"Será sempre um gângster quem controlará o mercado" |
Quanto ao cerne da questão, desde o primeiro momento afirmei que a Operação Satiagraha não era uma cruzada justiceira, mas sim o enfrentamento de dois esquemas igualmente nocivos e corruptores, no qual todos os personagens importantes (salvo, talvez, o delegado Protógenes Queiroz e o juiz Fausto De Sanctis) defendiam apenas seus interesses mesquinhos.
De um lado, Daniel Dantas e seus aliados, dos quais o mais saliente foi Gilmar Mendes.
Do outro, a concorrência que aspirava tomar-lhe negócios no mercado de telecomunicações, tendo como escudeiro Paulo Lacerda (antigo chefão da Polícia Federal que, em seu novo posto na Abin, continuou sendo a eminência parda das investigações contra DD) e como grande aliada a Rede Globo.
Admito a possibilidade de que o delegado Protógenes estivesse sendo movido por lealdade a Lacerda e por espírito de justiça; e que o juíz De Sanctis se visse mesmo como um paladino do combate à corrupção. Prefiro pensar sempre o melhor das pessoas, quando não tenho certeza do pior.
Mas, a Operação Satiagraha veio apenas confirmar minha convicção de que a corrupção é intrínseca ao capitalismo e jamais a extirparemos enquanto a grande prioridade e motivação maior dos indivíduos continuar sendo o enriquecei! capitalista.
"Os seres humanos são tangidos à competição amoral e insana" |
A lógica é que aconteça exatamente o oposto: a Polícia se tornar partícipe das refregas entre os grandes criminosos, corrompida até a medula.
Então, nunca vi motivo para tomar partido em guerras de gangstêres, pois pouco me importa que o mercado seja controlado por Al Capone ou por Lucky Luciano. Não tenho dúvida de que, sob o capitalismo, será sempre um gângster quem controlará o mercado.
Eu quero é construir uma sociedade que gângster nenhum consiga controlar.
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