Società Dante Alighieri

Quem foi Dante Alighieri?

Dante Alighieri foi um grande poeta, escritor teórico literário e pensador político considerado o maior poeta (il sommo poeta) e O Pai da Língua Italiana.

Nasceu na cidade de Florença, numa casa próxima a Igreja de San Martino al Vescovo, em maio de 1265. O pai era Alighiero Degli Alighieri da importante família Degli Alighieri, de antiga nobreza de origem feudal, mas de condição econômica modesta, ligada à facção dos Guelfos, uma aliança política envolvida em uma complexa oposição aos Gibelinos. A mãe era Donna Bella degli Abati, também de uma importante família de Florença àquela época.

Sabe-se muito pouco sobre a infância de Dante; porém, o único evento aparentemente certo é o seu encontro com Beatrice. Segundo Boccaccio, o primeiro encontro ocorreu em 1274, aos nove anos, numa festa na casa do pai da menina. Nove anos mais tarde, ele a revê novamente, ela lhe faz uma "saudação gentil", e eles talvez trocam algumas palavras. Mais tarde, em San Martino al Vescovo, trocam olhares à distância. Algum tempo depois, Dante cruza com Beatrice na rua de forma imprevista, e ela lhe "recusa a saudação". Posteriormente, Dante se encontra em uma reunião casual diante de Beatrice acompanhada de dois amigos, mas ela e seus amigos se mantiveram distantes.

Beatrice Portinari era filha de Folco Portinari, mercador florentino de consideráveis posses. Seu pai era rico e famoso, e foi eleito prior por San Pier Maggiore, e assim participou do Conselho dos Seis Priores. Sua tumba se encontra ainda na pequena Igreja de Sant'Edidio, situada sob o pórtico do Hospital de Santa Maria Nuova, que ele fundou. Sua mãe, Cilia di Gherardo dei Camposachi, segundo registros da municipalidade da época, teve três filhas. Sabe-se que Beatrice casou em 1287 com o banqueiro florentino Simone dei Bardi, e foi morar do outro lado do Arno, perto da Ponte alle Grazie. Sabe-se ainda que Breatice morreu em 8 de junho de 1290. Dante a amou idealmente até depois da sua morte, fazendo dela um ideal de glória, beleza e perfeição inspiradora da mais elevada poesia.

Aos doze anos de idade, em 1277, foi acordado seu casamento com Gemma Donati, filha de Manetto Donati, esposando-a aos 20 anos. Com ela, teve três ou quatro filhos: Pietro, Iacopo, Antonia e talvez Giovanni. O casamento precoce era muito comum àquela época, e era considerado como uma aliança entre famílias. A família Donati era uma das mais importantes em Florença, tornando-se em seguida ponto de referência do esquema político oposto ao do poeta, os Guelfos Negros.

Entre 1275 e 1282, Dante estudou com os dominicanos e os franciscanos, respectivamente nos conventos de Santa Maria Novella e Santa Cruz. Ao sair da escola, ele tinha dezessete anos. Durante esse período, tornou-se amigo de importantes artistas, cantores, musicistas e letrados, entre eles Giotto, Brunetto Latini, Guido Cavalcanti e Forese Donati, primo de Gemma.

Em 1289, lutou ao lado do exército Guelfo de Florença na Batalha de Campaldino, contra a cidade de Arezzo (próximo a Florença), recuperando a hegemonia da cidade, e depois contra o castelo de Caprona em Pisa, vencendo os Gibelinos.

Em 1295, assumiu cargos públicos e se matriculou na ordem das Artes Médicas e Farmacêuticas. Em 1296, Dante disputou as eleições políticas, vindo a fazer parte do Conselho Especial do Capitão do Povo. Participou do Conselho dos Cem até que em junho de 1300 foi nomeado como um dos Priores (presidentes) da Comuna de Florença. Nesse período, a maior parte do poder em Florença estava nas mãos dos Guelfos, que eram opositores do poder imperial. Mas o partido em pouco tempo se dividiu em duas facções opositoras: "Brancos" e "Negros". Os Guelfos Brancos, moderados, apoiavam o Papa, mas se opunham a sua interferência na política da cidade; já os Guelfos Negros, mais radicais, defendiam o apoio ao Papa contra as ambições do imperador, que era apoiado pelos Gibelinos. No entanto, Dante se manteve neutro perante a secção do partido.

Iniciando uma missão diplomática, foi até Roma encontrar-se com o Papa Bonifácio VIII, o qual já havia enviado a Florença o Cardeal Matteo D'Acquasparta que, fingindo estabelecer a paz entre as duas facções, favoreceu os Guelfos Negros. Chegando em Florença, Carlo de Valois junto de Corso Donati, também enviados pelo Papa, acusaram Dante de troca de favores ilícitos (improbidade administrativa), corrupção e oposição ao Papa e condenou Dante a dois anos de confinamento e a pagar uma multa de 1.200 fiorinos de ouro. Além disso, confiscaram seus bens e deram a interdição perpétua dos encargos públicos. Em 10 de março de 1302, foi condenado a ser queimado vivo devido a contumácia (recusa a comparecer em justiça por questão criminal). Para fugir da condenação, ele preferiu o exílio.

No exílio, Dante foi hóspede da família dos Scaligeros em Verona, e em 1306, dos Malaspina na Lunigiana. Com a morte de Enrico VII, restaurador do Império Sacro-Romano, Dante viu desaparecer a sua possibilidade de voltar para Florença.

Em 1315, como hóspede dos Scaligeros voltou a Verona e em seguida foi recebido por Guido Novello da Polenta em Ravena, onde morreu entre 13 e 14 de setembro de 1321.

Existe um Dante até os 37 anos, e outro, dos 37 aos 56. O primeiro, o Dante florentino, tem em sua obra um círculo de leitores restritos. O segundo, o Dante exilado, escreve para o ser humano de todos os lugares e de todos os tempos.
As Obras de Dante

* La Vita Nuova (1282 — 1293). É a história da renovação da sua vida devido ao seu amor por Beatrice. Foi escrita em língua toscana, parte em poesia e parte em prosa.

* Le Rime (1282 — 1293). Sonetos, canções e baladas de amor, nas quais se percebe a influência da tradição poética do dolce stil nuovo.

* Il Convivio (1304 — 1307). Pensado em 14 livros, mas escrito somente em 4, é uma exaltação da mente humana e uma defesa dos conceitos filosóficos ptolemaicos e divinos, escritos em língua vulgar italiana.

* De Vulgaris Eloquentia (1304 — 1307). Escrita em latim e destinada às pessoas mais cultas, enfrenta o problema da língua vulgar retrocedendo até as origens das línguas.

* Trattato de Monarchia (1310 — 1313). É uma obra doutrinal em três livros:
1. monarquia universal;
2. povo romano depositário da autoridade imperial;
3. independência entre império e papado.

* Le Epistole (últimos anos). São treze cartas em latim, endereçadas ao povo, ao imperador e aos cardeais.

* Le Ecloghe (1319 — 1320). Escritas em latim, a imitação de Virgílio, são endereçadas a um culto literato de Bologna — Giovanni del Virgilio.

* Questio de acqua et terra (1320). É um tratado de cosmologia em latim.

* La Divina Commedia (1307 — até a morte). Maior poema de Dante e a base da língua italiana. Dividido em três cânticos Inferno, Purgatório e Paraíso, cada uma de 33 cantos escritos em terceira rima, com grande força dramática descreve uma viagem imaginária do poeta através dos três reinos ultraterrenos, nos quais, fazendo-se guiar primeiro por Virgílio, símbolo da razão, e depois por Beatrice, manifestação divina, encontra pessoas da mitologia, da literatura, da política, da religião e da história, que representam os vícios e as virtudes políticas, religiosas e morais.

Dante chamou o poema Commedia, mas Boccaccio acrescentou o adjetivo de Divina, que terminou por ficar definitivo com a edição veneziana de 1555. A obra, que resume o pensamento religioso, político, científico e filosófico daquele tempo, pode ser lida e entendida, segundo a proposta de Dante, em 4 níveis: literal, que indica o sentido imediato das palavras; alegórico, que desvela a verdade escondida sob o sentido literal; moral, que fornece normas de conduta; e anagógico, que considera as palavras – então os eventos e os objetos significativos das palavras – símbolos de realidades espirituais. A “Divina Commedia” é uma extraordinária dramatização da teologia cristã medieval, mas, além desta moldura, a viagem imaginária de Dante pode ser interpretada como uma alegoria da purificação da alma e da obtenção da salvação eterna, alcançadas com a ajuda da razão, da fé e do amor.

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