terça-feira, 12 de maio de 2009

Ana Akmátova - poeta russa

Ana Akmátova: uma voz feminina da poesia russa contra a opressão


(...)“Pela primeira vez, na história da literatura russa, é uma típica poesia de mulher. As duas mais famosas poetisas que haviam precedido Akhmatova – Karolina Pávlova e Zinaída Gíppius – tentavam competir com os homens em seu próprio terreno, praticando uma arte notável, mas de cunho masculino e erudito”.

Réquiem: um ciclo de poemas (1935-1940)

Não, não foi sob um céu estrangeiro,
Nem ao abrigo de asas estrangeiras –
Eu estava bem no meio de meu povo,
Lá onde o meu povo infelizmente estava.


Poema sem Herói
Introdução

Do ano de mil novecentos e quarenta,
Do alto de uma torre a tudo observo,
Como se de novo me despedisse
Daquilo de que já me separei há tanto tempo,
Como se fizesse o sinal da cruz
E descesse aos mais negros subterrâneos
(25 de agosto de 1941 na Leningrado sitiada)

Livro: Anna Akhmatova Antologia Poética

FONTE: http://www.vivaviver.com.br/boa_leitura/ana_akmatova_uma_voz_feminina_da_poesia_russa_contra_a_opressao/294/.

DE “SONHO NEGRO” - 3

Por causa de teu amor enigmático
eu gemo como uma enferma.
Fui ficando amarelada e trêmula,
quase não consigo mais andar.
Não me venhas com novas canções,
que elas podem ser enganadoras;
mas arranha, arranha com mais força
este meu peito de tísica,
para que o sangue mais rápido espirre
de meu colo sobre a cama,
e a morte de meu coração arranque
para sempre esta maldita embriaguez.

Ele me disse que não tenho rival,
que para ele não sou uma mulher deste mundo,
e sim um sol de inverno que à terra traz alegria,
uma canção selvagem vinda da terra natal.
Quando eu morrer, ele não ficará triste,
não gritará, cheio de pavor: “Ressuscita!”
Mas, de repente, perceberá que é impossível viver
o corpo sem sol, a alma sem canções.
E daí?
1921
(...)
************************

OS MISTÉRIOS DO OFÍCIO

Não me importa o exército das odes,
Nem o jogo torneado da elegia.
Nos versos, tudo é fora de propósito,
Não como entre as pessoas, - me dizia.
Saibam vocês, o verso, é do monturo
Que ele se alenta, sem vexame disso,
Como um dente-de-leão pegado ao muro,
Anserina, bardana, erva-de-lixo.
Grito de zanga, um travo de alcatrão,
Um bolor misterioso que esverdinha...
E eis o verso, furor e mansidão,
Para alegria de vocês e minha.

I

Levaram-te de madrugada,
segui-te como se fosses a enterrar,
as crianças choravam no quarto sombrio,
a lamparina tremia diante do ícone.
O frio do ícone em teus lábios.
A morte suava em tua fronte... Esquecer, não!
Uivarei em torno das torres do Kremlin
como as esposas dos Strelsis.
(...)

CONTINUE A LER EM : http://br.geocities.com/jerusalem_13/anaakhmatova.html.

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