Nunca Nos Separamos do Primeiro Amor
Já o disse em Hiroshima Mon Amour:
o que conta não é a manifestação do desejo,
da tentativa amorosa. O que conta é o inferno
da história única. Nada a substitui,
nem uma segunda história. Nem a mentira.
Nada. Quanto mais a provocamos, mais ela foge.
Amar é amar alguém. Não há um múltiplo
da vida que possa ser vivido.
Todas as primeiras histórias de amor se quebram
e depois é essa história que transportamos
para as outras histórias. Quando se viveu
um amor com alguém, fica-se marcado
para sempre e depois transporta-se essa
história de pessoa a pessoa.
Nunca nos separamos dele.
Não podemos evitar a unicidade, a fidelidade,
como se fôssemos, só nós, o nosso próprio cosmo.
Amar toda a gente, como proclamam
algumas pessoas e os cristãos, é embuste.
Essas coisas não passam de mentiras.
Só se ama uma pessoa de cada vez.
Nunca duas ao mesmo tempo.
Marguerite Duras, in "Mundo Exterior "
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