspot.com/2010/04/o-caso-cesare-battisti-provada-armacao.html

http://sites.google.com/site/lungarbattisti/

A parte argumentativa que acompanha as provas animadas está em vários sites, além dos dois acima, por exemplo:

http://www.consciencia.net/falsificacao-de-procuracoes-no-caso-battisti-os-detalhes

Na parte final da apresentação (e do vídeo), coloquei critérios, carimbos, telefones na Europa, nomes e endereços para que qualquer interessado pudesse comparar que essa falsificação NÃO PODERIA TER SIDO FEITA FORA DOS TRIBUNAIS OU A POLÍCIA DE MILÃO. Ou seja, nem eu, nem os advogados de Battisti, nem a escritora e arqueóloga Fred, nem a perita, nem qualquer um SEM ACESSO aos arquivos judiciais, teria possibilidade alguma de fabricar o documento, com o objetivo de prejudicar a Bela Democracia Italiana.

Eu acreditava ter refutado todas as opiniões sensatas possíveis. Não pensei nessas opiniões criadas por mentes “quentes” para colocar culpa em alguém que, por motivos diversos, odeiam. Por exemplo, pensei que ninguém ia dizer:

“Peraí, não será que o espírito de Lênin se apoderou dos advogados e os obrigou a fazer essa falsificação”, ou:

“E se por acaso, Belzebu, aliado de Battisti, encarnou por duas horas no corpo do promotor Spataro e o induziu a fazer essa falsificação”...

...ou coisa semelhante...

Eu estava certo, ninguém disse isso. Mas, encontrei recentemente uma objeção tão absurda como essa, ou seja, tão impossível como essa.

Eu decidi ignorá-la, em especial porque não acho de bom nível refutar mensagens de ódio ou conjeturas descabidas. Aliás, refutar esta opinião poderia ter parecido um desprezo pelo leitor.

Mas, algum tempo depois, pensei o seguinte: “Esta objeção não recorre ao sobrenatural de maneira evidente; um leitor inteligente, porém distraído, pode pensar que isso faz sentido...”

Quantas vezes as pessoas mais inteligentes e conscientes caem na fala de algum picareta, porque o assunto é apresentado com tal tortuosidade que não pensamos nas falhas do raciocínio? A história da cultura está cheia de grandes pensadores que foram ludibriados pelos mais grosseiros charlatães. Vários cientistas sérios como Eudoxo foram confundidos por sofistas como Epimênides. Pesquisadores talentosos se envolveram por algum tempo nas vigarices teológicas de Santo Tomás de Aquino, e por aí vai.

Lembrem que cientistas importantes, ganhadores do prêmio Nobel, ousaram duvidar de que o AIDS seja produzido por um VIRUS. Isto parece incrível, mas aconteceu em 1993. Perceberam seu erro, mas só depois de ter publicado três artigos onde pretendiam demonstrar isso, fazendo sua reputação anterior, que era muito boa, cair verticalmente. Muito pior, fizeram um mal enorme para as campanhas de prevenção do AIDS. (No Brasil, uma revista da Editora Abril publicou isso em sua seção científica!)

Mas, no fim das contas, qual é a objeção do charlatão em apreço?

O autor de um blog que não vou mencionar disse que o próprio Battisti poderia ter falsificado essas procurações para acusar o Tribunal de Milão de fraude.

Por favor, ninguém se ofenda. Sei que muitos podem pensar que estou tirando sarro da sua inteligência ao levar a sério esta vigarice. Entretanto, lembrei que durante o passado falei sobre o caso Battisti com mais de 50 pessoas que não acreditavam em sua inocência. Alguns eram da minha família ou de meu círculo de amizades, e repetiam argumentos de juízes, promotores, jornalistas.

Depois de algumas horas de raciocínios, todos ficaram convencidos de que tinham sido enganados. Admitiram que, pelo menos, não havia nenhuma prova contra ele. Mais recentemente, após formalizar a prova da fraude das procurações, mostrei a vários jovens meus resultados, e propus que tentassem escrever dois textos com apenas duas linhas que fossem exatamente coincidentes.

Por isso, acho que o esforço de esclarecer sempre vale a pena.

Bom, brevemente, supondo que esse blog mereça contestação, vou dar os argumentos mais imediatos:

Se Battisti tivesse sido ele próprio o falsificador...

1. Por que teria feito isso muito antes do processo? Como saberia com antecedência que o processo seria reaberto e teria os mesmos advogados? Quem podia saber isso, sendo que a ideia de forjar o julgamento foi posterior. Será que ele podia ler o futuro? Se assim for, os políticos italianos o teriam liberado para que fizesse prognósticos eleitorais.

2. Por que os advogados aceitariam essas procurações, que podiam significar para eles a perda do registro e até a prisão, salvo que eles estivessem combinados com a promotoria?

3. Os advogados devem mostrar suas procurações aos magistrados. Como foi que estes não descobriram uma falsificação tão evidente?

4. Por que o Supremo Tribunal Federal se recusou a indagar Itália sobre esse assunto? Se o falsificador foi Battisti, eles teriam mais um argumento para condená-lo.

Bom, peço desculpas, mas precisava esta catarse. Eu acho que lixo era para se jogar fora e não para ler, mas pensei que este tipo de falácias pode enganar a qualquer pessoa. Acredito que eu mesmo já fiquei confundido por vigarices de teor similar. Ninguém interprete isto como falta de respeito ao leitor.

Obrigado.

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