domingo, 9 de agosto de 2009

"O OLHO DA RUA" - LIVRO DE ELIANE BRUN




Eliane Brum ensina arte da subversão em "O Olho da Rua"
03/11/08
Guilherme Azevedo

Se há uma palavra muito cara ao repertório jornalístico-literário da repórter Eliane Brum é esta aqui: subversão. Está presente em quase todas as suas reportagens, desde o início da carreira, em 1988, como repórter do jornal Zero Hora, de Porto Alegre.

E o ato de subverter de Eliane é como revela o dicionário: “revolver-se de baixo para cima”. Isto é, levar o que está embaixo para o alto.

No jornalismo, esse ato de subverter a ordem, de levar o que está no fundo para a superfície, se configura em Eliane, essencialmente, na disposição de revelar o extraordinário que há em cada homem dito comum, aquele que nunca interessou muito aos jornais.

Eliane tem um claro projeto: tirar esse homem comum, o homem simples, o homem que padece por falta de amparo básico, da invisibilidade.

Segundo o espírito sempre afetuoso e, às vezes, também furioso de subversão de Eliane, o pequeno é, na verdade, o grande; o anônimo é a celebridade; o louco é o sábio; o pobre é o pródigo.

O jornalismo de Eliane tem uma outra característica peculiar e, com isso, ela se assemelha muito a um de seus ilustres conterrâneos, o repórter gaúcho Marcos Faerman (1944-99): a absoluta sinceridade.

Suas reportagens, publicadas, desde 2000, na revista Época, onde é repórter especial, fazem de suas indagações, de suas dúvidas, de suas emoções, de seus “bastidores” de repórter assuntos presentes no texto final. É o reconhecimento e o anúncio explícito, a bem da honestidade e do respeito pelo leitor, das limitações do jornalista, diante, muitas vezes, daquilo que mal compreende, que apenas intui.

A repórter, vencedora dos principais prêmios nacionais de jornalismo, o Esso e o Vladimir Herzog, entre outros, vem agora com novo livro: O Olho da Rua – Uma repórter em busca da literatura da vida real (Globo, 424 páginas, R$ 48,00).

O lançamento está marcado para o dia 11 de novembro, das 19h às 22h, na Livraria da Vila: rua Fradique Coutinho, 915, Vila Madalena, região oeste de São Paulo.

É o terceiro livro de Eliane: o primeiro fora Coluna Prestes – O avesso da lenda (1994), em que a repórter refez a marcha da Coluna Prestes, revelando uma trajetória de crimes até então ignorados; e o segundo, A vida que ninguém vê (2006), coletânea de reportagens sobre o homem (in)comum das ruas gaúchas, principalmente de Porto Alegre.

O Olho da Rua tem prefácio do repórter Caco Barcellos e reúne dez reportagens originalmente publicadas na Época, mas com um atrativo extra: textos inéditos de Eliane sobre os bastidores de cada história, as indagações que nasceram do embate com a realidade, as escolhas feitas e os erros cometidos, também.

Sim, porque repórter também erra, não é ser acima do bem ou do mal, feito de completude. E o reconhecimento do erro, como muitos já notaram, é que, dialeticamente, revela a grandeza de uma obra e de um homem – e de uma mulher.

O leitor interessado em boas histórias, contadas com muito talento, generosidade e poesia, cheias de emoção (porque no jornalismo em que Eliane acredita repórter precisa se emocionar, abaixo a neutralidade), certamente vai gostar de O Olho da Rua. É jornalismo como deve ser.

Título: O Olho da Rua – Uma repórter em busca da literatura
da vida real (424 páginas)

Autora: Eliane Brum
Prefácio: Caco Barcellos
Preço: R$ 48,00


FONTE: http://jornalirismo.terra.com.br/jornalismo/14/544

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