O Governo Berlusconi gasta rios de dinheiro e pressiona com extrema prepotência as autoridades de outros países, no afã de fazer cumprir uma sentença contra o escritor Cesare Battisti baseada quase exclusivamente nos depoimentos suspeitíssimos de delatores premiados.
Se a palavra de arrependidos merece tanto crédito quanto a tábua dos dez mandamentos, então o premiê Silvio Berlusconi deve ser imediatamente destituído do cargo e conduzido à prisão.
Motivo: o ex-mafioso Gaspare Spatuzza, que colabora com a Justiça há cerca de um ano, acusou nesta sexta-feira (4) Berlusconi e o senador siciliano Marcello Dell'Utri de terem dado cobertura política ao chefão Giuseppe Graviano na década passada. O depoimento foi prestado em audiência pública na cidade italiana de Turim.
Na condição de capo da Cosa Nostra (a Máfia siciliana), Graviano ordenou o atentado contra o juiz Paolo Borsellino, assassinado juntamente com seus cinco seguranças (1992), bem como ataques a museus e instalações culturais que causaram pânico em Florença, Roma e Milão (1993).
Só na explosão de uma bomba em Florença foram mortas cinco pessoas, inclusive uma criança.
"Eles deixaram a cidade em nossas mãos", teria comentado Graviano em 1994, referindo-se a Berlusconi e Dell'Utri.
O segundo já foi sentenciado a nove anos de prisão por associação mafiosa, mas recorreu.
"Berlusconi bem poderia explicar aos italianos por que (...) manteve a seu lado pessoas como Dell'Utri, condenado por delitos mafiosos em primeira instância", desafiou Antonio di Pietro, dirigente do partido Itália dos Valores. Berlusconi e Dell'Utri são amigos de longa data e cofundadores do partido Forza Italia.
O premiê, entretanto, parece mais preocupado em intimidar artistas cujas obras enfocam o crime organizado: há uma semana jurou estrangular, caso os encontre, o autor de uma série televisiva de grande audiência e os escritores que escrevem livros sobre a Máfia, "dando uma imagem ruim da Itália para o mundo"...
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