sexta-feira, 7 de agosto de 2009

UM CERTO JOSÉ ...

Peço aqui, licença poética ao grande Drummond,
pois, também quero indagar, um certo José ...




José ...
E agora, José ?
A pose acabou,
o tom apagou,
o voto sumiu,
a cadeira esfriou,
e agora, José ?
E agora, você ?
você que é sem terno,
que foge dos outros,
você que desfaz versos,
que cala, contesta,
e agora, José ?

Está sem ninguém,
esta sem recurso,
esta sem caminho,
já não pode correr,
já não pode parar,
mentir já não pode,
a cadeira esfriou,
o gozo não veio,
o clima não veio,
o tipo não veio,
não veio a folia,
e tudo acabou,
e tudo ruiu,
e tudo gelou,
e agora, José ?

E agora, José ?
sua doce falácia,
seu instante de plebe,
sua turra e vudu
sua brinquedoteca,
sua fava de ouro,
seu terço de vidro,
sua prepotência,
seu dólar - e agora ?

Com o cetro na mão
quer fechar a porta,
não existe cetro ;
quer viver no mar,
mas o mar morreu;
quer ir para o Amapá,
Amapá não há mais,
José, e agora ?

Se você curvasse,
se você tremesse,
se você dançasse
a valsa do adeus,
se você sumisse,
se você embrenhasse,
se você mudasse ...
mas você não muda,
você é tolo, José !

Sozinho e obscuro
qual mato-sem-bicho,
sem ideologia,
sem bancada nua
para se escorar,
sem tapete vermelho
que seja voador,
você marcha, José !
José, para onde ?





Estamos passando por um momento de profunda tristeza política,
onde o nosso Senado, através de seus "excelentíssimos" senadores,
vem nos proporcionando um deprimente e vexatório espetáculo
de abuso de poder, e total desrespeito à sociedade ...
Sabemos que "José Sarney", não é o grande malfeitor nesta estória;
sua saída, não seria suficiente para colocar ordem na casa, porém,
é evidente que sua permanência, se tornou moralmente insustentável
Agora, uma coisa é fato, o Senado é apenas um reflexo do que acontece na política brasileira como um todo ...
E esta postura passiva de nossa sociedade diante dos mandos e desmandos daqueles que, deveriam nos representar, sem dúvida, é
a pilastra que sustenta toda esta "politicagem" no mais fiel estilo
coronelista dos velhos tempos ...
Que o nosso povo não têm um histórico de participação em relação aos
assuntos políticos de nosso país, já sabemos; Que fomos doutrinados,
desde os tempos do Império, a dar viva ao rei,(seja ele quem fosse) e
colocar em suas mãos, o destino de nossa terra, nossos filhos e nossos
sonhos; também já sabemos; e é justamente por saber disto tudo, que
devemos dar um basta ! Um basta a este "paternalismo" que nos
mantêm aprisionados à um regime praticamente feudal ... Onde mesmo sem percebermos, acabamos dando "vivas" a tantos "Josés", Renans, Collors, e ACMS da vida !
E diante disto tudo, eu volto a perguntar :
E agora, você ?

2 comentários:

  1. Oi Marcelo
    Excelente o poema , uma releitura contemporanea de CDA, sorte dele é não estar vivo para ver tanto absurdo que vem do PCB - Planalto Central da Babaquice, e azar nosso não estar vivo para poder desfrutar da sua verve literária.
    O texto tambem é muito bom, agora podemos rever o Teatro do Absurdo de mestres como Ionesco como atualissimo.
    Abraços

    ResponderExcluir
  2. Muito obrigado pelo comentário meu amigo !
    Neste "PCB", infelizmente para nós, o "B" de babaquice é o que mais esta saltando aos nossos olhos ... e já estamos todos cansados de tantos
    babacas brincando de fazer política !

    Um grande abraço, e até breve !

    Marcelo Roque

    ResponderExcluir

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