quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Marcuse e o fim da sociedade do trabalho (LOGOS E EROS)












(...)A proposta de de uma nova sensível surge como desdobramento dialético da instrumental. A mudança na base material da deve mudar a forma da realidade. Se a forma da realidade é o da instrumental, com o fim da do deve surgir uma nova sensível. Nesta nova as novas formas de seriam lúdicas. A redução quantitativa do necessário poderia se transformar em liberdade e em uma melhor forma e qualidade de vida. O automático, irritante e desprazeiroso seria abolido e substituído pelo lúdico. O deve ser acompanhado da reativação do erotismo polimórfico, ou seja, da capacidade de sentir prazer. Essa idéia de relações libidinais no surge em Fourier. assimila em sua teoria os conceitos de “attraccion passionnée” ou “Travail attrayant” Para Fourier o deve ser atraente e prazeroso, pois é possível a criação de uma cooperação agradável entre os indivíduos. Essa atração tem três objetivos: “a criação do luxo e do prazer dos ‘cinco sentidos’; a formação de grupos libidinais (de amor e amizade) e o estabelecimento de uma ordem harmoniosa organizada por grupos de , de acordo com as ‘paixões individuais’ (‘jogo’ interno e externo das faculdades)” (, 1955, p.189). O seria organizado tendo em vista a economia de tempo e espaço para o desenvolvimento integral do indivíduo. Seria um novo mundo estético, onde o seria lúdico e prazeroso. Todas as esferas da vida social seriam organizadas de tal forma, que propiciaria o pleno desenvolvimento do indivíduo e de suas faculdades receptivas e de fruição do prazer. O homem modelaria a realidade pela sua imaginação produtora, transformando a realidade em obra de arte.
Nesta nova do prazer o próprio indivíduo modificaria sua estrutura psíquica. Contra uma concepção de indivíduo como Logos (Razão), surge a noção de indivíduo como (Amor). O novo indivíduo proclamado por tem seu fundamento na teoria das pulsões freudiana. Partindo de uma interpretação da obra , à luz do , buscou desenvolver uma nova concepção de natureza humana. O indivíduo foi entendido por ele como pulsão de vida (). Na teoria freudiana essa pulsão é o impulso que preserva a vida e procura criar complexidades cada vez maiores de vida. é a pulsão que busca a satisfação da sexualidade, do prazer e do amor. A luta pelo prazer se constitui como um anseio de toda matéria orgânica pela existência. Segundo , nos primórdios da matéria orgânica, a razão surge no mundo como busca do prazer e fuga da dor. Mas quando a civilização através da luta pela existência se transformou em dominação pelos interesses de classes, a razão se converteu em repressão. Por este motivo, , busca recuperar a antiga essência da razão humana. A razão tem como objetivo aliviar as tensões do organismo através do prazer. Na teoria freudiana, a função do aparelho neuronial é aliviar as tensões endógenas e exógenas do organismo. A função de descarga motora dá-se pelo impulso de prazer (). Mas essa descarga se tornou em nossa época ação convertida em . O aparelho mental perdeu sua natureza essencial que era aliviar as tensões internas através de . Hoje essas tensões são aliviadas no , que produz mais tensões e frustrações. Todas as forças psíquicas e físicas são empregadas na alteração apropriada da realidade. O objetivo de , portanto, é recuperar a antiga função do aparelho neuronial como pulsão. A razão deveria assumir seu natural, a razão deveria transformar-se em (pulsão de vida). Com isso, redefiniria a razão em seus próprios termos. Essa nova razão, em uma futura, seria personificada na realidade em todas as esferas da vida social.

Michel Aires de Souza
http://filosofonet.wordpress.com/


FONTE : http://www.consciencia.org/marcusemichel.shtml

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