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domingo, 29 de março de 2009

...breve incursão...MICROFÍSICA DO PODER - MICHEL FOUCAULT

(...)Rejeitando uma perspectiva de análise sobre o poder enquanto teoria acabada, Foucault nos chama a atenção para algumas considerações no uso desta categoria de análise, a partir de “precauções metodológicas”:

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analisar o poder na extremidade menos jurídica de seu exercício;
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analisar o poder onde ele se implanta e produz efeitos reais;
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analisar o poder como algo que se exerce em rede, que circula;
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analisar o poder de forma ascendente, de baixo para cima; investigando como suas estratégias são investidas e captadas por fenômenos mais gerais;
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compreender que os aparelhos de saber constituídos para que se exerçam os poderes não são construções ideológicas.

Em resumo:

"(...) em vez de orientar a pesquisa sobre o poder no sentido do edifício jurídico da soberania, dos aparelhos de Estado e das ideologias que o acompanham, deve-se orientá-la para a dominação, os operadores materiais, as formas de sujeição, os usos e as conexões da sujeição pelos sistemas locais e os dispositivos estratégicos. É preciso estudar o poder colocando-se fora do modelo do Leviatã, fora do campo delimitado pela soberania jurídica e pela instituição estatal. É preciso estudá-lo a partir das técnicas e táticas de dominação (...)."
(Foucault, 1992: 186).(...)

(...)"O momento histórico (séc. XVIII) das disciplinas é o momento em que nasce uma arte do corpo humano, que visa não unicamente o aumento de suas habilidades, nem tampouco aprofundar sua sujeição, mas a formação de um relação que no mesmo mecanismo o torna tanto mais obediente quanto é mais útil, e inversamente. Forma-se então uma política das coerções que são um trabalho sobre o corpo, uma manipulação calculada de seus elementos, de seus gestos, de seus comportamentos. O corpo humano entra numa maquinaria de poder que o esquadrinha, o desarticula e o recompõe. Uma 'anatomia política', que é também igualmente uma 'mecânica do poder', está nascendo; ela define como se ter domínio sobre o corpo dos outros, não simplesmente para que façam o que se quer, mas para que operem como se quer, com as técnicas, segundo a rapidez e a eficácia que se determina. A disciplina fabrica assim corpos submissos e exercitados, corpos 'dóceis'. A disciplina aumenta as forças do corpo (em termos econômicos de utilidade) e diminui essas mesmas forças (em termos políticos de obediência)." (Foucault, 1991: 127).(...)

FONTE: http://www.cchla.ufpb.br/paraiwa/02-carvalho.html

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