sexta-feira, 17 de julho de 2009

Para Lula, bom mesmo é o Estado do bem-estar social

Graças ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, sabemos agora qual foi o maior benefício que a Revolução Bolchevique trouxe à humanidade: "quem mais ganhou com a revolução de 17 foi a Europa Ocidental porque, com o medo do comunismo, criou o Estado do bem-estar social".

Foi isto que S. Exa. afirmou nesta quinta-feira, discursando no 51º congresso da União Nacional dos Estudantes. Nem sequer o papel fundamental que a URSS desempenhou na derrota do nazismo parece ser relevante, na opinião de Lula.

Ele se coloca não ao lado dos que fizeram a revolução e tentaram materializar um estado dos trabalhadores, mas sim na trincheira dos países capitalistas que, para evitar a propagação dos ideais revolucionários, trataram de melhorar um pouco a vida dos seus cidadãos.

E, para que não deixar dúvidas quanto a seu desprezo pelos valores da esquerda, Lula disse também que "para uma pessoa pobre ter uma caixa de lápis é mais importante do que uma revolução".

Ele se mostrou coerente com posicionamentos anteriores, como o de que não era esquerdista, mas sim torneiro-mecânico; e o de que, quando um sexuagenário continua esquerdista, é porque tem um parafuso solto na cabeça.

Está numa fase de dizer inconveniências (por que ofender os pobres pizzaiolos, comparando-os aos senadores?) e renegar seu passado.

Já descobriu até que é amigo do Collor desde criancinha, tanto que ambos já superaram uma pequena desavença de 1989, quando o Fernandinho andou falando demais sobre as puladas de cerca do Luizinho. Todos os amigos têm uma briguinha de vez em quando...

Então, ficamos entendidos: os bons lulistas agora têm de defender com unhas e dentes o Estado do bem-estar social, seja na versão que o capitalismo selvagem (ôps, eu queria dizer globalizado...) varreu da Europa, seja na adaptação brasileira, com o Bolsa-Família garantindo caixas de lápis às pessoas pobres.

Ah, uma última recomendação: esqueçam Karl Marx. O teórico inspirador do lulismo não é o velho barbudo, nem tampouco o economista e sociólogo sueco Karl Gunnar Myrdal, tido como o pai do Estado do bem-estar social.

As posições que Lula tem rusticamente professado, tanto em economia quanto em política, aproximam-no mais de Edouard Bernstein, aquele que acreditava numa melhora constante da situação dos trabalhadores sob o capitalismo, tornando desnecessária uma ruptura revolucionária.

Quanto a nós, velhos ranzinzas, continuaremos seguindo Rosa Luxemburgo que, no seu clássico Reforma ou Revolução, pulverizou as falácias oportunistas de Bernstein.

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