Instituto Ivo Pitanguy testa nova técnica para enxertar gordura em rosto que perdeu volume por envelhecimento
Experiência é feita em rostos de mulheres na faixa entre 55 e 65 anos; espera-se que enxertos não sejam reabsorvidos
DENISE MENCHEN
DO RIO
O Instituto Ivo Pitanguy isolou células-tronco da gordura retirada em lipoaspirações e vai utilizá-las em enxertos, que serão implantados nos rostos de pacientes, para atenuar a perda de volume característica do processo de envelhecimento.
Enxertos de gordura são comuns na cirurgia plástica, mas muitos acabam absorvidos pelo organismo, o que compromete os resultados de longo prazo. Espera-se que, com o uso de células-tronco, isso não aconteça.
"A expectativa é que a célula-tronco se diferencie em mais tecido adiposo e em vasos sanguíneos que nutrirão a gordura", diz a pesquisadora-chefe do instituto, Natale Gontijo. Segundo ela, um motivo que causa a absorção dos enxertos é a ausência de irrigação sanguínea.
LIPOASPIRAÇÃO
A técnica será testada em uma pesquisa com 20 mulheres entre 55 e 65 anos. Elas serão divididas em dois grupos: um receberá o enxerto comum, o outro, o rico em células-tronco. Os dois grupos serão acompanhados para comparação de resultados.
Gontijo explica que tanto a gordura quanto as células-tronco virão das próprias pacientes, que serão submetidas a uma lipoaspiração na região abdominal.
No ano passado, a pesquisadora constatou que a melhor maneira de obter o material para o enxerto é submetendo uma parte da gordura retirada na cirurgia a um processo de lavagem, e a outra, a uma centrifugação.
"A lavagem separa a célula de gordura do sangue e de outros componentes, mas causa muita perda de célula-tronco", diz. "Já a centrifugação destrói muitas células de gordura, mas isola as células-tronco presentes no tecido adiposo. Até nos espantamos com a facilidade do processo. Em três minutos já tenho células-tronco à mão."
O resultado dessa primeira fase foi publicado no "Journal of Plastic, Reconstructive and Aesthetic Surgery", da Inglaterra, e no "Aesthethic Surgery Journal", dos EUA.
Para a realização dos enxertos, a pesquisadora une as amostras e, com uma seringa, as implanta no rosto.
O procedimento tem que ser feito logo após a lipo - não há como armazenar o material para uso posterior.
Segundo Gontijo, os riscos envolvidos no procedimento são baixos. "Ao contrário das células-tronco embrionárias, as células-tronco adultas parecem não oferecer risco de formação de tumores", diz.
A pesquisadora afirma ainda que mesmo os enxertos normais de gordura já contam com algumas células-tronco, embora em concentração mais baixa.
A técnica poderá ser usada não apenas para atenuar os efeitos do envelhecimento, como também para reparar perdas de tecido causadas por doenças ou traumas.
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/saude/sd1409201001.htm
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