*O coronelismo (a cultura do coronelismo) no Brasil está enraizado em todas as instituições (inclusive na área corporativa), mas quem sabe, as grandes transformações na área do trabalho possam contaminar o resto...
http://pme.pt/mundo-startups/
http://cio.com.br/gestao/2016/04/06/o-legado-das-startups-para-a-cultura-corporativa/
O legado das startups para a cultura corporativa
Iniciamos um dos períodos mais desafiadores do mercado de trabalho na história moderna, no qual as respostas dependerão de criatividade e liberdade
Fábio Saad*
Publicada em 06 de abril de 2016 às 08h05
Às vésperas da quarta revolução industrial, aquela que terá profundas bases na tecnologia, as grandes empresas se preparam para se manterem vivas. Com uma estrutura colossal e muitos processos, pode ser difícil acompanhar as transformações de forma tão rápida quanto o necessário. Por isso, as “gigantes” encontraram nos espaços de coworking, no investimento anjo e nas incubadoras, a maneira de estar perto de empresas – startups – que podem contribuir com a inovação necessária para continuarem competitivas.
Nas startups, o espaço para o novo é mais do que propício. Em geral, são comandadas por jovens empreendedores; possuem um ambiente informal e desburocratizado; cultura moderna e hierarquia horizontalizada; e horário flexível. Enfim, são diversas as características que favorecem a criatividade e agilidade. Ao investirem nessas empresas, as grandes esperam se beneficiar de alguma forma de toda essa ebulição de ideias.
Apesar do investimento, não há uma relação de dono. As startups são livres para negociarem com diversos clientes e inclusive colocarem-se à venda quando considerarem o momento propício. Como fica, então, a sustentabilidade dessa parceria no longo prazo? O que as grandes empresas podem fazer para reter o conhecimento e fazer com que a inovação esteja mais presente no dia a dia da organização?
Acredito que uma das primeiras coisas a serem levadas em consideração é implementar uma cultura que estimule a inovação. O índice mais famoso da bolsa americana que contempla as maiores empresas de capital aberto dos Estados Unidos, o S&P 500, serve para demonstrar a velocidade de transformação do mercado. Em 1958, média de tempo de vida de uma empresa no índice era de 61 anos. Em 1980, a média caiu para 25 anos, em 2011, para 18 anos, e, se continuarmos neste ritmo, 75% das maiores empresas americanas deixará o índice até 2027. Quem inovar sobreviverá e ganhará espaço no mercado.
Investimento em startups podem até ser uma estratégia interessante do ponto de vista financeiro. Agora, quando pensamos em inovação dentro de uma grande empresa é preciso lidar com mais alternativas. Utilizar o próprio capital criativo dos funcionários, estimulando ambientes colaborativos e tolerantes ao erro pode ser a solução.
Para isto, é preciso compreender e dar liberdade para as novas gerações. Raramente uma nova ideia dá certo na primeira tentativa. Saber até onde o erro será aceito e entender que ele faz parte do processo é fundamental para inovar. A partir daí, é possível utilizar outros recursos para manter a equipe engajada: realizar job rotation; criar programas de desenvolvimento; e aproximar a equipe da liderança da área são alguns dos exemplos.
Certamente iniciamos um dos períodos mais desafiadores do mercado de trabalho na história moderna, no qual as respostas futuras dependerão de muita criatividade e liberdade.
*Fábio Saad é gerente sênior da divisão de Tecnologia da Robert Half.
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