Evidentemente, estou sempre ao lado das candidaturas de esquerda. Mas, prefiro anunciar minha preferência específica às vésperas da votação.
Para prefeito de São Paulo, p. ex., optei em 2008 pelo digno companheiro Ivan Valente, que tanto me ajudara em lutas passadas, indiferente à certeza de sua derrota. O título do artigo já disse tudo: Perderei com Ivan Valente e me orgulho disso.
No entanto, há (pré) candidaturas diante das quais não consigo manter essa equidistância, de tão nocivas que são.
Uma delas é a de Antonio Palocci, que utilizou todo o seu peso ministerial (ainda por cima praticando um crime, pouco importando a decisão ultrajante do Supremo Tribunal Federal que o salvou do merecido castigo!) para esmagar um zé ninguém, fazendo exatamente o contrário do que o PT deveria fazer. Um partido criado para defender os coitadezas dos abusos dos poderosos não pode violentar a tal ponto seus princípios.
Muitos já abandonaram os valores que davam ao PT o direito de se denominar partido dos trabalhadores. Mas, o caso do Palocci foi o mais gritante.
Pior do que o de qualquer mensaleiro, na minha avaliação -- pois, para um verdadeiro homem de esquerda, conta mais o alinhamento com os humilhados e ofendidos do que o combate à corrupção.
Cogitado para ser o candidato petista ao governo de São Paulo, Palocci teria, decerto, o apoio dos banqueiros, aos quais sua política econômica como ministro da Fazenda tanto favoreceu.
Mas, tão pouco carismático ele é e tão chamuscado ele saiu do episódio do caseiro que não chegaria nem ao segundo turno. Afirmo e assino embaixo.
FRAUDE ELEITORAL DESMASCARADA E IMPUNE
Outro candidato inaceitável é Roberto Requião, fraudador de eleições. Ele tenta se lançar como candidato próprio do PMDB à Presidência da República. Tomara que não consiga.
No final do horário eleitoral gratuito do segundo turno da eleição para governador paranaense de 1990, a campanha de Requião colocou no ar um vídeo gravado no Paraguai, no qual um indivíduo mal encarado se apresentava como Ferreirinha, pistoleiro foragido.
O tal Ferreirinha contou que, a mando da família do adversário de Requião, José Carlos Martinez, expulsara e matara os sem terra que invadiam sua propriedade.
O impacto da denúncia foi decisivo para que Requião, apontado como provável perdedor pelas pesquisas, virasse o jogo na última hora, derrotando Martinez.
Depois, veio à tona que o suposto pistoleiro não passava de um pacífico motorista desempregado e, inclusive, era muito novo para haver cometido os homicídios que confessara.
Requião foi condenado pelo Tribunal Regional Eleitoral, por fraude eleitoral. Teve seu mandato cassado, mas recorreu ao TSE e, usando os infinitos recursos protelatórios à disposição de quem pode bancar advogados caros, cumpriu seu mandato espúrio até o último dia. O processo acabou sendo arquivado sem julgamento de mérito.
São duas carreiras políticas que só sobreviveram ao arrepio da verdadeira Justiça: Palocci e Requião, tanto quanto Sarney, não passam de símbolos da mais grotesca impunidade.
Que os fados lhes sejam adversos.
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