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domingo, 29 de março de 2009

Texto de Enrico Malatesta - (AMIGO CRISTÓVÃO ENVIA)

Em França existem leis severas contra os que usam ou vendem cocaína. E, como é habitual, o vício expande-se e intensifica-se, apesar das leis. O mesmo se passa no resto da Europa e na América. O dr. Courtois, da Academia de Medicina Francesa, que já no ano passado havia lançado um grito de alarme contra o perigo da cocaína, ao comprovar-se o fracasso da legislação penal reclama agora novas e mais severas leis. É o velho erro dos legisladores, apesar da experiência sempre ter demonstrado, invariavelmente , que nunca a lei, por mais bárbara que seja, serviu para suprimir um vício ou para impedir o delito.
Quanto mais severas forem as penas impostas aos consumidores e aos "negociantes" de cocaína, mais aumentará nos consumidores a atração pelo fruto proibido e o fascínio pelo perigo afrontado, e nos especuladores a avidez do lucro, que já é enorme e aumentará paralelamente à ameaça da lei. É inútil esperar pela lei. Nós propomos um outro remédio. Declarar livre o uso e comércio da cocaína e abrir lojas onde ela seja vendida a baixo preço. E depois lançar uma campanha para explicar ao público, de forma clara, os danos causados por essa droga; ninguém faria propaganda contrária, porque ninguém poderia ganhar com o mal dos cocainômanos.
Certamente com isso não desapareceria por completo o uso prejudicial da cocaína, porque persistiriam as causas sociais que criam os desgraçados e os empurram para a utilização de estupefacientes. Mas mesma assim o mal diminuiria, porque ninguém poderia ganhar com a venda da droga e ninguém poderia lucrar com a perseguição aos traficantes. Por isso a nossa proposta não será levada em consideração, ou será apelidada de quimérica e louca. E no entanto as pessoas inteligentes poderiam dizer: "Já que as leis penais se mostram impotentes, não estaria certo, ao menos como experiência, pôr à prova o método anarquista?"

*Este artigo, de autoria de Enrico Malatesta, foi publicado em 30 de agosto de 1922,no jornal Umanità Nova, deixa claro que nossa única evolução neste século foi tecnológica. É muito pouco para o ser Humano.

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