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terça-feira, 31 de março de 2009
NAMORO DE MOLEIRO - AMOR - TELA E POESIA DE LUIZA CAETANO (AMIGA LÚCIA ENVIA)
"NAMORO DE MOLEIRO"
A M O R
Tenho um dedo
que te adivinha
um segredo
que te inventa
uma lança
que te assassina
um amor
que te acorrenta
um olhar
que te fulmina
Tenho
Meu Amor
toda a ternura
do mundo
nesta amargura
de medo
Neste Amor
neste segredo!
(LuizaCaetano/Tela e Poesia)
A M O R
Tenho um dedo
que te adivinha
um segredo
que te inventa
uma lança
que te assassina
um amor
que te acorrenta
um olhar
que te fulmina
Tenho
Meu Amor
toda a ternura
do mundo
nesta amargura
de medo
Neste Amor
neste segredo!
(LuizaCaetano/Tela e Poesia)
NO DIA EM QUE A LIBERDADE FOI-SE EMBORA
Eu tinha 13 anos em 31 de março de 1964.
Puxando pela memória, só consigo me lembrar de que, naqueles dias, a TV vendia o golpe de estado em grande estilo, insuflando tal euforia patrioteira que os cordeirinhos faziam fila para atender ao apelo: "Dê ouro para o bem do Brasil!".
Matronas iam orgulhosamente tirar suas alianças e oferecê-las para os novos redentores da Nação, torcendo para que as câmeras as estivessem focalizando naquele momento solene.
Desde muito cedo eu peguei bronca dessas situações em que a multidão se move segundo uma coreografia traçada por alguém acima dela, com cada pessoa esforçando-se para parecer mais sincera no papel representado... de forma tão exagerada que acaba se mostrando, isto sim, artificial e canastrônica.
De paradas de 7 de setembro a procissões, eu não suportava a falsa uniformidade. Gostava de ver cada indivíduo sendo ele mesmo, igual a todos e diferente de todos ao mesmo tempo.
E, na preparação do clima para a quartelada, houvera a Marcha da Família, com Deus, pela Liberdade, com aquelas senhoras embonecadas e aqueles senhores engravatados me parecendo sumamente ridículos.
Aqui cabe uma explicação: duas fortes influências me indispunham contra a marcha da classe média baratinada.
Minha família era kardecista e, quando eu tinha oito, nove anos, me levava num centro espírita cujo orador falava muito bem... e era exacerbadamente anticatólico.
A cada semana recriminava a riqueza e a falta de caridade da Igreja, contrastando-a com a miséria do seu rebanho. Cansava de repetir que Cristo expulsara os vendilhões do tempo, mas estes estavam todos encastelados no Vaticano.
Vai daí que, cabeça feita por esse devoto tardio do cristianismo das catacumbas, eu jamais poderia aplaudir um movimento de católicos opulentos.
E eu devorara a obra infantil de Monteiro Lobato inteira. Com ele aprendera a prezar a simplicidade, desprezando a ostentação e o luxo; a respeitar os sábios e artistas, de preferência aos ganhadores de dinheiro.
Mas, afora essa rejeição, digamos, estética, eu não tinha opinião sobre o golpe.
Escutava meu avô dizendo que, se viesse o comunismo, ele teria de dividir sua casa com uma família de baianos (o termo pejorativo com que os paulistas designavam os excluídos da época, predominantemente nordestinos).
Registrava a informação, que me parecia um tanto fantasiosa, mas não tinha certeza de que o meu avô estivesse errado.
O certo é que os grandes acontecimentos nacionais me interessavam muito pouco, pois pertenciam à realidade ainda distante do mundo adulto.
Na canção em que Caetano descreve sua partida de Santo Amaro da Purificação para tentar a sorte na cidade grande, ele lembrou que "no dia em que eu vim-me embora/ não teve nada de mais", afora um detalhe prosaico: "senti apenas que a mala de couro que eu carregava/ embora estando forrada/ fedia, cheirava mal".
Da mesma forma, o dia que mudou todo meu futuro -- seja o 31 de março festejado pelos tiranos, seja o 1º de abril em que a mentira realmente tomou conta da Nação -- não teve nada de mais.
Gostaria de poder afirmar que percebi, logo naquele momento, estarmos começando a carregar uma fedorenta mala sem alça, da qual não nos livraríamos por 21 longos anos.
Mas, seria abusar da licença poética e eu não minto, nem para tornar mais vistosas as minhas crônicas.
Os mentirosos eram os outros. Os fardados, as embonecadas e os engravatados.
CELSO LUNGARETTI
Puxando pela memória, só consigo me lembrar de que, naqueles dias, a TV vendia o golpe de estado em grande estilo, insuflando tal euforia patrioteira que os cordeirinhos faziam fila para atender ao apelo: "Dê ouro para o bem do Brasil!".
Matronas iam orgulhosamente tirar suas alianças e oferecê-las para os novos redentores da Nação, torcendo para que as câmeras as estivessem focalizando naquele momento solene.
Desde muito cedo eu peguei bronca dessas situações em que a multidão se move segundo uma coreografia traçada por alguém acima dela, com cada pessoa esforçando-se para parecer mais sincera no papel representado... de forma tão exagerada que acaba se mostrando, isto sim, artificial e canastrônica.
De paradas de 7 de setembro a procissões, eu não suportava a falsa uniformidade. Gostava de ver cada indivíduo sendo ele mesmo, igual a todos e diferente de todos ao mesmo tempo.
E, na preparação do clima para a quartelada, houvera a Marcha da Família, com Deus, pela Liberdade, com aquelas senhoras embonecadas e aqueles senhores engravatados me parecendo sumamente ridículos.
Aqui cabe uma explicação: duas fortes influências me indispunham contra a marcha da classe média baratinada.
Minha família era kardecista e, quando eu tinha oito, nove anos, me levava num centro espírita cujo orador falava muito bem... e era exacerbadamente anticatólico.
A cada semana recriminava a riqueza e a falta de caridade da Igreja, contrastando-a com a miséria do seu rebanho. Cansava de repetir que Cristo expulsara os vendilhões do tempo, mas estes estavam todos encastelados no Vaticano.
Vai daí que, cabeça feita por esse devoto tardio do cristianismo das catacumbas, eu jamais poderia aplaudir um movimento de católicos opulentos.
E eu devorara a obra infantil de Monteiro Lobato inteira. Com ele aprendera a prezar a simplicidade, desprezando a ostentação e o luxo; a respeitar os sábios e artistas, de preferência aos ganhadores de dinheiro.
Mas, afora essa rejeição, digamos, estética, eu não tinha opinião sobre o golpe.
Escutava meu avô dizendo que, se viesse o comunismo, ele teria de dividir sua casa com uma família de baianos (o termo pejorativo com que os paulistas designavam os excluídos da época, predominantemente nordestinos).
Registrava a informação, que me parecia um tanto fantasiosa, mas não tinha certeza de que o meu avô estivesse errado.
O certo é que os grandes acontecimentos nacionais me interessavam muito pouco, pois pertenciam à realidade ainda distante do mundo adulto.
Na canção em que Caetano descreve sua partida de Santo Amaro da Purificação para tentar a sorte na cidade grande, ele lembrou que "no dia em que eu vim-me embora/ não teve nada de mais", afora um detalhe prosaico: "senti apenas que a mala de couro que eu carregava/ embora estando forrada/ fedia, cheirava mal".
Da mesma forma, o dia que mudou todo meu futuro -- seja o 31 de março festejado pelos tiranos, seja o 1º de abril em que a mentira realmente tomou conta da Nação -- não teve nada de mais.
Gostaria de poder afirmar que percebi, logo naquele momento, estarmos começando a carregar uma fedorenta mala sem alça, da qual não nos livraríamos por 21 longos anos.
Mas, seria abusar da licença poética e eu não minto, nem para tornar mais vistosas as minhas crônicas.
Os mentirosos eram os outros. Os fardados, as embonecadas e os engravatados.
CELSO LUNGARETTI
segunda-feira, 30 de março de 2009
FOUCAULT , AS DROGAS E AS AMIZADES
"Foucault relata sua frustração em relação a maneira como as drogas são tratadas em nossa cultura, pois, em sua opinião, elas já fazem parte, mesmo que negadas e/ou proibidas por muitos, de nossa cultura. “O que me frustra, por exemplo, é que se considere sempre o problema das drogas exclusivamente em termos de liberdade ou de proibição. [...]
Enquanto fonte de prazer. Devemos estudar as drogas. Devemos experimentar as drogas. Devemos fabricar boas drogas - capazes de produzir um prazer muito intenso. O puritanismo, que coloca o problema das drogas - um puritanismo que implica o que se deve estar contra ou a favor - é uma atitude errônea. As drogas já fazem parte de nossa cultura. Da mesma forma que há boa música e má música, há boas e más drogas. E então, da mesma forma que não podemos dizer somos ‘contra’ a música, não podemos dizer que somos ‘contra’ as drogas” (FOUCAULT, 1984c)
"Essa característica da amizade vai de encontro ao objetivo político, ético, social e filosófico dos nossos dias, isto é, a recusa do que somos, de nossa identidade que nos foi imposta. Foucault não nega a importância daquilo que realmente torna os indivíduos seres individuais, mas sim é contra à imposição, exercida pelo Estado Moderno sobre o indivíduo, de um tipo de individualidade. “Se devemos nos posicionar em relação à questão da identidade, temos que partir do fato de que somos seres únicos. Mas as relações que devemos estabelecer conosco mesmos não são relações de identidade, elas devem ser antes relações de diferenciação, de criação, de inovação. É muito chato ser sempre o mesmo. Nós não devemos excluir a identidade se é pelo viés desta identidade que as pessoas encontram seu prazer, mas não devemos considerar essa identidade como uma regra ética universal” (FOUCAULT, 1984c; 1995a, p. 234-239).
10
O êthos significava para os gregos a maneira de ser, ou de se conduzir. Era a forma concreta de se praticar a liberdade, manifestada nos hábitos e gestos cotidianos do indivíduo, sendo por isso visível a todos. Mas para que essa
prática tomasse uma forma bela, honrada, respeitável e memorável era preciso um intenso trabalho do indivíduo sobre
si mesmo (FOUCAULT, 2004, p. 270).
11
Aqui, pode-se entender por limites aquilo que separa o necessário do possível. Em relação a isso, Foucault sinaliza a necessidade de escapar à alternativa do fora e do dentro, de se situar nas fronteiras, pois é apenas no limite que ocorre o
ato transgressivo, a ultrapassagem possível (FOUCAULT, 2001a p. 32-34; 2005a, p. 345-347).
******************************************************************************
*"A AMIZADE EM FOUCAULT: PELA INVENÇÃO DE POSSIBILIDADES DE VIDA"
Thiago Canonenco Naldinho
UNESP - Assis
FONTE : http://www.gepef.pro.br/EGEPEF/TRABALHOS%20EGEPEF%202007/helio/artigo%20thiago.pdf.
Enquanto fonte de prazer. Devemos estudar as drogas. Devemos experimentar as drogas. Devemos fabricar boas drogas - capazes de produzir um prazer muito intenso. O puritanismo, que coloca o problema das drogas - um puritanismo que implica o que se deve estar contra ou a favor - é uma atitude errônea. As drogas já fazem parte de nossa cultura. Da mesma forma que há boa música e má música, há boas e más drogas. E então, da mesma forma que não podemos dizer somos ‘contra’ a música, não podemos dizer que somos ‘contra’ as drogas” (FOUCAULT, 1984c)
"Essa característica da amizade vai de encontro ao objetivo político, ético, social e filosófico dos nossos dias, isto é, a recusa do que somos, de nossa identidade que nos foi imposta. Foucault não nega a importância daquilo que realmente torna os indivíduos seres individuais, mas sim é contra à imposição, exercida pelo Estado Moderno sobre o indivíduo, de um tipo de individualidade. “Se devemos nos posicionar em relação à questão da identidade, temos que partir do fato de que somos seres únicos. Mas as relações que devemos estabelecer conosco mesmos não são relações de identidade, elas devem ser antes relações de diferenciação, de criação, de inovação. É muito chato ser sempre o mesmo. Nós não devemos excluir a identidade se é pelo viés desta identidade que as pessoas encontram seu prazer, mas não devemos considerar essa identidade como uma regra ética universal” (FOUCAULT, 1984c; 1995a, p. 234-239).
10
O êthos significava para os gregos a maneira de ser, ou de se conduzir. Era a forma concreta de se praticar a liberdade, manifestada nos hábitos e gestos cotidianos do indivíduo, sendo por isso visível a todos. Mas para que essa
prática tomasse uma forma bela, honrada, respeitável e memorável era preciso um intenso trabalho do indivíduo sobre
si mesmo (FOUCAULT, 2004, p. 270).
11
Aqui, pode-se entender por limites aquilo que separa o necessário do possível. Em relação a isso, Foucault sinaliza a necessidade de escapar à alternativa do fora e do dentro, de se situar nas fronteiras, pois é apenas no limite que ocorre o
ato transgressivo, a ultrapassagem possível (FOUCAULT, 2001a p. 32-34; 2005a, p. 345-347).
******************************************************************************
*"A AMIZADE EM FOUCAULT: PELA INVENÇÃO DE POSSIBILIDADES DE VIDA"
Thiago Canonenco Naldinho
UNESP - Assis
FONTE : http://www.gepef.pro.br/EGEPEF/TRABALHOS%20EGEPEF%202007/helio/artigo%20thiago.pdf.
O tempo, o ócio, as paixões,Domenico de Masi, Dorival Caymme e Dalai Lama
(...)**DORIVAL CAYMME!! nosso grande artista sabia muito bem viver seu ócio criativo com a maior dignidade e talento! Se todos pudessem viver desta forma admirável!… Artistas algumas vezes conseguem,
porque possuem um ritmo particular de trabalho e conseguem viver intensamente,fazendo uma boa mistura diária de “trabalho”,ócio criativo,descanso,prazer! e aí na verdade torna-se tudo uma coisa só!
o trabalho passa a ser vivido com muito prazer! Gostar do que se faz é diferente de se fazer o que se gosta! isto os orientais já aprenderam bem antes de nós!… A visão de encarar a vida com uma postura meditativa,sentindo a energia que brota da vida e tentando vivê-la da melhor forma possível,vivendo cada instante profundamente,deve ser meio caminho andado para entender e viver o ócio criativo que Domenico de Masi diz. Dalai Lama tem uma frase ótima!…
“Perguntaram ao Dalai Lama”
O que mais o surpreende na Humanidade?
Resposta de Dalai Lama:
“Os homens… Porque perdem a saúde para juntar dinheiro, depois perdem o dinheiro para recuperar a saúde!
Por pensarem ansiosamente no futuro, e, esquecerem o presente de tal maneira que acabam por não viver nem o presente nem o futuro.
Vivem como se nunca fossem morrer… e morrem como se nunca tivessem vivido.”
LEIA MAIS EM: http://ocioechocolate.blogspot.com/2008/08/o-cio-criativo-o-trabalho-e-domenico-de.html
*Mais sobre Dorival Caymme : "um amigo passou em frente a casa de Caymme,estava ele a cuidar do jardim,o amigo então lhe disse :"trabalhando um pouco!?" e Caymme respondeu-lhe: "não,estou descansando".
Noutra hora o amigo passou outra vez em frente a casa de Caymme , e desta vez ele estava deitado em sua rede. O amigo perguntou-lhe :" descansando um pouco!?"
e Caymme mais uma vez surpreendeu-lhe!! disse: "não, estou trabalhando".
Nadia Stabile - 30/03/09
porque possuem um ritmo particular de trabalho e conseguem viver intensamente,fazendo uma boa mistura diária de “trabalho”,ócio criativo,descanso,prazer! e aí na verdade torna-se tudo uma coisa só!
o trabalho passa a ser vivido com muito prazer! Gostar do que se faz é diferente de se fazer o que se gosta! isto os orientais já aprenderam bem antes de nós!… A visão de encarar a vida com uma postura meditativa,sentindo a energia que brota da vida e tentando vivê-la da melhor forma possível,vivendo cada instante profundamente,deve ser meio caminho andado para entender e viver o ócio criativo que Domenico de Masi diz. Dalai Lama tem uma frase ótima!…
“Perguntaram ao Dalai Lama”
O que mais o surpreende na Humanidade?
Resposta de Dalai Lama:
“Os homens… Porque perdem a saúde para juntar dinheiro, depois perdem o dinheiro para recuperar a saúde!
Por pensarem ansiosamente no futuro, e, esquecerem o presente de tal maneira que acabam por não viver nem o presente nem o futuro.
Vivem como se nunca fossem morrer… e morrem como se nunca tivessem vivido.”
LEIA MAIS EM: http://ocioechocolate.blogspot.com/2008/08/o-cio-criativo-o-trabalho-e-domenico-de.html
*Mais sobre Dorival Caymme : "um amigo passou em frente a casa de Caymme,estava ele a cuidar do jardim,o amigo então lhe disse :"trabalhando um pouco!?" e Caymme respondeu-lhe: "não,estou descansando".
Noutra hora o amigo passou outra vez em frente a casa de Caymme , e desta vez ele estava deitado em sua rede. O amigo perguntou-lhe :" descansando um pouco!?"
e Caymme mais uma vez surpreendeu-lhe!! disse: "não, estou trabalhando".
Nadia Stabile - 30/03/09
NUM PISCAR DE OLHOS
Nem bem amanheceu
e já caiu a noite
nem bem morreu
e já lhe rezam no sétimo dia
nem bem gozou
e já espera o filho no portão da escola
nem bem deixou o peito da mãe
e já é um assíduo frequentador dos bordéis
nem bem se formou
e já "mal diz" sua aposentadoria
nem bem se casou
e já carrega o neto nos ombros
e nem bem amou
e já pensa em amar de novo
Marcelo Roque
e já caiu a noite
nem bem morreu
e já lhe rezam no sétimo dia
nem bem gozou
e já espera o filho no portão da escola
nem bem deixou o peito da mãe
e já é um assíduo frequentador dos bordéis
nem bem se formou
e já "mal diz" sua aposentadoria
nem bem se casou
e já carrega o neto nos ombros
e nem bem amou
e já pensa em amar de novo
Marcelo Roque
A CRIMINALIDADE É INTRÍNSECA AO CAPITALISMO
O problema da escalada da criminalidade no Brasil vai muito além da ótica simplista e repressiva da nossa mídia. Tem a ver com o estilhaçamento da família e da sociedade sob o capitalismo globalizado.
Ambas ainda se mantinham razoavelmente estruturadas no chamado capitalismo industrial, apesar de todos os defeitos que tão bem conhecemos: desigualdades econômicas e sociais, elitismo, autoritarismo, etc.
No final da década de 1960, entretanto, esse modelo chegou ao esgotamento. O próprio capitalismo demandava uma desestruturação da antiga sociedade, para erguer uma nova sobre seus escombros. Os jovens, entretanto, tentaram ir mais longe: em vez da substituição de uma forma de dominação por outra, sonharam com o fim de todas as dominações.
Com o fracasso das tentativas revolucionárias do período (da Primavera de Paris à de Praga, passando pela contestação nos EUA e pelos movimentos revolucionários no 3º mundo) implantou-se a sociedade de massas, em que tudo e todos devem estar permanentemente disponíveis para o consumo.
No Brasil, isto se deu em meio à paz dos cemitérios, na terrível década de 1970.
Os órgãos de comunicação, assumindo plenamente as características de uma indústria cultural, deixaram de lado a missão de formar (expoentes da elite) para o exercício do pensamento crítico, restringindo-se a apenas informar (a elite e a classe média) fragmentariamente e a repisar os valores capitalistas. A formação de cidadãos cedeu lugar à capacitação de profissionais.
O trabalho perdeu qualquer atrativo que ainda tivesse como concretização do potencial criativo do ser humano. Tornou-se uma corrida de ratos atrás do dinheiro, sem ética nem o mínimo respeito pelo interesse coletivo.
O ingresso em massa da mulher no mercado de trabalho aviltou remunerações e subjugou toda a família à engrenagem de produção e consumo, transformando o lar em mero dormitório.
A família foi desvalorizada pela influência atordoante da comunicação de massas. Pais e mães cansados não conseguem competir com o brilho da telinha que hipnotiza as crianças, impingindo-lhes os valores consumistas.
Então, nada existe de estranho no fato de que as pessoas sem aptidões para competir dentro do sistema busquem atalhos para conseguir aqueles bens dia e noite propagandeados como objetos de desejo.
Perplexos, muitos cidadãos gostariam de ver aplicadas aqui as punições drásticas dos países muçulmanos: que se cortassem as mãos dos ladrões, o pênis dos estupradores e a vida dos assassinos. Olho por olho, dente por dente.
Outros pedem mais policiais nas ruas, de preferência atirando primeiro e perguntando depois... nos bairros pobres ou quando os suspeitos são negros, pardos ou malvestidos, é claro.
E há os que defendem a maioridade penal a partir dos 14 ou 16 anos, o que somente fará os bandidos diminuírem proporcionalmente a idade do recrutamento de seus serviçais, até que tenhamos crianças empunhando fuzis e metralhadoras. O velho chavão moralista mudará de “hoje mocinho, amanhã bandido” para “hoje bandido, amanhã defunto”.
No fundo, tudo isso são paliativos. Inexiste forma ideal de se lidar com aqueles que já se tornaram bestas-feras, nocivos para si próprios e para a sociedade. Pode-se, quanto muito, controlá-los – e a um custo dos mais elevados para um país de tantas e tão dramáticas carências.
Exterminá-los, jamais! Isso levaria a violência a patamares apocalípticos, pois os bandidos não teriam mais nada a perder. Nós, sim, perderíamos, ao abrirmos mão da civilização arduamente edificada nos milênios que nos separam da horda primitiva, voltando à estaca zero.
O xis do problema, no entanto, nunca é discutido: o fato de que a criminalidade é intrínseca ao capitalismo e subsistirá enquanto não substituirmos o primado da ganância e da competição pelo da solidariedade e da cooperação.
Vivemos numa sociedade que desperdiça o potencial já existente para se proporcionar uma existência digna a cada habitante do planeta; que faz as pessoas trabalharem muito mais do que o suficiente para a produção do necessário e útil; que condena parcela substancial da população economicamente ativa ao desemprego, à informalidade e à mendicância; que estimula ao máximo a compulsão consumista sem dar à maioria a condição de adquirir seus objetos de desejo; que retirou do trabalho qualquer atrativo como realização individual, tornando-o apenas um meio para obtenção do vil metal (ou seja, uma nova forma de escravidão).
Então, os que ainda têm emprego e os empreendedores continuarão irrealizados, esforçando-se demais para nunca obterem as gratificações almejadas, pois a lógica do capitalismo é perpetuar a insatisfação e mitigá-la com o consumo (a cenoura colocada à frente do asno para que ele continue puxando a carroça). Um círculo vicioso perverso que faz a fortuna dos analistas, dos farsantes religiosos e dos picaretas da auto-ajuda.
Alguns excluídos continuarão vivendo das esmolas dos programas oficiais e vão ajudar a eleger aqueles a quem convém mantê-los em eterna dependência.
Outros tentarão obter pela força aquilo que jamais alcançarão pela competência. E servirão de espantalho para intimidar as classes superiores, fazendo-as crer que uma sociedade policial seria a solução.
É paradoxal que, em nossa época, formidáveis avanços científicos e tecnológicos coexistam com uma regressão ao ambiente medieval, com os nobres entrincheirados em condomínios de alto padrão, circulando em veículos brindados e só podendo levar vida social em shopping centers, sem ousarem expor-se fora de suas fortalezas. No exterior desses espaços fortificados e vigiados, os bárbaros estão sempre à espreita, prontos para desferir seus golpes.
Uma previsão terrível de Friedrich Engels, um dos pais do marxismo: quando uma sociedade consegue aniquilar as forças progressistas que poderiam levá-la a um estágio superior de civilização, acaba sendo destruída pela barbárie. O paralelo é com Roma, que venceu os gladiadores de Spartacus mas sucumbiu aos povos atrasados, condenando o mundo a séculos de trevas.
E o papel de carrasco da sociedade putrefata não será necessariamente cumprido pelos excluídos do progresso desequilibrado e insano: após a recessão capitalista em curso, com enorme risco de evoluir para depressão, vêm aí as décadas de devastações com que o meio ambiente pagará, na mesma moeda, àqueles poucos que gananciosamente o devastaram e àqueles muitos que bovinamente consentiram na devastação.
O que resta saber é se os homens conseguirão unir-se na adversidade, assumindo uma responsabilidade coletiva pela perpetuação da espécie humana.
Pois, prevalecendo a mentalidade do salve-se quem puder, a humanidade dificilmente sobreviverá ao capitalismo.
Ambas ainda se mantinham razoavelmente estruturadas no chamado capitalismo industrial, apesar de todos os defeitos que tão bem conhecemos: desigualdades econômicas e sociais, elitismo, autoritarismo, etc.
No final da década de 1960, entretanto, esse modelo chegou ao esgotamento. O próprio capitalismo demandava uma desestruturação da antiga sociedade, para erguer uma nova sobre seus escombros. Os jovens, entretanto, tentaram ir mais longe: em vez da substituição de uma forma de dominação por outra, sonharam com o fim de todas as dominações.
Com o fracasso das tentativas revolucionárias do período (da Primavera de Paris à de Praga, passando pela contestação nos EUA e pelos movimentos revolucionários no 3º mundo) implantou-se a sociedade de massas, em que tudo e todos devem estar permanentemente disponíveis para o consumo.
No Brasil, isto se deu em meio à paz dos cemitérios, na terrível década de 1970.
Os órgãos de comunicação, assumindo plenamente as características de uma indústria cultural, deixaram de lado a missão de formar (expoentes da elite) para o exercício do pensamento crítico, restringindo-se a apenas informar (a elite e a classe média) fragmentariamente e a repisar os valores capitalistas. A formação de cidadãos cedeu lugar à capacitação de profissionais.
O trabalho perdeu qualquer atrativo que ainda tivesse como concretização do potencial criativo do ser humano. Tornou-se uma corrida de ratos atrás do dinheiro, sem ética nem o mínimo respeito pelo interesse coletivo.
O ingresso em massa da mulher no mercado de trabalho aviltou remunerações e subjugou toda a família à engrenagem de produção e consumo, transformando o lar em mero dormitório.
A família foi desvalorizada pela influência atordoante da comunicação de massas. Pais e mães cansados não conseguem competir com o brilho da telinha que hipnotiza as crianças, impingindo-lhes os valores consumistas.
Então, nada existe de estranho no fato de que as pessoas sem aptidões para competir dentro do sistema busquem atalhos para conseguir aqueles bens dia e noite propagandeados como objetos de desejo.
Perplexos, muitos cidadãos gostariam de ver aplicadas aqui as punições drásticas dos países muçulmanos: que se cortassem as mãos dos ladrões, o pênis dos estupradores e a vida dos assassinos. Olho por olho, dente por dente.
Outros pedem mais policiais nas ruas, de preferência atirando primeiro e perguntando depois... nos bairros pobres ou quando os suspeitos são negros, pardos ou malvestidos, é claro.
E há os que defendem a maioridade penal a partir dos 14 ou 16 anos, o que somente fará os bandidos diminuírem proporcionalmente a idade do recrutamento de seus serviçais, até que tenhamos crianças empunhando fuzis e metralhadoras. O velho chavão moralista mudará de “hoje mocinho, amanhã bandido” para “hoje bandido, amanhã defunto”.
No fundo, tudo isso são paliativos. Inexiste forma ideal de se lidar com aqueles que já se tornaram bestas-feras, nocivos para si próprios e para a sociedade. Pode-se, quanto muito, controlá-los – e a um custo dos mais elevados para um país de tantas e tão dramáticas carências.
Exterminá-los, jamais! Isso levaria a violência a patamares apocalípticos, pois os bandidos não teriam mais nada a perder. Nós, sim, perderíamos, ao abrirmos mão da civilização arduamente edificada nos milênios que nos separam da horda primitiva, voltando à estaca zero.
O xis do problema, no entanto, nunca é discutido: o fato de que a criminalidade é intrínseca ao capitalismo e subsistirá enquanto não substituirmos o primado da ganância e da competição pelo da solidariedade e da cooperação.
Vivemos numa sociedade que desperdiça o potencial já existente para se proporcionar uma existência digna a cada habitante do planeta; que faz as pessoas trabalharem muito mais do que o suficiente para a produção do necessário e útil; que condena parcela substancial da população economicamente ativa ao desemprego, à informalidade e à mendicância; que estimula ao máximo a compulsão consumista sem dar à maioria a condição de adquirir seus objetos de desejo; que retirou do trabalho qualquer atrativo como realização individual, tornando-o apenas um meio para obtenção do vil metal (ou seja, uma nova forma de escravidão).
Então, os que ainda têm emprego e os empreendedores continuarão irrealizados, esforçando-se demais para nunca obterem as gratificações almejadas, pois a lógica do capitalismo é perpetuar a insatisfação e mitigá-la com o consumo (a cenoura colocada à frente do asno para que ele continue puxando a carroça). Um círculo vicioso perverso que faz a fortuna dos analistas, dos farsantes religiosos e dos picaretas da auto-ajuda.
Alguns excluídos continuarão vivendo das esmolas dos programas oficiais e vão ajudar a eleger aqueles a quem convém mantê-los em eterna dependência.
Outros tentarão obter pela força aquilo que jamais alcançarão pela competência. E servirão de espantalho para intimidar as classes superiores, fazendo-as crer que uma sociedade policial seria a solução.
É paradoxal que, em nossa época, formidáveis avanços científicos e tecnológicos coexistam com uma regressão ao ambiente medieval, com os nobres entrincheirados em condomínios de alto padrão, circulando em veículos brindados e só podendo levar vida social em shopping centers, sem ousarem expor-se fora de suas fortalezas. No exterior desses espaços fortificados e vigiados, os bárbaros estão sempre à espreita, prontos para desferir seus golpes.
Uma previsão terrível de Friedrich Engels, um dos pais do marxismo: quando uma sociedade consegue aniquilar as forças progressistas que poderiam levá-la a um estágio superior de civilização, acaba sendo destruída pela barbárie. O paralelo é com Roma, que venceu os gladiadores de Spartacus mas sucumbiu aos povos atrasados, condenando o mundo a séculos de trevas.
E o papel de carrasco da sociedade putrefata não será necessariamente cumprido pelos excluídos do progresso desequilibrado e insano: após a recessão capitalista em curso, com enorme risco de evoluir para depressão, vêm aí as décadas de devastações com que o meio ambiente pagará, na mesma moeda, àqueles poucos que gananciosamente o devastaram e àqueles muitos que bovinamente consentiram na devastação.
O que resta saber é se os homens conseguirão unir-se na adversidade, assumindo uma responsabilidade coletiva pela perpetuação da espécie humana.
Pois, prevalecendo a mentalidade do salve-se quem puder, a humanidade dificilmente sobreviverá ao capitalismo.
domingo, 29 de março de 2009
PIRACEMA CIBERNÉTICA - MARCELO ROQUE
"Piracema"
Eu já posso até ver
cardumes cibernéticos
com seus chips brânquiais
e escamas com micro-sensores
massageando os egos
dos rios Pinheiros e Tietê
Marcelo Roque
(Sobre notícia vinculada pela imprensa,
que fala da invenção do peixe robô, que
irá auxiliar na fiscalização dos índices de
poluição dos mares e rios)
Eu já posso até ver
cardumes cibernéticos
com seus chips brânquiais
e escamas com micro-sensores
massageando os egos
dos rios Pinheiros e Tietê
Marcelo Roque
(Sobre notícia vinculada pela imprensa,
que fala da invenção do peixe robô, que
irá auxiliar na fiscalização dos índices de
poluição dos mares e rios)
"PARLA !"
"PARLA!"
Não cabe ao artista explicar sua arte, cabe a arte, explicar o artista.
Marcelo Roque
Não cabe ao artista explicar sua arte, cabe a arte, explicar o artista.
Marcelo Roque
II PEDALADA PELADA DE SÃO PAULO FOI DIA 14 DE MARÇO
(...)A metáfora da nudez do ciclista urbano, frágil e invisível quando vestido e foco das atenções quando pelado, não pode ser encenada na avenida mais importante da cidade. Uma boa reflexão sobre os valores e espaços em disputa por causa da Pedalada Pelada pode ser encontrada em dois artigos: este do site Nus pela Terra e esta matéria no Blog das Ruas, além de outros relatos e textos publicados fora da mídia corporativa.
A fuga da Paulista certamente levanta discussões sobre outros tabus e disputas importantes, mas a escolha do incosciente coletivo pela escapada talvez tenha garantido a visibilidade para os temas evocados, além de permitir que outros espaços da cidade fossem transformados pela passagem da colorida massa em uma bela tarde de sábado.
Com isso, mesmo sem a nudez em massa, as “reivindicações” dos participantes ganharam uma ou duas boas matérias na chamada “grande mídia”, além de uma dezena de imagens e notas de “infotenimento”. Milhares de pessoas nas ruas tomaram contato direto com aquela informação inusitada, demonstrando em 99% dos casos receptividade e apoio.
Além disso, a quantidade e a qualidade dos relatos, fotos, vídeos e comentários nos blogs, na mídia alternativa e nas comunidades virtuais segue crescendo, refletindo o desejo cada vez maior por outros horizontes, outras notícias e outras formas de vida para as comunidades reais.
É sábido que a ousadia não faz parte do pensamento dominante e que as reações às mudanças geralmente são rápidas e ferozes nestas terras. A presença de centenas pessoas pedalando livres e alegres naquela tarde de sábado acelera e potencializa transformações inevitáveis, alterando perspectivas, estimulando consciências e dando forças e voz para a construção de outros paradigmas.
Se a Pedalada Pelada não quebrou tabus, rompeu cercas, encarou exércitos ou provocou combustão instantânea no hype da notícia, certamente contribuiu com mais um passo para a visibilidade de assuntos como mobilidade urbana, mídia, transporte, distribuição e uso do solo, consumismo, guerra, sustentabilidade, trânsito, violência, meio ambiente, nudez, propaganda, liberdade de expressão e outros tantos.
E que venha a terceira edição!
DO BLOG "APOCALIPSE MOTORIZADO" - LEIA E VEJA MAIS EM:
http://www.apocalipsemotorizado.net/2009/03/21/ii-pedalada-pelada-em-sp-a-ousadia-impossivel/
"CONATUS...PAIXÕES..." ESPINOSA
Espinosa faz uma distinção perspicaz entre apetites e desejos. Os apetites são pulsões originalmente corporais, como a fome, a sede e as relacionadas à sexualidade. Os desejos correspondem à consciência dos apetites -- são os apetites percebidos no plano consciente. A difererença que Espinosa estabelece entre apetites e desejos é semelhante à que o neurocientista António Damásio faz, respectivamente, entre emoções e sentimentos.21 Para Espinosa, o desejo é a essência do ser humano. Não desejamos as coisas porque as consideramos boas: ao contrário, nós as consideramos boas porque as desejamos.22 A idéia espinosana de desejo mais tarde encontraria ressonância no que Schopenhauer, no século 19, chamaria de vontade de viver, e Nietzsche, no mesmo século, denominaria de vontade de poder.
O desejo, portanto, é a consciência dos apetites do corpo. Quando estamos alienados, os apetites são levados a extremos. Eles têm a ver com o que o filósofo, no livro III, proposições VI,VII e VII da Ética, apresenta e demonstra com o nome de conatus -- o esforço que cada coisa faz para continuar a existir, seja em termos de extensão, seja em termos de pensamento. Esse esforço corresponde à própria essência das coisas e “não envolve nenhum tempo finito, mas um tempo indefinido”.
A alegria (laetitia), a felicidade e o amor aumentam nossa potência para agir; a tristeza (tristitia) e o ódio fazem o contrário. A relação entre a tristeza e a falta de energia para desejar e agir é hoje um critério importante para o diagnóstico dos estados depressivos, embora estes não devam ser reduzidos à tristeza. Com efeito, eis uma das definições psiquiátricas clássicas da depressão: é a diminuição ou perda das apetências. O conatus inclui o nosso esforço para aumentar a potência de agir, a força de existir. É aquilo que nos impele a buscar as paixões alegres e evitar as paixões tristes, como o apego às aparências e à superficialidade, os maniqueísmos, a autodepreciação e o sentimento de culpa. Voltarei a falar sobre ele nas considerações finais.
As paixões são naturais e Espinosa não as rechaça: só condena as que fazem com que caiamos sob a influência e o poder de forças externas. Como sair da paixão exacerbada e entrar na ação? Isto é, como controlar as paixões e entrar em contato com sentimentos, pensamentos e atitudes sobre os quais podemos atuar, seja como autores seja como agentes? Ainda na Ética, o filósofo responde: “Uma afecção [mudança, transformação], que é uma paixão, deixa de ser paixão no momento em que dela formamos uma idéia clara e distinta”.23 Essa posição espinosana, somada a outras semelhantes (ele estudou também o que hoje chamamos de atos falhos, como o lapsus linguae e outros), fizeram com que muitos vissem nele um dos precursores da psicanálise.
http://br.answers.yahoo.com/question/index?qid=20070821103311AAccbTB.
O desejo, portanto, é a consciência dos apetites do corpo. Quando estamos alienados, os apetites são levados a extremos. Eles têm a ver com o que o filósofo, no livro III, proposições VI,VII e VII da Ética, apresenta e demonstra com o nome de conatus -- o esforço que cada coisa faz para continuar a existir, seja em termos de extensão, seja em termos de pensamento. Esse esforço corresponde à própria essência das coisas e “não envolve nenhum tempo finito, mas um tempo indefinido”.
A alegria (laetitia), a felicidade e o amor aumentam nossa potência para agir; a tristeza (tristitia) e o ódio fazem o contrário. A relação entre a tristeza e a falta de energia para desejar e agir é hoje um critério importante para o diagnóstico dos estados depressivos, embora estes não devam ser reduzidos à tristeza. Com efeito, eis uma das definições psiquiátricas clássicas da depressão: é a diminuição ou perda das apetências. O conatus inclui o nosso esforço para aumentar a potência de agir, a força de existir. É aquilo que nos impele a buscar as paixões alegres e evitar as paixões tristes, como o apego às aparências e à superficialidade, os maniqueísmos, a autodepreciação e o sentimento de culpa. Voltarei a falar sobre ele nas considerações finais.
As paixões são naturais e Espinosa não as rechaça: só condena as que fazem com que caiamos sob a influência e o poder de forças externas. Como sair da paixão exacerbada e entrar na ação? Isto é, como controlar as paixões e entrar em contato com sentimentos, pensamentos e atitudes sobre os quais podemos atuar, seja como autores seja como agentes? Ainda na Ética, o filósofo responde: “Uma afecção [mudança, transformação], que é uma paixão, deixa de ser paixão no momento em que dela formamos uma idéia clara e distinta”.23 Essa posição espinosana, somada a outras semelhantes (ele estudou também o que hoje chamamos de atos falhos, como o lapsus linguae e outros), fizeram com que muitos vissem nele um dos precursores da psicanálise.
http://br.answers.yahoo.com/question/index?qid=20070821103311AAccbTB.
...breve incursão...MICROFÍSICA DO PODER - MICHEL FOUCAULT
(...)Rejeitando uma perspectiva de análise sobre o poder enquanto teoria acabada, Foucault nos chama a atenção para algumas considerações no uso desta categoria de análise, a partir de “precauções metodológicas”:
*
analisar o poder na extremidade menos jurídica de seu exercício;
*
analisar o poder onde ele se implanta e produz efeitos reais;
*
analisar o poder como algo que se exerce em rede, que circula;
*
analisar o poder de forma ascendente, de baixo para cima; investigando como suas estratégias são investidas e captadas por fenômenos mais gerais;
*
compreender que os aparelhos de saber constituídos para que se exerçam os poderes não são construções ideológicas.
Em resumo:
"(...) em vez de orientar a pesquisa sobre o poder no sentido do edifício jurídico da soberania, dos aparelhos de Estado e das ideologias que o acompanham, deve-se orientá-la para a dominação, os operadores materiais, as formas de sujeição, os usos e as conexões da sujeição pelos sistemas locais e os dispositivos estratégicos. É preciso estudar o poder colocando-se fora do modelo do Leviatã, fora do campo delimitado pela soberania jurídica e pela instituição estatal. É preciso estudá-lo a partir das técnicas e táticas de dominação (...)."
(Foucault, 1992: 186).(...)
(...)"O momento histórico (séc. XVIII) das disciplinas é o momento em que nasce uma arte do corpo humano, que visa não unicamente o aumento de suas habilidades, nem tampouco aprofundar sua sujeição, mas a formação de um relação que no mesmo mecanismo o torna tanto mais obediente quanto é mais útil, e inversamente. Forma-se então uma política das coerções que são um trabalho sobre o corpo, uma manipulação calculada de seus elementos, de seus gestos, de seus comportamentos. O corpo humano entra numa maquinaria de poder que o esquadrinha, o desarticula e o recompõe. Uma 'anatomia política', que é também igualmente uma 'mecânica do poder', está nascendo; ela define como se ter domínio sobre o corpo dos outros, não simplesmente para que façam o que se quer, mas para que operem como se quer, com as técnicas, segundo a rapidez e a eficácia que se determina. A disciplina fabrica assim corpos submissos e exercitados, corpos 'dóceis'. A disciplina aumenta as forças do corpo (em termos econômicos de utilidade) e diminui essas mesmas forças (em termos políticos de obediência)." (Foucault, 1991: 127).(...)
FONTE: http://www.cchla.ufpb.br/paraiwa/02-carvalho.html
*
analisar o poder na extremidade menos jurídica de seu exercício;
*
analisar o poder onde ele se implanta e produz efeitos reais;
*
analisar o poder como algo que se exerce em rede, que circula;
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analisar o poder de forma ascendente, de baixo para cima; investigando como suas estratégias são investidas e captadas por fenômenos mais gerais;
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compreender que os aparelhos de saber constituídos para que se exerçam os poderes não são construções ideológicas.
Em resumo:
"(...) em vez de orientar a pesquisa sobre o poder no sentido do edifício jurídico da soberania, dos aparelhos de Estado e das ideologias que o acompanham, deve-se orientá-la para a dominação, os operadores materiais, as formas de sujeição, os usos e as conexões da sujeição pelos sistemas locais e os dispositivos estratégicos. É preciso estudar o poder colocando-se fora do modelo do Leviatã, fora do campo delimitado pela soberania jurídica e pela instituição estatal. É preciso estudá-lo a partir das técnicas e táticas de dominação (...)."
(Foucault, 1992: 186).(...)
(...)"O momento histórico (séc. XVIII) das disciplinas é o momento em que nasce uma arte do corpo humano, que visa não unicamente o aumento de suas habilidades, nem tampouco aprofundar sua sujeição, mas a formação de um relação que no mesmo mecanismo o torna tanto mais obediente quanto é mais útil, e inversamente. Forma-se então uma política das coerções que são um trabalho sobre o corpo, uma manipulação calculada de seus elementos, de seus gestos, de seus comportamentos. O corpo humano entra numa maquinaria de poder que o esquadrinha, o desarticula e o recompõe. Uma 'anatomia política', que é também igualmente uma 'mecânica do poder', está nascendo; ela define como se ter domínio sobre o corpo dos outros, não simplesmente para que façam o que se quer, mas para que operem como se quer, com as técnicas, segundo a rapidez e a eficácia que se determina. A disciplina fabrica assim corpos submissos e exercitados, corpos 'dóceis'. A disciplina aumenta as forças do corpo (em termos econômicos de utilidade) e diminui essas mesmas forças (em termos políticos de obediência)." (Foucault, 1991: 127).(...)
FONTE: http://www.cchla.ufpb.br/paraiwa/02-carvalho.html
Discurso Sobre a Servidão Voluntária - Etienne de La Boétie
Palavras iniciais
Etienne de La Boétie morreu aos 33 anos de idade, em 1563. Deixou sonetos, traduções de Xenofonte e Plutarco e o Discurso Sobre a Servidão Voluntária, o primeiro e um dos mais vibrantes hinos à liberdade dentre os que já se escreveram.
O Discurso foi publicado após a
Toda a sua obra ficou como legado ao filósofo Montaigne (1533 – 1592), seu amigo pessoal que, diante de uma primeira publicação – pirata – do Discurso em 1571, viu-se obrigado a se pronunciar a respeito da Obra, que procura minimizar em seus efeitos apodando-lhe o epíteto de “obra de infância” e “mero exercício intelectual”. Montaigne, com todo o seu inegável brilho intelectual, era um Homem do Estado e disso não escapava.
Entre muitos pontos importantes e relevantes do Discurso em si, ressalta-se:
_ O poder que um só homem exerce sobre os outros é ilegítimo.
_ A preferência pela república em detrimento da monarquia.
_ As crenças religiosas são frequentemente usadas pelas monarquias para manter o povo sob sujeição e jugo.
_ Etienne de La Boétie afirma no Discurso a liberdade e a igualdade de todos os homens na dimensão política.
_ Evidencia, pela primeira vez na história, a força da opinião pública.
_ Repele todas as formas de demagogia.
_ Incursionando pioneiramente pelo que mais tarde ficará conhecido como psicologia de massas, informa da irracionalidade da servidão, desde o título provocativo da Obra, indicada como uma espécie de vício, de doença coletiva.
O Discurso, que no século XVI Montaigne considerava difícil prefaciar, hoje em dia é ainda tristemente atual.
O ser humano encontra-se em amarras auto-infligidas por toda a parte. Como dizia Manuel J. Gomes, importante tradutor de La Boétie para o português:
“Se em 1600 era tarefa difícil escrever um prefácio a La Boétie, hoje não é mais fácil. Hoje como nos tempos de La Boétie e Montaigne, a alienação é demasiado doce (como um refrigerante) e a liberdade demasiado amarga, porque está demasiado próxima da solidão. E da loucura.”(...)
LEIA EM:
FONTE: http://www.culturabrasil.pro.br/boetie.htm
Etienne de La Boétie morreu aos 33 anos de idade, em 1563. Deixou sonetos, traduções de Xenofonte e Plutarco e o Discurso Sobre a Servidão Voluntária, o primeiro e um dos mais vibrantes hinos à liberdade dentre os que já se escreveram.
O Discurso foi publicado após a
Toda a sua obra ficou como legado ao filósofo Montaigne (1533 – 1592), seu amigo pessoal que, diante de uma primeira publicação – pirata – do Discurso em 1571, viu-se obrigado a se pronunciar a respeito da Obra, que procura minimizar em seus efeitos apodando-lhe o epíteto de “obra de infância” e “mero exercício intelectual”. Montaigne, com todo o seu inegável brilho intelectual, era um Homem do Estado e disso não escapava.
Entre muitos pontos importantes e relevantes do Discurso em si, ressalta-se:
_ O poder que um só homem exerce sobre os outros é ilegítimo.
_ A preferência pela república em detrimento da monarquia.
_ As crenças religiosas são frequentemente usadas pelas monarquias para manter o povo sob sujeição e jugo.
_ Etienne de La Boétie afirma no Discurso a liberdade e a igualdade de todos os homens na dimensão política.
_ Evidencia, pela primeira vez na história, a força da opinião pública.
_ Repele todas as formas de demagogia.
_ Incursionando pioneiramente pelo que mais tarde ficará conhecido como psicologia de massas, informa da irracionalidade da servidão, desde o título provocativo da Obra, indicada como uma espécie de vício, de doença coletiva.
O Discurso, que no século XVI Montaigne considerava difícil prefaciar, hoje em dia é ainda tristemente atual.
O ser humano encontra-se em amarras auto-infligidas por toda a parte. Como dizia Manuel J. Gomes, importante tradutor de La Boétie para o português:
“Se em 1600 era tarefa difícil escrever um prefácio a La Boétie, hoje não é mais fácil. Hoje como nos tempos de La Boétie e Montaigne, a alienação é demasiado doce (como um refrigerante) e a liberdade demasiado amarga, porque está demasiado próxima da solidão. E da loucura.”(...)
LEIA EM:
FONTE: http://www.culturabrasil.pro.br/boetie.htm
A OBEDIÊNCIA- FOUCAULT
“O treinamento dos escolares deve ser feito da mesma maneira; poucas palavras, nenhuma explicação, no máximo um silêncio total que só seria interrompido por sinais; sinos, palmas, gestos, simples olhar do mestre, ou ainda aquele pequeno aparelho de madeira que os Irmãos das Escolas Cristãs usavam; era chamado por excelência “Sinal” e devia significar em sua brevidade maquinal ao mesmo tempo a técnica do comando e a moral da obediência” (Foucault, Vigiar e punir, p. 140).
FONTE: http://www.museudainfancia.unesc.net/memoria/expo_escolares/imagensescola.htm
(...)Mas, enquanto a crítica ao poder dominante chamava os Governos à razão, agora são estes que pretendem fazer a crítica aos utentes do espaço público, ou calá-los, com o consentimento destes. O retrato desta figuração encontra-se bem delineado por Foucault que apontou a culpa dos totalitarismos do século XX, não aos governantes, mas aos governados, tese abordada por La Boétie, no século XVI, no seu “Discours de la servitude volontaire”, onde retratava, não o abuso do poder, mas o abuso da obediência. Dizia La Boétie: “ São sempre quatro ou cinco que mantém o tirano; quatro ou cinco que lhe conservam o país inteiro em servidão. Sempre foi assim: cinco ou seis obtiveram o ouvido do tirano e por si mesmos deles se aproximaram; ou então por ele foram chamados para serem os cúmplices de suas crueldades, os companheiros de seus prazeres. Esses seis têm seiscentos que crescem debaixo deles e fazem de seu seiscentos o que os seis fazem do tirano. Esses seiscentos conservam debaixo deles seis mil e esses têm milhões” (“Discurso da Servidão Voluntária” , Ed Brasiliense, SP , 1982: 31-32). Está montado o palco para a tirania, para a ditadura, que só subsiste se houver o abuso do consentimento, o abuso da obediência de todos.. Falar disto é falar do direito desportivo, é falar de como se fazem leis à feição da ditadura de Salazar que seguia o raciocínio de Montesquieu, para quem as leis “sont faites pour des gents de médiocre entendement” (“De l’esprit des lois”, ed. Flammarion, Paris,1979: II, 304). Por isso ninguém foi ouvido, nem convidado a participar na Lei de Bases do Desporto. O Governo fê-la como fazem ao meu cão que aceita tudo o que lhe dão... por submissão, servidão, consentimento e abuso de obediência.(...)
FONTE: http://oldblogs.sapo.pt/comentar?entry_id=324701
FONTE: http://www.museudainfancia.unesc.net/memoria/expo_escolares/imagensescola.htm
(...)Mas, enquanto a crítica ao poder dominante chamava os Governos à razão, agora são estes que pretendem fazer a crítica aos utentes do espaço público, ou calá-los, com o consentimento destes. O retrato desta figuração encontra-se bem delineado por Foucault que apontou a culpa dos totalitarismos do século XX, não aos governantes, mas aos governados, tese abordada por La Boétie, no século XVI, no seu “Discours de la servitude volontaire”, onde retratava, não o abuso do poder, mas o abuso da obediência. Dizia La Boétie: “ São sempre quatro ou cinco que mantém o tirano; quatro ou cinco que lhe conservam o país inteiro em servidão. Sempre foi assim: cinco ou seis obtiveram o ouvido do tirano e por si mesmos deles se aproximaram; ou então por ele foram chamados para serem os cúmplices de suas crueldades, os companheiros de seus prazeres. Esses seis têm seiscentos que crescem debaixo deles e fazem de seu seiscentos o que os seis fazem do tirano. Esses seiscentos conservam debaixo deles seis mil e esses têm milhões” (“Discurso da Servidão Voluntária” , Ed Brasiliense, SP , 1982: 31-32). Está montado o palco para a tirania, para a ditadura, que só subsiste se houver o abuso do consentimento, o abuso da obediência de todos.. Falar disto é falar do direito desportivo, é falar de como se fazem leis à feição da ditadura de Salazar que seguia o raciocínio de Montesquieu, para quem as leis “sont faites pour des gents de médiocre entendement” (“De l’esprit des lois”, ed. Flammarion, Paris,1979: II, 304). Por isso ninguém foi ouvido, nem convidado a participar na Lei de Bases do Desporto. O Governo fê-la como fazem ao meu cão que aceita tudo o que lhe dão... por submissão, servidão, consentimento e abuso de obediência.(...)
FONTE: http://oldblogs.sapo.pt/comentar?entry_id=324701
Texto de Enrico Malatesta - (AMIGO CRISTÓVÃO ENVIA)
Em França existem leis severas contra os que usam ou vendem cocaína. E, como é habitual, o vício expande-se e intensifica-se, apesar das leis. O mesmo se passa no resto da Europa e na América. O dr. Courtois, da Academia de Medicina Francesa, que já no ano passado havia lançado um grito de alarme contra o perigo da cocaína, ao comprovar-se o fracasso da legislação penal reclama agora novas e mais severas leis. É o velho erro dos legisladores, apesar da experiência sempre ter demonstrado, invariavelmente , que nunca a lei, por mais bárbara que seja, serviu para suprimir um vício ou para impedir o delito.
Quanto mais severas forem as penas impostas aos consumidores e aos "negociantes" de cocaína, mais aumentará nos consumidores a atração pelo fruto proibido e o fascínio pelo perigo afrontado, e nos especuladores a avidez do lucro, que já é enorme e aumentará paralelamente à ameaça da lei. É inútil esperar pela lei. Nós propomos um outro remédio. Declarar livre o uso e comércio da cocaína e abrir lojas onde ela seja vendida a baixo preço. E depois lançar uma campanha para explicar ao público, de forma clara, os danos causados por essa droga; ninguém faria propaganda contrária, porque ninguém poderia ganhar com o mal dos cocainômanos.
Certamente com isso não desapareceria por completo o uso prejudicial da cocaína, porque persistiriam as causas sociais que criam os desgraçados e os empurram para a utilização de estupefacientes. Mas mesma assim o mal diminuiria, porque ninguém poderia ganhar com a venda da droga e ninguém poderia lucrar com a perseguição aos traficantes. Por isso a nossa proposta não será levada em consideração, ou será apelidada de quimérica e louca. E no entanto as pessoas inteligentes poderiam dizer: "Já que as leis penais se mostram impotentes, não estaria certo, ao menos como experiência, pôr à prova o método anarquista?"
*Este artigo, de autoria de Enrico Malatesta, foi publicado em 30 de agosto de 1922,no jornal Umanità Nova, deixa claro que nossa única evolução neste século foi tecnológica. É muito pouco para o ser Humano.
Quanto mais severas forem as penas impostas aos consumidores e aos "negociantes" de cocaína, mais aumentará nos consumidores a atração pelo fruto proibido e o fascínio pelo perigo afrontado, e nos especuladores a avidez do lucro, que já é enorme e aumentará paralelamente à ameaça da lei. É inútil esperar pela lei. Nós propomos um outro remédio. Declarar livre o uso e comércio da cocaína e abrir lojas onde ela seja vendida a baixo preço. E depois lançar uma campanha para explicar ao público, de forma clara, os danos causados por essa droga; ninguém faria propaganda contrária, porque ninguém poderia ganhar com o mal dos cocainômanos.
Certamente com isso não desapareceria por completo o uso prejudicial da cocaína, porque persistiriam as causas sociais que criam os desgraçados e os empurram para a utilização de estupefacientes. Mas mesma assim o mal diminuiria, porque ninguém poderia ganhar com a venda da droga e ninguém poderia lucrar com a perseguição aos traficantes. Por isso a nossa proposta não será levada em consideração, ou será apelidada de quimérica e louca. E no entanto as pessoas inteligentes poderiam dizer: "Já que as leis penais se mostram impotentes, não estaria certo, ao menos como experiência, pôr à prova o método anarquista?"
*Este artigo, de autoria de Enrico Malatesta, foi publicado em 30 de agosto de 1922,no jornal Umanità Nova, deixa claro que nossa única evolução neste século foi tecnológica. É muito pouco para o ser Humano.
sexta-feira, 27 de março de 2009
Paralelo - Tecnologia e meio-ambiente - DE 29/03 até 1º DE ABRIL EM SÃO PAULO
Encontro internacional de artistas, designers e pesquisadores
- In the wilderness, Koert Van Mensvoort
Entre os dias 29 de março e 1º de abril acontece em São Paulo o encontro internacional Paralelo - Tecnologia e Meio-ambiente, que reunirá artistas, designers e pesquisadores do Brasil, do Reino Unido e da Holanda para discutirem práticas interdisciplinares e colaborativas que aproximam arte, ciência e ecologia.
Del teatro griego al romano
http://www.artehistoria.com/arte/vide...
El teatro griego consta de tres partes esenciales: escena, orquestra y graderío. La escena se encuentra a nivel de tierra y en ella se emplean decoraciones giratorias en forma de prismas triangulares. La orquestra es la parte dedicada al coro; tiene planta circular y en el centro se alza la estatua dedicada a Dionisos, dios en cuyo honor se celebra la fiesta. El graderío tiene planta ultrasemicircular, rodeando en parte a la orquestra.
La principal novedad en el teatro romano la encontramos en la disminución del tamaño de la orquestra, que se hace semicircular debido a la menor importancia otorgada al coro durante la representación. Al hacerse la orquestra semicircular, el graderío toma la misma forma. Los romanos le llaman cavea y distinguen en él tres tercios. De esta manera, el teatro se convierte en un edificio y la escena ocupa un papel importante en él, organizándose habitualmente a través de arquerías, frontones y nichos.
En Roma el más importante de los teatros es el Marcelo mientras que en España destaca el de Mérida, realizado en el año 18 a.C. aunque su escena se construya en el año 135 después de Cristo
Mensagem de Augusto Boal para o Dia Mundial do Teatro de 2009 -É HOJE!! 27 DE MARÇO!! (MODOLINKAR) DO BLOG PIMENTA NEGRA(clique aqui)
Mensagem do Dia Mundial do Teatro 2009 ( 27 de Março)
«Todas as sociedades humanas são espectaculares no seu quotidiano, e produzem espectáculos em momentos especiais. São espectaculares como forma de organização social, e produzem espectáculos como este que vocês vieram ver.
Mesmo quando inconscientes, as relações humanas são estruturadas em forma teatral: o uso do espaço, a linguagem do corpo, a escolha das palavras e a modulação das vozes, o confronto de ideias e paixões, tudo que fazemos no palco fazemos sempre em nossas vidas: nós somos teatro!
Não só casamentos e funerais são espectáculos, mas também os rituais quotidianos que, por sua familiaridade, não nos chegam à consciência. Não só pompas, mas também o café da manhã e os bons-dias, tímidos namoros e grandes conflitos passionais, uma sessão do Senado ou uma reunião diplomática - tudo é teatro.
Uma das principais funções da nossa arte é tornar conscientes esses espetáculos da vida diária onde os actores são os próprios espectadores, o palco é a platéia e a platéia, palco. Somos todos artistas: fazendo teatro, aprendemos a ver aquilo que nos salta aos olhos, mas que somos incapazes de ver tão habituados estamos a olhar. O que nos é familiar torna-se invisível: fazer teatro, ao contrário, ilumina o palco da nossa vida cotidiana.
Em Setembro do ano passado fomos surpreendidos por uma revelação teatral: nós, que pensávamos viver em um mundo seguro apesar das guerras, genocídios, hecatombes e torturas que aconteciam, sim, mas longe de nós em países distantes e selvagens, nós vivíamos seguros com nosso dinheiro guardado em um banco respeitável ou nas mãos de um honesto corretor da Bolsa - nós fomos informados de que esse dinheiro não existia, era virtual, feia ficção de alguns economistas que não eram ficção, nem eram seguros, nem respeitáveis. Tudo não passava de mau teatro com triste enredo, onde poucos ganhavam muito e muitos perdiam tudo. Políticos dos países ricos fecharam-se em reuniões secretas e de lá saíram com soluções mágicas. Nós, vítimas de suas decisões, continuamos espectadores sentados na última fila das galerias.
Vinte anos atrás, eu dirigi Fedra de Racine, no Rio de Janeiro. O cenário era pobre; no chão, peles de vaca; em volta, bambus. Antes de começar o espetáculo, eu dizia aos meus atores: - "Agora acabou a ficção que fazemos no dia-a-dia. Quando cruzarem esses bambus, lá no palco, nenhum de vocês tem o direito de mentir. Teatro é a Verdade Escondida".
Vendo o mundo além das aparências, vemos opressores e oprimidos em todas as sociedades, etnias, géneros, classes e castas, vemos o mundo injusto e cruel. Temos a obrigação de inventar outro mundo porque sabemos que outro mundo é possível. Mas cabe a nós construí-lo com nossas mãos entrando em cena, no palco e na vida.
Assistam ao espetáculo que vai começar; depois, em suas casas com seus amigos, façam suas peças vocês mesmos e vejam o que jamais puderam ver: aquilo que salta aos olhos. Teatro não pode ser apenas um evento - é forma de vida!
Actores somos todos nós, e cidadão não é aquele que vive em sociedade: é aquele que a transforma!»
Augusto Boal
http://www.iti-worldwide.org/
FONTE : http://pimentanegra.blogspot.com/
«Todas as sociedades humanas são espectaculares no seu quotidiano, e produzem espectáculos em momentos especiais. São espectaculares como forma de organização social, e produzem espectáculos como este que vocês vieram ver.
Mesmo quando inconscientes, as relações humanas são estruturadas em forma teatral: o uso do espaço, a linguagem do corpo, a escolha das palavras e a modulação das vozes, o confronto de ideias e paixões, tudo que fazemos no palco fazemos sempre em nossas vidas: nós somos teatro!
Não só casamentos e funerais são espectáculos, mas também os rituais quotidianos que, por sua familiaridade, não nos chegam à consciência. Não só pompas, mas também o café da manhã e os bons-dias, tímidos namoros e grandes conflitos passionais, uma sessão do Senado ou uma reunião diplomática - tudo é teatro.
Uma das principais funções da nossa arte é tornar conscientes esses espetáculos da vida diária onde os actores são os próprios espectadores, o palco é a platéia e a platéia, palco. Somos todos artistas: fazendo teatro, aprendemos a ver aquilo que nos salta aos olhos, mas que somos incapazes de ver tão habituados estamos a olhar. O que nos é familiar torna-se invisível: fazer teatro, ao contrário, ilumina o palco da nossa vida cotidiana.
Em Setembro do ano passado fomos surpreendidos por uma revelação teatral: nós, que pensávamos viver em um mundo seguro apesar das guerras, genocídios, hecatombes e torturas que aconteciam, sim, mas longe de nós em países distantes e selvagens, nós vivíamos seguros com nosso dinheiro guardado em um banco respeitável ou nas mãos de um honesto corretor da Bolsa - nós fomos informados de que esse dinheiro não existia, era virtual, feia ficção de alguns economistas que não eram ficção, nem eram seguros, nem respeitáveis. Tudo não passava de mau teatro com triste enredo, onde poucos ganhavam muito e muitos perdiam tudo. Políticos dos países ricos fecharam-se em reuniões secretas e de lá saíram com soluções mágicas. Nós, vítimas de suas decisões, continuamos espectadores sentados na última fila das galerias.
Vinte anos atrás, eu dirigi Fedra de Racine, no Rio de Janeiro. O cenário era pobre; no chão, peles de vaca; em volta, bambus. Antes de começar o espetáculo, eu dizia aos meus atores: - "Agora acabou a ficção que fazemos no dia-a-dia. Quando cruzarem esses bambus, lá no palco, nenhum de vocês tem o direito de mentir. Teatro é a Verdade Escondida".
Vendo o mundo além das aparências, vemos opressores e oprimidos em todas as sociedades, etnias, géneros, classes e castas, vemos o mundo injusto e cruel. Temos a obrigação de inventar outro mundo porque sabemos que outro mundo é possível. Mas cabe a nós construí-lo com nossas mãos entrando em cena, no palco e na vida.
Assistam ao espetáculo que vai começar; depois, em suas casas com seus amigos, façam suas peças vocês mesmos e vejam o que jamais puderam ver: aquilo que salta aos olhos. Teatro não pode ser apenas um evento - é forma de vida!
Actores somos todos nós, e cidadão não é aquele que vive em sociedade: é aquele que a transforma!»
Augusto Boal
http://www.iti-worldwide.org/
FONTE : http://pimentanegra.blogspot.com/
DOAÇÃO DE ÓRGÃOS
Doe Amor, Doe Vida, Doe Órgãos
Que o meu coração
possa encontrar
o abrigo quente de outro peito
e a acolhida sem fim
de novos amores
Marcelo Roque
Que o meu coração
possa encontrar
o abrigo quente de outro peito
e a acolhida sem fim
de novos amores
Marcelo Roque
MÃOS (use as mãos e clique aqui para ver as ilustrações)
prolongamento das mãos...
muitas ferramentas e instrumentos...
"mãos" criam ferramentas
que prolongam,ampliam as próprias funções das mãos.
o design das mãos,
o desenho, o desígnio das mãos,
quem fez não fomos nós!
mãos
exemplo máximo do design,
desígnios divinos!
infinitas funções,
infinitos e extraordinários usos,
e finalidades...
e tudo ali contido
em uma palma e cinco dedos
cinco dedos que suportam
desde gigantescos
até minúsculos trabalhos
desde desígnios supremos
até infelizmente
ações infames!
se os olhos na verdade são
parte aparente de nosso cérebro,
e nossas mãos funcionam muito
bem em dupla com nossos olhos
será por isso que muitos
de nós podem ver com as mãos!?
Nadia Stabile - 27/03/09
*AS ILUSTRAÇÕES A ESTE TEXTO ENCONTRAM-SE EM UM OUTRO BLOG.
VIDE http://modovestir.blogspot.com/2009/03/maos.html
muitas ferramentas e instrumentos...
"mãos" criam ferramentas
que prolongam,ampliam as próprias funções das mãos.
o design das mãos,
o desenho, o desígnio das mãos,
quem fez não fomos nós!
mãos
exemplo máximo do design,
desígnios divinos!
infinitas funções,
infinitos e extraordinários usos,
e finalidades...
e tudo ali contido
em uma palma e cinco dedos
cinco dedos que suportam
desde gigantescos
até minúsculos trabalhos
desde desígnios supremos
até infelizmente
ações infames!
se os olhos na verdade são
parte aparente de nosso cérebro,
e nossas mãos funcionam muito
bem em dupla com nossos olhos
será por isso que muitos
de nós podem ver com as mãos!?
Nadia Stabile - 27/03/09
*AS ILUSTRAÇÕES A ESTE TEXTO ENCONTRAM-SE EM UM OUTRO BLOG.
VIDE http://modovestir.blogspot.com/2009/03/maos.html
TUDO PRONTO
medo de errar dominou ...
na esquina o delivery
substitui o tentar e errar
quem cria, sempre erra,
tenta de novo, e erra,
erra, erra, erra, até que acerta
como o cara que criou a lâmpada,
este errou dezenas de vezes, ou centenas....
até que acertou!
quem tem medo de errar não cria nada,
as crianças são as maiores criadoras!
aprenda com elas....
aos trancos e barrancos,
aos tropeços e encontrões,
as crianças criam
e preferem as coisas
nada prontas!
nós que as estragamos!
Nadia Stabile - 27/03/09
na esquina o delivery
substitui o tentar e errar
quem cria, sempre erra,
tenta de novo, e erra,
erra, erra, erra, até que acerta
como o cara que criou a lâmpada,
este errou dezenas de vezes, ou centenas....
até que acertou!
quem tem medo de errar não cria nada,
as crianças são as maiores criadoras!
aprenda com elas....
aos trancos e barrancos,
aos tropeços e encontrões,
as crianças criam
e preferem as coisas
nada prontas!
nós que as estragamos!
Nadia Stabile - 27/03/09
quinta-feira, 26 de março de 2009
CINEMA- ESCOLA NÔMADE CONVIDA F FOR FAKE DE ORSON WELLES - AMANHÃ ÀS 20 HORAS EM SÃO PAULO
Caro amigo(a),
A Escola Nômade vem convidá-lo para o 38º Encontro Aberto de Cinema Nômade, a se realizar nesta sexta-feira, dia 27/03/2009, às 20hs. Endereço: Rua Sabará, 318, apto. 203, Higienópolis, São Paulo, SP. Clique aqui e veja o mapa.
Assistiremos ao filme F For Fake, de Orson Welles.
Assistiremos ao filme F For Fake, de Orson Welles.
Algo de essencial na e da natureza é pratica de simulacro! Haveria então algo de natural no humano enganar que inviabilizaria o bem e as boas intenções sempre punidas? Poder de trapacear e mentir? Ou então a própria trapaça e mentira como fontes de poder? E se a Verdade, o Original, o Modelar fossem as trapaças supremas? O gosto pela mistificação, a eleição da verdade como acesso ao real, pode ser a primeira grande mentira, a grande trapaça universal investida com garantia de lucro certo: aquela dos homens de bem, os justos e os verídicos, que desperta seus guardiões, os experts no raro, no belo, no original, no verdadeiro! Quem precisa de experts? Quem precisa da verdade? Quem em nós a cultiva? E o que realmente queremos ao cultivá-la? Não será melhor trapacear para controlar e ganhar com o que nos ameaça? Poderia a cópia tornar-se melhor que o original? E o original, poderia não ser reconhecido pelo seu criador? Experts enganados pela potência do simulacro?A obra de arte, assim como nossos modos de vida e o que investimos, vale aquilo que pode tornar-te! Para que então serviria o verdadeiro? Para que e para quem então serviriam a mentira? a trapaça? o engano? o embuste?Coma na mágica, a trapaça, a mentira, o poder desfocam, desviam, simulam: captura de atenção para despejá-la sobre um foco improvável. Mas pronto para emergir como polarizador e tornar-se o centro das atenções capturadas, ganhando existência, sentido e valor a partir delas. O desejo que se engana, se deixa enganar, se opõe ao desejo de verdade? Pra que serve a verdade? Quem em nós quer fazer a diferença em relação ao que nos ameaça? Não é o mais duradouro e triunfante dos passes de mágica destacar parte do real como universal? Não seria mesmo a eleição da Verdade como critério de valor, o maior de todos os embustes? Um copiador: artista ou falsário? o que vale um original? o que vale uma cópia? Quem avalia em nós? Quem avalia por nós?Verdades, mentiras, embustes, trapaças, mas um só e mesmo acontecimento implacável: tudo retorna sobre o investidor - a verdade, a trapaça, a mentira, o embuste - tudo isso tem um motor: o desejo que se implica e modifica no querer, nesse devir!
Título Original: Orson Welles: F For Fake (1974)
Atores: Orson Welles - Oja Kodar - Joseph Cotten - François Reichenbach - Elmyr de Hory
Diretor: Orson Welles
Sinopse: Este brilhante filme, o último dirigido por Orson Welles, mostra de uma maneira lúdica, porém incisiva, um grupo de falsifacadores famosos. Com uma intensidade zombeteira, Welles investiga o excêntrico falsificador de arte Elmyr de Hory e seu confidente Clifford Irving, cuja biografia de Howard Hughes surgiu como a principal falsificação da década de 70. Voltando a câmera para si mesmo, Welles se lembra de como ele forjou uma carreira no teatro quando adolescente e como provocou histeria com seu "War of the Worlds", um programa de rádio que "noticiou" uma invasão alienígena. Para muitos, "F for Fake" é a melhor defesa de Welles contra as acusações de que ele teria se apropriado do roteiro de "Cidadão Kane". Welles - que criou esta obra-prima de um documentário de François Reichenbach demonstra com audácia a natureza ilusória da autoria e da verdade.
Título Original: Orson Welles: F For Fake (1974)
Atores: Orson Welles - Oja Kodar - Joseph Cotten - François Reichenbach - Elmyr de Hory
Diretor: Orson Welles
Sinopse: Este brilhante filme, o último dirigido por Orson Welles, mostra de uma maneira lúdica, porém incisiva, um grupo de falsifacadores famosos. Com uma intensidade zombeteira, Welles investiga o excêntrico falsificador de arte Elmyr de Hory e seu confidente Clifford Irving, cuja biografia de Howard Hughes surgiu como a principal falsificação da década de 70. Voltando a câmera para si mesmo, Welles se lembra de como ele forjou uma carreira no teatro quando adolescente e como provocou histeria com seu "War of the Worlds", um programa de rádio que "noticiou" uma invasão alienígena. Para muitos, "F for Fake" é a melhor defesa de Welles contra as acusações de que ele teria se apropriado do roteiro de "Cidadão Kane". Welles - que criou esta obra-prima de um documentário de François Reichenbach demonstra com audácia a natureza ilusória da autoria e da verdade.
APAGUE AS LUZES - HORA DO PLANETA - SÃO PAULO JUNTA-SE À HORA DO PLANETA!!
São Paulo se junta à Hora do Planeta
São Paulo oficializa sua participação na Hora do Planeta
© WWF-Canon/Paul Forster23 Mar 2009
São Paulo, 23 de março de 2009 – São Paulo confirmou sua participação na Hora do Planeta 2009, um ato simbólico contra o aquecimento global liderado pelo WWF-Brasil.
No dia 28 de março, as luzes dos principais ícones da maior cidade da América Latina serão apagadas por uma hora, das 20h30 às 21h30.(...)
LEIA MAIS EM : http://www.wwf.org.br/informacoes/horadoplaneta/?18540/Sao-Paulo-se-junta-a-Hora-do-Planeta
São Paulo oficializa sua participação na Hora do Planeta
© WWF-Canon/Paul Forster23 Mar 2009
São Paulo, 23 de março de 2009 – São Paulo confirmou sua participação na Hora do Planeta 2009, um ato simbólico contra o aquecimento global liderado pelo WWF-Brasil.
No dia 28 de março, as luzes dos principais ícones da maior cidade da América Latina serão apagadas por uma hora, das 20h30 às 21h30.(...)
LEIA MAIS EM : http://www.wwf.org.br/informacoes/horadoplaneta/?18540/Sao-Paulo-se-junta-a-Hora-do-Planeta
SEMENTES
Sementes
Precisamos replantar
em algum lugar
onde existam árvores
cachoeiras
lendas
e montanhas
as crianças de Chernobil
Marcelo Roque
Precisamos replantar
em algum lugar
onde existam árvores
cachoeiras
lendas
e montanhas
as crianças de Chernobil
Marcelo Roque
POESIAS DE CELSO LUNGARETTI (MODOLINKAR) clique aqui e leia mais
HADES
Terrores primitivos,
marcados a ferro e fogo
em nossas mentes febris,
nos porões de uma pirâmide de plástico,
nos labirintos da sanidade e loucura,
nas encruzilhadas entre a vida e a morte,
truncando nossos pensamentos,
tragando nossa identidade,
distorcendo nosso ser.
O passado de tocaia, mirando a presa – um sonhador.
O passado de tocaia, mirando a presa – um lutador.
O passado de tocaia, mirando a presa – um mártir.
[a ditadura refletida no espelho da mente - 1]
**********
DESAFIO
Eu tenho uma faca encostada na barriga,
um grito de guerra sufocado na garganta,
meu canto desafina a ordem unida nas ruas,
evocando feitos de uma gente banida, escondida.
Recordo um abraço trocado no calor da luta,
sorrisos, promessas, lampejos de amor e alegria,
o sol refletido no ardor de um povo acordando,
os corpos transbordando esperança e paixões.
Trago comigo o legado de heróis esquecidos,
anseios de vidas apostadas no futuro da vida,
e vejo a apoteose da morte no paraíso tropical,
esperança traída, esmagada com torturas e tiros.
[a ditadura refletida no espelho da mente - 2]
**********
CELSO LUNGARETTI
FONTE: http://naufrago-da-utopia.blogspot.com/2009/03/ditadura-em-poesias.html
Terrores primitivos,
marcados a ferro e fogo
em nossas mentes febris,
nos porões de uma pirâmide de plástico,
nos labirintos da sanidade e loucura,
nas encruzilhadas entre a vida e a morte,
truncando nossos pensamentos,
tragando nossa identidade,
distorcendo nosso ser.
O passado de tocaia, mirando a presa – um sonhador.
O passado de tocaia, mirando a presa – um lutador.
O passado de tocaia, mirando a presa – um mártir.
[a ditadura refletida no espelho da mente - 1]
**********
DESAFIO
Eu tenho uma faca encostada na barriga,
um grito de guerra sufocado na garganta,
meu canto desafina a ordem unida nas ruas,
evocando feitos de uma gente banida, escondida.
Recordo um abraço trocado no calor da luta,
sorrisos, promessas, lampejos de amor e alegria,
o sol refletido no ardor de um povo acordando,
os corpos transbordando esperança e paixões.
Trago comigo o legado de heróis esquecidos,
anseios de vidas apostadas no futuro da vida,
e vejo a apoteose da morte no paraíso tropical,
esperança traída, esmagada com torturas e tiros.
[a ditadura refletida no espelho da mente - 2]
**********
CELSO LUNGARETTI
FONTE: http://naufrago-da-utopia.blogspot.com/2009/03/ditadura-em-poesias.html
POESIAS DE CELSO LUNGARETTI SOBRE A DIDATURA MILITAR BRASILEIRA
A DITADURA EM POESIAS
Uma faceta que nunca mostrei aqui é a de poeta, embora tenha papel marcante na minha trajetória.
Já que estamos no clima de recordar a ditadura, por conta do infeliz aniversário que se aproxima, aproveitarei para postar algumas poesias a ela direta ou indiretamente alusivas. Torcendo para não entediar os leitores.
FRENESI
No centro de um redemoinho,
girando à deriva,
buscando um amigo
e uma ilusão repartida,
abrindo caminho certo
na incerteza da sorte,
misturando amor e morte
na confusão dos sentidos,
correndo o mundo à procura
de abismo ou abrigo,
sem medo da fria aurora
nem do sol a pino,
diluindo as certezas
num insensato rodopiar,
girando a minha vida
até a morte.
[Versos adolescentes, mas que me trazem à lembrança a cela do 2º andar do DOI-Codi/RJ: eu os declamei para meus companheiros de infortúnio, assim como o bom Joaquim Cerveira cantava seus sambas, pois fazíamos de tudo para driblar o desespero e manter elevado nosso ânimo]
CELSO LUNGARETTI - FONTE : http://naufrago-da-utopia.blogspot.com/
Uma faceta que nunca mostrei aqui é a de poeta, embora tenha papel marcante na minha trajetória.
Já que estamos no clima de recordar a ditadura, por conta do infeliz aniversário que se aproxima, aproveitarei para postar algumas poesias a ela direta ou indiretamente alusivas. Torcendo para não entediar os leitores.
FRENESI
No centro de um redemoinho,
girando à deriva,
buscando um amigo
e uma ilusão repartida,
abrindo caminho certo
na incerteza da sorte,
misturando amor e morte
na confusão dos sentidos,
correndo o mundo à procura
de abismo ou abrigo,
sem medo da fria aurora
nem do sol a pino,
diluindo as certezas
num insensato rodopiar,
girando a minha vida
até a morte.
[Versos adolescentes, mas que me trazem à lembrança a cela do 2º andar do DOI-Codi/RJ: eu os declamei para meus companheiros de infortúnio, assim como o bom Joaquim Cerveira cantava seus sambas, pois fazíamos de tudo para driblar o desespero e manter elevado nosso ânimo]
CELSO LUNGARETTI - FONTE : http://naufrago-da-utopia.blogspot.com/
CASUÍSMOS DE GILMAR MENDES NÃO TÊM LIMITES
CASO BATTISTI
Celso Lungaretti (*)
Sabatinado durante duas horas por quatro jornalistas da Folha de S. Paulo, o presidente do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes admitiu a intenção de incidir em mais um casuísmo para que o STF usurpe do Executivo a prerrogativa de decidir sobre a concessão ou não de refúgio humanitário: antecipando seu roteiro para o desfecho do caso do perseguido político italiano Cesare Battisti, Mendes afirmou que, "se for confirmada a extradição, ela será compulsória e o governo deverá extraditá-lo".
Com isto, ele responde ao boato de que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não admitiria arcar pessoalmente com o ônus dessa decisão indigna, talvez temendo ser comparado a Getúlio Vargas, que entregou Olga Benário para a morte nos cárceres nazistas. Ou para evitar que o acusem de ter cedido às arrogantes pressões italianas e à campanha de desinformação orquestrada pela mídia reacionária brasileira.
Então, Mendes se propõe a resolver o problema simplesmente suprimindo, com uma penada do STF, vários direitos dos pleiteantes de refúgio humanitário: o de apelarem uma segunda vez ao Comitê Nacional para Refugiados Políticos (Conare), apresentando novos argumentos; o de recorrerem uma segunda vez ao ministro de Justiça; e o de ficarem na dependência de uma decisão pessoal do presidente da República, a quem cabe autorizar o governo estrangeiro a retirar o extraditando do País.
Assim, nesse prato feito que Gilmar Mendes pretende enfiar pela goela dos brasileiros adentro, há dois ingredientes altamente indigestos, que implicam uma guinada de 180º nas regras do jogo até hoje seguidas e sacramentadas por decisões anteriores do próprio STF:
a revogação, na prática, do artigo 33 da Lei nº 9.474, de 22/07/1997 (a chamada Lei do Refúgio), segundo o qual "o reconhecimento da condição de refugiado obstará o seguimento de qualquer pedido de extradição baseado nos fatos que fundamentaram a concessão de refúgio";
a transformação do julgamento do STF em instância final, em detrimento do Executivo, ao qual sempre coube tal prerrogativa.
Evidentemente, uma violência tão gritante contra o espírito de Justiça e a própria letra da Lei não será perpetrada sem resistência: se o STF embarcar nessa aventura, tudo leva a crer que o caso só se decidirá após longa e complicada batalha jurídica.
Mas, impressiona a facilidade com que um presidente do STF admite a volta das execradas práticas da ditadura militar, quando um inesgotável estoque de casuísmos era acionado para adequar as leis do País às exigências do poder. O que há de mais casuístico do que alterar-se todo o enfoque do refúgio humanitário apenas dar a um caso já em andamento um desfecho diferente do que teria à luz das leis e das tradições jurídicas brasileiras?
Engana-se Lula, entretanto, se pensa apaziguar Mendes com mais esta humilhante rendição: ao longo da sabatina, saltou os olhos que sua motivação última é trocar a toga pela faixa presidencial, ocupando um espaço à direita da própria coligação PSDB/DEM.
Talvez até, como Paulo Francis gostava de dizer, à direita de Gengis Khan...
* Jornalista, escritor e ex-preso político, mantém os blogs
http://celsolungaretti-orebate.blogspot.com/
http://naufrago-da-utopia.blogspot.com/
OPINIÃO DE DALMO DE ABREU DALLARI SOBRE GILMAR MENDES
Gilmar Mendes foi nomeado para o Supremo Tribunal Federal pelo presidente Fernando Henrique Cardoso. Em artigo publicado na Folha de S. Paulo o professor da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (Largo São Francisco), ligado ao Partido dos Trabalhadores Dalmo de Abreu Dallari , professor catedrático da UNESCO na cadeira Educação para a paz, Direitos Humanos e Democracia e Tolerância, [2] declarou:
"Se essa indicação (de Gilmar Mendes, formado na UNB) vier a ser aprovada pelo Senado, não há exagero em afirmar que estarão correndo sério risco a proteção dos direitos no Brasil, o combate à corrupção e a própria normalidade constitucional. (...) o nome indicado está longe de preencher os requisitos necessários para que alguém seja membro da mais alta corte do país [3].
FONTE: WIKIPÉDIA
Colheita ( Gonzaguinha)
Seja calma como a luz do sol rasgando a negra noite dor de março.
Seja fruto do suor tão santo que envolve o trabalho flor de maio.
Será justiça para com as mãos cobertas de tanto calor flor de outubro.
Será beleza como a chegada do colorido das primaveras.
Seja forte como a união dos nossos corações trabalho e dor.
Seja firme como as águas lentamente tomando as tantas terras.
Será o fogo que arde em cada peito nas fogueiras das paixões.
E violento como o amor o corpo exige, grita, toma e berra.
Que seja um parto dolorido e farto de vida e alegria trabalho e festa.
Que seja novo como a emoção de um cego vendo a luz de um dia.
Será justiça para com as mãos cobertas de tantos calos flor de outubro.
Seja fruto do suor tão santo que envolve o trabalho flor de maio.
Seja fruto do suor tão santo que envolve o trabalho flor de maio.
Será justiça para com as mãos cobertas de tanto calor flor de outubro.
Será beleza como a chegada do colorido das primaveras.
Seja forte como a união dos nossos corações trabalho e dor.
Seja firme como as águas lentamente tomando as tantas terras.
Será o fogo que arde em cada peito nas fogueiras das paixões.
E violento como o amor o corpo exige, grita, toma e berra.
Que seja um parto dolorido e farto de vida e alegria trabalho e festa.
Que seja novo como a emoção de um cego vendo a luz de um dia.
Será justiça para com as mãos cobertas de tantos calos flor de outubro.
Seja fruto do suor tão santo que envolve o trabalho flor de maio.
Estreitando (Walder Maia do Carmo)
Jovens
Em busca do indizível...
comportamento
inquieto, irreverente,
contendo em si o delir...
Os jovens, não podem ser conceituados,
porque são assim.
Suas reivindicações,
ponderam para:
agressão capitalista,
a Igreja sem evangelho,
o mundo sem lousa,
a sedução da Internet,
a destruição do planeta ...
Os jovens tem esta força.
Jovens
"Eu tenho ideias e razões
conheço a cor dos argumentos
e nunca chego aos corações." (Fernando Pessoa)
Em busca do indizível...
comportamento
inquieto, irreverente,
contendo em si o delir...
Os jovens, não podem ser conceituados,
porque são assim.
Suas reivindicações,
ponderam para:
agressão capitalista,
a Igreja sem evangelho,
o mundo sem lousa,
a sedução da Internet,
a destruição do planeta ...
Os jovens tem esta força.
Jovens
"Eu tenho ideias e razões
conheço a cor dos argumentos
e nunca chego aos corações." (Fernando Pessoa)
AUGUSTO DE CAMPOS - DA MUDEZ UNIVERSAL DAS COISAS (AMIGA CAMPESINA ENVIA)
Estala na mudez universal das coisas
estrídulo tropel de cascos sobre pedras
e naquela assonância ilhada no silêncio
o cataclismo irrompe arrebatadamente.
O doer infernal das folhas urticantes
corta a região maninha das caatingas
fazendo vacilar a marcha dos exércitos
sob uma irradiação de golpes e de tiros.
Por fim tudo se esgota e a situação não muda,
lembrando um bracejar imenso, de tortura,
em longo apelo triste, que parece um choro.
Num prodigalizar inútil de bravura
desaparecem sob as formações calcáreas
as linhas essenciais do crime e da loucura.
Augusto de Campos
estrídulo tropel de cascos sobre pedras
e naquela assonância ilhada no silêncio
o cataclismo irrompe arrebatadamente.
O doer infernal das folhas urticantes
corta a região maninha das caatingas
fazendo vacilar a marcha dos exércitos
sob uma irradiação de golpes e de tiros.
Por fim tudo se esgota e a situação não muda,
lembrando um bracejar imenso, de tortura,
em longo apelo triste, que parece um choro.
Num prodigalizar inútil de bravura
desaparecem sob as formações calcáreas
as linhas essenciais do crime e da loucura.
Augusto de Campos
quarta-feira, 25 de março de 2009
CASO BATTISTI EM DEBATE
No próximo dia 25 de março ( quarta -feira), às 20h, acontece no Armazém do Ferreira, em Brasília, um debate sobre o caso Cesare Battisti
O evento contará com a presença da escritora francesa Fred Vargas, Celso Lungaretti, jornalista, escritor e ex-preso político, responsável pela campanha nacional - Cesare Battisti- por meio da mídia informal, proferiu várias palestras e debates sobre Cesare e, de Dorothée de Bruchard, tradutora da obra de Battisti publicada pela Martins Editora, Minha fuga sem fim (286 pp. / R$ 47,30).
Condenado na Itália à prisão perpétua em 2007, Battisti foi preso no Rio de Janeiro numa ação conjunta dos governos brasileiro, francês e italiano. No início do ano, passou a ser refugiado político no Brasil, após decisão do ministro da Justiça, Tarso Genro. No último dia 18 de março, ele completou dois anos de prisão no país.
Apesar disso continua preso, já que o Superior Tribunal Federal ainda não decidiu se arquivará ou não o processo de extradição. A decisão de Tarso Genro gerou forte reação da Itália, criando um incidente diplomático entre os dois países e internamente no Brasil, já que o presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Gilmar Mendes, afirmou, em 20 de março, que se o STF decidir que o ex-extremista italiano deve ser devolvido a seu país de origem, a decisão deverá ser cumprida, não cabendo mais intervenção do Poder Executivo.
Uma questão com várias vertentes, que o debate pretenderá elucidar.
Serviço:
Battisti em debate
Dia: 25 de março de 2009
Horário: 20h
Local: Armazem do Ferreira
Brasília - DF
Endereço: 202 norte bloco A