Morei na barriga de Deus.
Ascultei o centro do mundo, as pulsações
dos seres vivos, mortos e incriados.
Uma dor enorme encheu-me o peito:
ó saber-se Deus e não ter forças!
(Residi no abdômem do divino
trinta anos.) Pus meu ouvido no alfa
e no ômega: vi o princípio
e o fim vezes sem conta.
Tudo começa e morre e recomeça
e morre e recomeça. O incriado
vi: estrela fútil - fósforo
que se acende num estádio de futebol.
(Porque morei no bucho do perfeito.)
E vi o universo morrer e vi seus ossos:
escuro no escuro maior, cão no silêncio.
A tudo vi e meditei e clamo:
ó saber-se divino e ser só homem!
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