domingo, 3 de maio de 2009

"ESCUTA,ZÉ NINGUÉM" - livro de Wilhelm Reich

Amor, trabalho e sabedoria são as fontes da nossa vida.

Deviam também governá-la -" REICH"


Ó respeitáveis enganadores que troçais de mim!

Donde brota a vossa política,

Enquanto o mundo for governado por vós?

Das punhaladas e do assassínio!

Charles de Coster (em Ulenspiegel)


Escuta, Zé Ninguém!

não é um documento científico, mas humano. Foi escrito no Verão de 1946, para os arquivos do Instituto Orgone, sem que se pensasse, então, em publicá-lo. Resultou da luta interior de um cientista e médico que, durante décadas, passou pela experiência, a princípio ingênua, depois cheia de espanto e, finalmente, de horror, do que o Zé Ninguém, o homem comum, é capaz de fazer de si próprio, de como sofre e se revolta, das honras que tributa aos seus inimigos e do modo como assassina os seus amigos. Sempre que chega ao poder como “representante do povo”, aplica-o mal e transformado em qualquer coisa ainda mais cruel do que o sadismo que outrora suportava por parte dos elementos das classes anteriormente dominantes.

Escuta, Zé Ninguém! representa uma resposta silenciosa à intriga e à difamação. Ao ser escrito, ninguém podia compreender que certas entidades governamentais com missão de proteger a saúde pública fossem capazes, em conluio com politiqueiros, de atacar o trabalho de investigação do Instituto Orgone. A tentativa, no ambiente de peste emocional de 1947, de destruir o Instituto (não com provas de erro ou crime, mas atacando a sua honra) levou a publicar, como documento histórico, Escuta, Zé Ninguém!.

As circunstâncias mostravam ser necessário, ao homem comum, saber o que se passa nos bastidores de um laboratório científico e, ao mesmo tempo, verificar o que pensa a seu respeito um psiquiatra experiente. Que conheça a realidade, único modo de vencer a desastrosa paixão pelo poder que tanto o obceca. Que lhe seja dito, sem rebuço, que responsabilidade assume, quando trabalha, ama, odeia ou difama. Que entenda como se chega ao fascismo, negro ou vermelho, ambos igualmente perigosos para a segurança dos vivos e para a proteção de nossos filhos. Isso, não apenas porque tais ideologias, vermelhas ou negras, são intrinsecamente assassinas, mas também por transformarem crianças saudáveis em adultos mutilados, autômatos e moralmente dementes.

Pois dão preferência ao Estado sobre a justiça, à mentira sobre a verdade, à guerra sobre a vida. Para o educador, para o médico, existe apenas uma fidelidade: ao que há de vivo na criança e no doente. Se esta fidelidade for estritamente respeitada, até os grandes problemas da “política externa”, encontram uma solução simples.

Esta “conversa” não pretende apresentar receitas existenciais. Simplesmente, descreve as tempestades emocionais por que passa um homem produtivo e satisfeito. Não visa convencer, aliciar ou conquistar ninguém. Visa, sim, retratar a experiência, como um guache pinta uma tempestade. O leitor não é chamado a testemunhar-lhe simpatia. Pode ler ou não ler. Não encerra quaisquer intenções ou programas. Visa unicamente facultar ao pesquisador e ao pensador o direito ao sentimento e a reação pessoal, nunca disputado ao poeta e ao filósofo. É um protesto contra os desígnios secretos e ignotos da peste emocional que, bem entrincheirada e em segurança, vem capciosamente envenenando o investigador honesto e corajoso com as suas setas ervadas. Mostra como é a peste emocional, como funciona e entrava o progresso. Testemunha ainda a confiança na inexplorada riqueza que se oculta na “natureza humana”, pronta a servir as esperanças do homem.





Escuta, Zé Ninguém!



Chamam-te “Zé Ninguém!” “Homem Comum” e, ao que dizem, começou a tua era, a “Era do Homem Comum”. Mas não és tu que o dizes, Zé Ninguém, são eles, os vice-presidentes das grandes nações, os importantes dirigentes do proletariado, os filhos da burguesia arrependidos, os homens de Estado e os filósofos. Dão-te o futuro, mas não te perguntam pelo passado.

Tu és herdeiro de um passado terrível. A tua herança queima-te as mãos, e sou eu que to digo. A verdade é que todo o médico, sapateiro, mecânico ou educador que queira trabalhar e ganhar o seu pão deve conhecer as suas limitações. Há algumas décadas, tu, Zé Ninguém, começaste a penetrar no governo da Terra. O futuro.da raça humana depende, à partir de agora, da maneira como pensas e ages. Porém, nem os teus mestres nem os teus senhores te dizem como realmente pensas e és, ninguém ousa dirigir-te a única critica que te podia tornar apto a ser inabalável senhor dos teus destinos. És “livre” apenas num sentido: livre da educação que te permitiria conduzires a tua vida como te aprouvesse, acima da autocrítica.

Nunca te ouvi queixar: “Vocês promovem-me a futuro senhor de mim próprio e do meu mundo, mas não me dizem como fazê-lo e não me apontam erros no que penso e faço”. (...)
LEIA MAIS EM : http://www.culturabrasil.pro.br/zeninguem.htm.

Um comentário:

  1. MUITO BEM POSTADO...MAIO começa com indagações que tem que ser feitas e Reich instiga mesmo qdo propõe a crítica como postura imediata...Difícil, mas necessária...Apontar erros, lá vamos nós...Boa tarde amiga...mais uma vez obrigada por tudo...Admiração sempre, carinho maior...Abraços...

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