sábado, 9 de julho de 2011

AUTORIDADES CONCEDERAM OU NÃO TRATAMENTO VIP A DANIEL DANTAS?


"Será sempre um gângster
quem controlará o  mercado"
Ao receber um educado (já que eufemístico) pedido de direito de resposta do Opportunity -- vide aqui e aqui --, avaliei: se tanto cobro da grande imprensa que cumpra as boas práticas jornalísticas, jamais poderia desconsiderar o pleito, mesmo achando que o banco, fiel ao seu nome, aproveitou uma  oportunidade  para desfiar um rosário de protestos de inocência e de queixas contra seus inimigos. Há evidente desproporção entre o parágrafo em que citei Daniel Dantas e os 34 (!) parágrafos da resposta.

Quanto ao cerne da questão, desde o primeiro momento afirmei que a Operação Satiagraha não era uma cruzada justiceira, mas sim o enfrentamento de dois esquemas igualmente nocivos e corruptores, no qual todos os personagens importantes (salvo, talvez, o delegado Protógenes Queiroz e o juiz Fausto De Sanctis) defendiam apenas seus interesses mesquinhos.

De um lado, Daniel Dantas e seus aliados, dos quais o mais saliente foi Gilmar Mendes.

Do outro, a concorrência que aspirava tomar-lhe negócios no mercado de telecomunicações, tendo como escudeiro Paulo Lacerda (antigo chefão da Polícia Federal que, em seu novo posto na Abin, continuou sendo a eminência parda das investigações contra DD) e como grande aliada a Rede Globo.

Admito a possibilidade de que o delegado Protógenes estivesse sendo movido por lealdade a Lacerda e por espírito de justiça; e que o juíz De Sanctis se visse mesmo como um paladino do combate à corrupção. Prefiro pensar sempre o melhor das pessoas, quando não tenho certeza do pior.

Mas, a Operação Satiagraha veio apenas confirmar minha convicção de que a corrupção é intrínseca ao capitalismo e jamais a extirparemos enquanto a grande prioridade e motivação maior dos indivíduos continuar sendo o  enriquecei!  capitalista.

"Os seres humanos são tangidos
à competição amoral e insana"
Se os seres humanos são tangidos a uma corrida de ratos, à competição amoral e insana por riqueza e privilégios, a hipótese de que a Polícia consiga refreá-los, impedindo-os de cometer ilegalidades, não faz o menor sentido.

A lógica é que aconteça exatamente o oposto: a Polícia se tornar partícipe das refregas entre os grandes criminosos, corrompida até a medula.

Então, nunca vi motivo para tomar partido em guerras de gangstêres, pois pouco me importa que o  mercado  seja controlado por Al Capone ou por Lucky Luciano. Não tenho dúvida de que, sob o capitalismo, será sempre um gângster quem controlará o  mercado.

Eu quero é construir uma sociedade que gângster nenhum consiga controlar.

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