ENTREVISTA
DA LIVRARIA DA FOLHA
com
o autor de
Os Cenários Ocultos do Caso
Battisti
Há
duas semanas, a livraria do jornal Folha de S. Paulo fez uma detalhada
entrevista telefônica comigo, em relação com meu livro "Os Cenários
Ocultos do Caso Battisti". Agradeço a gentileza do jornalista Fabio
Andrighetto, bem como a forma precisa em que foram reproduzidos os dados.
O link da reportagem é:
http://www1.folha.uol.com.br/livrariadafolha/1227599-julgamento-de-battisti-e-uma-farsa-diz-autor-ouca.shtml
Nele, se encontra o texto
completo e um breve trecho da gravação feita por telefone.
A analogia entre John Lennon e Charles
Manson (o
primeiro como possível instigador moral de crime cometido pelo segundo), foi
uma feliz idéia do jornalista, na qual eu não tinha pensado anteriormente, e
acredito que ilustra perfeitamente a intenção de justiça italiana ao acusar
Battisti de concurso moral.
Carlos A. Lungarzo
07/02/2013
- 16h51
Julgamento
de Battisti é uma farsa, diz autor; ouça
da Livraria da Folha
Acusado exclusivamente de delitos
políticos em 1979, Cesare Battisti foi condenado a duas prisões perpétuas anos
depois. Ao processo, foram adicionadas acusações de quatro homicídios, em um deles
como "cúmplice moral". Para Carlos Lungarzo, autor de "Os Cenários Ocultos do Caso Battisti", o
julgamento é uma farsa.
Membro dos Proletários Armados para o
Comunismo (PAC), movimento antifascista da década de 1970, Battisti foi julgado
à revelia e sem advogado. Por segredo de justiça, as provas do caso nunca foram
apresentadas. Em apenas uma das acusações, a de cúmplice moral, existe uma
testemunha. O delator de Battisti, que não testemunhou os crimes, trocou a
prisão perpétua por oito anos de detenção.
Divulgação
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Em entrevista à Livraria da Folha, Lungarzo
defendeu que o julgamento é uma violação aos direitos humanos. Ouça.
Neste trecho está inserido o reprodutor
de voz no texto original
Enquanto morou na França, Battisti se tornou um
escritor popular, seus títulos eram publicados em formato de bolso e vendidos
em bancas de jornal e em estações de metrô. Os livros, escritos como romance
policial, denunciavam torturas que aconteciam na Itália.
Segundo o autor de "Os
Cenários Ocultos do Caso Battisti", esse é o ponto de partida para o que chama de
"linchamento" da mídia e de grupos revanchistas. "A Itália
queria, de qualquer maneira, apagar uma voz que estava a denunciando",
disse. "Não havia outro, com tanta representatividade, que causasse um
impacto tão negativo ao país".
A acusação de "cúmplice moral" pode
parecer estranho. Cúmplice, normalmente, é usado para designar alguém que
contribuiu para a execução de um delito, com a colaboração simultânea ou
anterior ao crime. Cúmplice moral seria o indivíduo que influenciou de alguma
forma --com palavras, por exemplo-- para que um criminoso agisse. Uma pessoa
que inspira outra a cometer atos ilegais. Fazendo uma analogia, seria o mesmo
que condenar John Lennon pelos crimes de Charles Manson.
A única testemunha dos crimes foi exatamente no
caso de cúmplice moral, cuja justiça italiana reconhece que Battisti não estava
presente. As denúncias surgiram no início do inverno de 1982, quando um
ex-militante foi torturado e contou uma história que envolvia Battisti. Entre
os mortos, estão três membros de grupos fascistas e um policial acusado de
participar da tortura.
"Os
Cenários Ocultos do Caso Battisti" traz a pergunta: "Por que tamanha mobilização
contra Battisti?". "Um grande projeto de linchamento precisa de um
alvo adequado", diz Lungarzo. A edição também conta com uma entrevista
exclusiva com Battisti. Lungarzo, doutor em ciências sociais e ciências exatas
e pós-doutor em sociologia matemática, é professor titular da Unicamp e
participa de organizações de direitos humanos e de refugiados há mais de 30
anos.
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