*por Renata Zioli - via email
Editora Tordesilhas acaba de lançar o livro O pomar das almas perdidas, da autora Nadifa Mohamed - premiada pela revista Granta em 2013 como uma das melhores jovens romancistas britânicas.
Em sua obra, ela conta a história de
três mulheres, de classes sociais e idades diferentes que, no final dos
anos 1980, enfrentam na cidade de Hargeisa, na África, a guerra civil
que vem devastando o país. A autora tem a habilidade de transcrever e
reconhecer a ternura dessas mulheres mesmo em meio à brutalidade,
sangue arrependimentos. Suas histórias se cruzam no livro e mostram que
as conexões humanas podem suportar toda a frieza e mudar a história de
uma guerra.
Nadifa também recebeu o prêmio Trask Betty e outras indicações com seu primeiro romance, "Black Mamba Boy" – ainda inédito em língua portuguesa – onde transformou a história verídica de seu pai em ficção.
Obra inédita no Brasil de premiada autora britânica chega às livrarias
“–
Eu estava justamente dizendo a nosso amigo americano como as mulheres
somalis são fortes, que não temos nenhum purdah aqui. As mulheres
trabalham, combatem em nossas forças armadas, servem como engenheiras,
espiãs, médicas. Não é assim?”
O pomar das almas perdidas
de Nadifa Mohamed, da editora Tordesilhas, é o primeiro livro desta
premiada autora britânica publicado no Brasil. A obra conta, com
sensibilidade e reverência a história de três mulheres, de classes
sociais e idades diferentes, que, no final dos anos 1980, enfrentam na
cidade de Hargeisa, na Somália, a guerra civil que devasta o país até
hoje.
As três personagens centrais da obra são Kawsar, uma senhora viúva de luto pela filha. Depois de um ataque brutal na delegacia de polícia, ela fica acamada, dependendo da ajuda de vizinhos; Deqo, uma órfã que fora abandonada no campo de refugiados e encontra na casa de prostitutas proteção após fugir da cerimônia de aniversário da revolução, onde fez uma apresentação de dança; e Filsan, uma jovem soldado, que se oferece como voluntária na revolução, para mostrar que pode ser muito mais comprometida do que qualquer um de seus colegas homens.
“Além
do portão sul, os comboios militares estão se enfileirando: tanques,
jipes, veículos blindados, caminhões carregados com todo tipo de foguete
e míssil, soldados com capacete verde de metal esperando pacientemente,
dentro e ao lado dos veículos. Filsan sente orgulho ao olhar para eles.
Ela faz parte do terceiro maior exército da África, uma força que teria
conquistado toda a Etiópia, e não apenas Ogaden, em 1978, se os russos e
os cubanos não tivessem mudado de lado”.
A trama se inicia com um incidente envolvendo a menina Deqo durante a apresentação de dança. Ansiosa, ela erra a coreografia e é repreendida com golpes e xingamentos. Kawsar, que assiste à apresentação, avista de longe a situação e interfere. Logo, os seguranças a pegam pelo braço e a retiram do local, enquanto Deqo consegue fugir. A velha senhora é levada para a cadeia, onde é brutalmente espancada por Filsan, que faz isso porque acabara de ser humilhada pelo chefe de sua corporação.
O
livro passa a acompanhar então a vida de cada uma das mulheres. Deqo se
perde pelas ruas da cidade, perambulando pelas bancas do mercado até
encontrar refúgio na casa de prostitutas. Machucada, impossibilitada de
se mover, Kawsar volta para seu bangalô e passa a viver com a ajuda de
uma jovem. Filsan retorna ao quartel e ao seu trabalho de patrulha.
Nesse momento, a narrativa cresce e ganha uma qualidade poética
admirável, para a qual muito contribui a musicalidade das palavras
somalis sussurradas aqui e ali.
Aos
poucos, a revolução cresce e o conflito armado se instala de vez,
obrigando a população a deixar sua casa. Em meio aos escombros, aos
cadáveres, à areia do deserto e às suas próprias perdas, Deqo, Filsan e
Kawsar voltam a se encontrar para viver o seu destino final e comum, num
trabalho magistral de construção de enredo que ajuda a explicar por que
a revista Granta elegeu Nadifa Mohamed uma das melhores jovens escritoras britânicas de 2013.
Em
um lugar desprovido de homens, Mohamed deu voz às mulheres somalis sem
polêmicas de gênero, apenas com uma escrita vigorosa e cheia de nuances.
Sobre a autora:
Nadifa
Mohamed nasceu em Hargeisa, Somália, em 1981, e foi educada no Reino
Unido. Estudou história e política no St. Hilda’s College, Oxford.
Atualmente, ela mora em Londres. Seu primeiro livro, Black Mamba Boy, foi publicado em 2010.
Informações à imprensa:Virta Comunicação Corporativa
Tel.: (11) 3083-1242
Fernanda Arantes – fernanda.arantes@virta.inf.br
Renata Zioli – renata.zioli@virta.inf.br
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