sábado, 26 de março de 2011
AO LONGE, TÃO AQUI
Lá, ao longe, onde a serra geme
E eu paro
Tão inevitável a esperança
E eu corro
Há esperança?
É longe
A serra invade a madeira
Que estraleja
O meu cansaço é só cansaço é só cansaço
Eu ouso!
Já está tão perto eu quase lá
Quase ali estou chegando
O coração na boca
Olhos saltados
As mãos!
Minhas mãos se despem em última bravura
Derradeiro ardor
Em destemor
Impeço
Esse serrar insano
O soluçar da vida
Meu corpo
Nunca correu tão longe como agora
Entrego
O meu vermelho todo ao teu desejo morte
Em troca
Esta madeira é minha
Em verde me transformo.
Ali, tão perto,
Quando sorria a força do amor
A todo instante
Nas superfícies da vida,
Entre brilhos e ruídos festejantes,
A silenciosa raiz
A penetrar profunda
Para saciar-se em seiva...
Casais deitavam entre as flores
Para desnudar a sua paixão de primavera
E o riacho a cantar entre pedras
Que abriam caminho à eternidade da água
E seu amoroso deslizar profano...
Ali, tão aqui,
Antes do desfazer-se da terra
Em profunda, incontrolável, tristeza;
Antes da última visita das abelhas
Às derradeiras flores murchas...
Ao longe,
Onde meu corpo dorme em sonho verde,
Sob a languidez dos cipós
E o perfume das últimas orquídeas,
Desfazendo-se, aos poucos,
Na pureza da terra limpa,
Unindo-se à solidão da relva
Que ainda tenta a ressurreição...
Lá, aqui,
Quando tento ser inteiro
Eu posso?
Esgueirar-me nas tramas deste enredo
Eu quero!
É tanta a terra que parece sufocar
Mas tento!
O meu rastejar é rápido e disforme
Pura volúpia
A desejar todas as cores
A água!
A transformar-me em alimento
E fome
E amor perfeito
Um fluido renascer
Eu sou
Todas as belezas em súbito instante
De infinito e cosmos
E poeira.
Fausto Brignol.
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Sodes un gente tam proxima que é como teneros aiqui entre nos. Unha aperta grande e Saude. Este blog é un bellisima cocinha.
ResponderExcluirkarlotti