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terça-feira, 30 de setembro de 2008
"ELAINE BUENO" - CHEIO DE NADA
Bloqueio,
fechamento,
dureza de coração.
Sem estímulo,
perspectiva,
visão.
O túnel não se fechou,
continua o mesmo
Porque então
o vazio,
o silêncio,
a solidão?
O túnel é o mesmo,
mas crostas inesperadas
se fixaram nas paredes
de seu interior.
Crostas nefastas
de ressentimentos,
obscurecendo
percurso a ser explorado,
Estreitando
espaço a ser percorrido.
Crostas malignas
que obstruem
veias
onde passam
vidas
Cheias de sentimentos...
Ficando espaço
cheio de nada.
06-04-2008
fechamento,
dureza de coração.
Sem estímulo,
perspectiva,
visão.
O túnel não se fechou,
continua o mesmo
Porque então
o vazio,
o silêncio,
a solidão?
O túnel é o mesmo,
mas crostas inesperadas
se fixaram nas paredes
de seu interior.
Crostas nefastas
de ressentimentos,
obscurecendo
percurso a ser explorado,
Estreitando
espaço a ser percorrido.
Crostas malignas
que obstruem
veias
onde passam
vidas
Cheias de sentimentos...
Ficando espaço
cheio de nada.
06-04-2008
"ROSANE CHON CHOL" UM EXPECTADOR OU POEMA DA MALDADE HUMANA
Nas covas e alcovas
Onde os homens realizam
Os desejos de seu sangue
E de sua pele já couro
Alguns fazem amor como semi-deuses
Outros torturam como semi-diabos
Pode um espectador calar-se petrificado?
Ou berrar como um animal
Se antes não tiver sido morto
A fêmea que lambe-lhe os pés e o suor
Nas covas não verá sua alma poderosa
E sim falta d'espírito
Já que não passa de carne crua
Nas alcovas da vida
Onde os homens realizam
Rosane Chonchol
Onde os homens realizam
Os desejos de seu sangue
E de sua pele já couro
Alguns fazem amor como semi-deuses
Outros torturam como semi-diabos
Pode um espectador calar-se petrificado?
Ou berrar como um animal
Se antes não tiver sido morto
A fêmea que lambe-lhe os pés e o suor
Nas covas não verá sua alma poderosa
E sim falta d'espírito
Já que não passa de carne crua
Nas alcovas da vida
Onde os homens realizam
Rosane Chonchol
"ROSANE CHON CHOL" - DESEJO (clique aqui e conheça a artista)
Em Homenagem a Tragédia
Outra Face da Comédia
Que mais posso ver ou prender,
Na tua pessoa orgásmica?
A minha agonia e paz
São espelho de teu desejo
Na fenda do meu fígado
Sinto a tua emoção
Bílis e adrenalina no meu
Cérebro de pedinte
Explodem
Caminho ,atalho lúgrube
No desejo de teu sexy
Flôres, cobras e santas convivem
Lua e sol resplandecem juntos
A lógica do desejo
Cega ao poderoso
Ilumina o mendigo
Amarro-te, amo-te e
Esfolo-te
Sou rei encarnado
Da desgraça do desejado
"Rosane Chonchol"
Coletanea Poéticas do Sindicato dos Escritores em 1984 - por José Louzeiro
Outra Face da Comédia
Que mais posso ver ou prender,
Na tua pessoa orgásmica?
A minha agonia e paz
São espelho de teu desejo
Na fenda do meu fígado
Sinto a tua emoção
Bílis e adrenalina no meu
Cérebro de pedinte
Explodem
Caminho ,atalho lúgrube
No desejo de teu sexy
Flôres, cobras e santas convivem
Lua e sol resplandecem juntos
A lógica do desejo
Cega ao poderoso
Ilumina o mendigo
Amarro-te, amo-te e
Esfolo-te
Sou rei encarnado
Da desgraça do desejado
"Rosane Chonchol"
Coletanea Poéticas do Sindicato dos Escritores em 1984 - por José Louzeiro
segunda-feira, 29 de setembro de 2008
"JOÃO CABRAL DE MELO NETO" - A CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE
Não há guarda-chuva
contra o poema
subindo de regiões onde tudo é surpresa
como uma flor mesmo num canteiro.
Não há guarda-chuva
contra o amor
que mastiga e cospe como qualquer boca,
que tritura como um desastre.
Não há guarda-chuva
contra o tédio:
o tédio das quatro paredes, das quatro
estações, dos quatro pontos cardeais.
Não há guarda-chuva
contra o mundo
cada dia devorado nos jornais
sob as espécies de papel e tinta.
Não há guarda-chuva
contra o tempo,
rio fluindo sob a casa, correnteza
carregando os dias, os cabelos.
contra o poema
subindo de regiões onde tudo é surpresa
como uma flor mesmo num canteiro.
Não há guarda-chuva
contra o amor
que mastiga e cospe como qualquer boca,
que tritura como um desastre.
Não há guarda-chuva
contra o tédio:
o tédio das quatro paredes, das quatro
estações, dos quatro pontos cardeais.
Não há guarda-chuva
contra o mundo
cada dia devorado nos jornais
sob as espécies de papel e tinta.
Não há guarda-chuva
contra o tempo,
rio fluindo sob a casa, correnteza
carregando os dias, os cabelos.
"THIAGO DE MELLO" - NINGUÉM ME HABITA
Ninguém me habita. A não ser
o milagre da matéria
que me faz capaz de amor,
e o mistério da memória
que urde o tempo em meus neurônios,
para que eu, vivendo agora,
possa me rever no outrora.
Ninguém me habita. Sozinho
resvalo pelos declives
onde me esperam, me chamam
(meu ser me diz se as atendo)
feiúras que me fascinam,
belezas que me endoidecem.
o milagre da matéria
que me faz capaz de amor,
e o mistério da memória
que urde o tempo em meus neurônios,
para que eu, vivendo agora,
possa me rever no outrora.
Ninguém me habita. Sozinho
resvalo pelos declives
onde me esperam, me chamam
(meu ser me diz se as atendo)
feiúras que me fascinam,
belezas que me endoidecem.
SEMANA LITERÁRIA EM SÃO JOSÉ DOS CAMPOS
O evento acontece na Fundação Cultural Cassiano Ricardo, em São José dos Campos
Entre 22 e 27 de setembro, São José dos Campos recebe a Semana Literária. O evento conta com palestras, análises e debates em torno do tema Aprendendo com o Cinema. O curso-oficina foi idealizado pelo professor e editor do portal Planeta Educação, João Luis de Almeida Machado, que desenvolve o projeto Cinema na Escola e é também autor do livro Na Sala de Aula com a Sétima Arte.
Neste século XXI, a sociedade sofre forte influência da Televisão, Internet, Publicidade e também do Cinema. O objetivo da Semana Literária é, dessa forma, discutir como o Cinema molda o comportamento das pessoas e como vem ajudando na construção do conhecimento, inclusive nas escolas, oferecendo subsídios à Educação.
Confira a programação:
Segunda, 22/09: Aprendendo com o cinema, com João Luís de Almeida Machado.
Terça, 23/09: Literatura transformada em cinema I, com Patricia Nepomuceno.
Quarta, 24/09: Literatura transformada em cinema II, com Patricia Nepomuceno.
Quinta, 25/09: Cinema, literatura e público de arte: o real e sua representação na modernidade, com Francisco José Ramires.
Sexta, 26/09: O mito no cinema, com Maria Goreti Cepinho.
Sábado, 27/09: Pão com Palavra - palestra sobre Criação Literária no Cinema e exibição do filme As horas, de Stephen Daldry - inspirado na obra de Michael Cunningham - com café da manhã para os participantes.
http://www.guiadasemana.com.br/event.asp?id=4&cd_city=1&cd_event=42780
Entre 22 e 27 de setembro, São José dos Campos recebe a Semana Literária. O evento conta com palestras, análises e debates em torno do tema Aprendendo com o Cinema. O curso-oficina foi idealizado pelo professor e editor do portal Planeta Educação, João Luis de Almeida Machado, que desenvolve o projeto Cinema na Escola e é também autor do livro Na Sala de Aula com a Sétima Arte.
Neste século XXI, a sociedade sofre forte influência da Televisão, Internet, Publicidade e também do Cinema. O objetivo da Semana Literária é, dessa forma, discutir como o Cinema molda o comportamento das pessoas e como vem ajudando na construção do conhecimento, inclusive nas escolas, oferecendo subsídios à Educação.
Confira a programação:
Segunda, 22/09: Aprendendo com o cinema, com João Luís de Almeida Machado.
Terça, 23/09: Literatura transformada em cinema I, com Patricia Nepomuceno.
Quarta, 24/09: Literatura transformada em cinema II, com Patricia Nepomuceno.
Quinta, 25/09: Cinema, literatura e público de arte: o real e sua representação na modernidade, com Francisco José Ramires.
Sexta, 26/09: O mito no cinema, com Maria Goreti Cepinho.
Sábado, 27/09: Pão com Palavra - palestra sobre Criação Literária no Cinema e exibição do filme As horas, de Stephen Daldry - inspirado na obra de Michael Cunningham - com café da manhã para os participantes.
http://www.guiadasemana.com.br/event.asp?id=4&cd_city=1&cd_event=42780
sábado, 27 de setembro de 2008
"LOURENÇO DIAFÉRIA" - NUNCA DEIXE SEU FILHO MAIS CONFUSO QUE VOCÊ
De manhã, na copa. O pai mexe o café na xícara. O filho caçula vem da sala, dispara:
— Pai, o que é genitália? O homem volta-se:
— Ge... o quê?
— Genitália.
— Onde é que você tirou isso, da sua cabeça?
— Tá no jornal, pai.
— Genitália, no jornal? Bem, esse assunto não é comigo agora. Já estou atrasado pro trabalho. Cadê sua mãe? Rita! Ritinhaaaaa! Onde é que essa mulher se enfiou? Rita, venha ouvir aqui o que seu filho está aprontando.
Dona Rita desce esbaforida:
— Algum problema, Gervásio?
— Problema nenhum. O garoto está apenas querendo saber o que é genitália. Explique pra ele. Estou de saída.
— Genitália? Eu? Isso é conversa de homem pra homem. Vai dizer que você não sabe?
— Saber eu sei, lógico. Mas há coisas que a gente sabe o que é na teoria, mas fica difícil de explicar na prática.
— Deixa de bobagem.
— Tá bom. Depois, se eu pegar trânsito, quero só ver.
— Pode deixar, pai. Não precisa ficar discutindo você e a mamãe por causa de uma palavra. Eu pergunto pra tia da escola.
— Tá louco? A tia pode pensar mal da gente. Deixa comigo. Presta atenção: genitália é o mesmo que partes pudendas. Genitália é uma coisa muito antiga. Já existia no tempo do seu bisavô. No século passado, quando seu bisavô estava vivo, as pessoas tinham pudor. Elas ocultavam do público certas partes do corpo. Chegavam até ao exagero. As partes que ficavam mais resguardadas formavam, exatamente, a genitália. A genitália eram as partes pudendas.
— O umbigo era genitália, pai?
— Não. Na verdade, não era. Vou tentar explicar melhor. As pessoas tinham vergonha de mostrar o corpo. E uma certa parte do corpo era reservada ao extremo. Não aparecia nem em filme francês. As pessoas chamavam esse território misterioso de vergonhas. Isso é que é a genitália moderna.
— Bumbum é genitália, pai?
— Não. Acho que não estou sendo muito claro. Ritinha, você não quer dar uma mão?
— Não. Assuma.
— Bom, vou pras cabeças. Ahnnn. Hummmm. Abaixe as calças. Mais. Até os tornozelos. Isso. Pronto, tá aí a genitália.
— O umbigo?
— No térreo do umbigo. Que é que você vê embaixo do umbiguinho?
— Pô, pai. Vai dizer que o senhor não sabe o que é isso? É meu bingolim, pai.
— Ta aí. O bingolim é a genitália do homem.
— Puxa, o senhor podia ter falado antes.
— Na vida, às vezes é preciso usar eufemismos. Por exemplo, a genitália da mulher tem um nome delicado, leve, ágil. Sabe o que estou querendo dizer, não sabe? Começa com b.
— Barata da vizinha?
— Não, filho. Borboleta.
Lourenço Carlos Diaféria nasceu no bairro do Brás, em São Paulo (SP), no ano de 1933. Contista, cronista e autor de histórias infantis, o jornalista iniciou sua carreira em 1956 na “Folha da Manhã”, hoje “Folha de S. Paulo”, como preparador de matérias. Em 1964 escreveu sua primeira crônica assinada. Ficou na “Folha” até 1977, ano em que foi preso e processado com base na Lei de Segurança Nacional pela autoria da crônica “Herói. Morto. Nós", considerada ofensiva às Forças Armadas. O processo durou cerca de três anos e terminou com a absolvição do cronista, que posteriormente voltou a atuar na “Folha de S. Paulo” . No ano de sua prisão, 1977, o conto “Como se fosse um boi” é premiado com o quarto lugar no VII Concurso Nacional de Contos do Paraná e incluído no livro Novos Contistas, editado pela Francisco Alves Editora. Colaborou também no “Jornal da Tarde”, “Diário Popular”, “Diário do Grande ABC”, e escreveu para as rádios "Excelsior", "Gazeta", "Record", "Bandeirantes" e para a "Rede Globo".
FONTE:http://www.releituras.com/ldiaferia_menu.asp
— Pai, o que é genitália? O homem volta-se:
— Ge... o quê?
— Genitália.
— Onde é que você tirou isso, da sua cabeça?
— Tá no jornal, pai.
— Genitália, no jornal? Bem, esse assunto não é comigo agora. Já estou atrasado pro trabalho. Cadê sua mãe? Rita! Ritinhaaaaa! Onde é que essa mulher se enfiou? Rita, venha ouvir aqui o que seu filho está aprontando.
Dona Rita desce esbaforida:
— Algum problema, Gervásio?
— Problema nenhum. O garoto está apenas querendo saber o que é genitália. Explique pra ele. Estou de saída.
— Genitália? Eu? Isso é conversa de homem pra homem. Vai dizer que você não sabe?
— Saber eu sei, lógico. Mas há coisas que a gente sabe o que é na teoria, mas fica difícil de explicar na prática.
— Deixa de bobagem.
— Tá bom. Depois, se eu pegar trânsito, quero só ver.
— Pode deixar, pai. Não precisa ficar discutindo você e a mamãe por causa de uma palavra. Eu pergunto pra tia da escola.
— Tá louco? A tia pode pensar mal da gente. Deixa comigo. Presta atenção: genitália é o mesmo que partes pudendas. Genitália é uma coisa muito antiga. Já existia no tempo do seu bisavô. No século passado, quando seu bisavô estava vivo, as pessoas tinham pudor. Elas ocultavam do público certas partes do corpo. Chegavam até ao exagero. As partes que ficavam mais resguardadas formavam, exatamente, a genitália. A genitália eram as partes pudendas.
— O umbigo era genitália, pai?
— Não. Na verdade, não era. Vou tentar explicar melhor. As pessoas tinham vergonha de mostrar o corpo. E uma certa parte do corpo era reservada ao extremo. Não aparecia nem em filme francês. As pessoas chamavam esse território misterioso de vergonhas. Isso é que é a genitália moderna.
— Bumbum é genitália, pai?
— Não. Acho que não estou sendo muito claro. Ritinha, você não quer dar uma mão?
— Não. Assuma.
— Bom, vou pras cabeças. Ahnnn. Hummmm. Abaixe as calças. Mais. Até os tornozelos. Isso. Pronto, tá aí a genitália.
— O umbigo?
— No térreo do umbigo. Que é que você vê embaixo do umbiguinho?
— Pô, pai. Vai dizer que o senhor não sabe o que é isso? É meu bingolim, pai.
— Ta aí. O bingolim é a genitália do homem.
— Puxa, o senhor podia ter falado antes.
— Na vida, às vezes é preciso usar eufemismos. Por exemplo, a genitália da mulher tem um nome delicado, leve, ágil. Sabe o que estou querendo dizer, não sabe? Começa com b.
— Barata da vizinha?
— Não, filho. Borboleta.
Lourenço Carlos Diaféria nasceu no bairro do Brás, em São Paulo (SP), no ano de 1933. Contista, cronista e autor de histórias infantis, o jornalista iniciou sua carreira em 1956 na “Folha da Manhã”, hoje “Folha de S. Paulo”, como preparador de matérias. Em 1964 escreveu sua primeira crônica assinada. Ficou na “Folha” até 1977, ano em que foi preso e processado com base na Lei de Segurança Nacional pela autoria da crônica “Herói. Morto. Nós", considerada ofensiva às Forças Armadas. O processo durou cerca de três anos e terminou com a absolvição do cronista, que posteriormente voltou a atuar na “Folha de S. Paulo” . No ano de sua prisão, 1977, o conto “Como se fosse um boi” é premiado com o quarto lugar no VII Concurso Nacional de Contos do Paraná e incluído no livro Novos Contistas, editado pela Francisco Alves Editora. Colaborou também no “Jornal da Tarde”, “Diário Popular”, “Diário do Grande ABC”, e escreveu para as rádios "Excelsior", "Gazeta", "Record", "Bandeirantes" e para a "Rede Globo".
FONTE:http://www.releituras.com/ldiaferia_menu.asp
"LOURENÇO DIAFÉRIA" - FALECE AOS 75 ANOS - 16/09/2008
Escritor Lourenço Diaféria morre aos 75 anos
17/09/2008
MIGUEL ARCANJO PRADO
da Folha Online
O escritor e jornalista Lourenço Carlos Diaféria morreu em São Paulo, aos 75 anos. Nascido no bairro do Brás, em 28 de agosto de 1933, na capital paulista, ele começou sua carreira jornalística na "Folha da Manhã", atual Folha, onde foi colunista.
Divulgação
Lourenço Diaferia
Jornalista e escritor Lourenço Diaféria morreu em casa, de infarto
Segundo a administração do cemitério Getsêmani, no Morumbi, onde o corpo é velado desde as 4h15 na sala 1, o jornalista sofreu um infarto em casa, por volta das 22h desta terça-feira (16). O enterro está previsto para as 16h, no mesmo cemitério.
O jornalista deixa viúva, Geiza Diaféria, 62, cinco filhos e três netos.
"O que fica do meu pai foi a capacidade dele de fazer bons amigos. Por conta de uma crônica escrita na Folha, ele foi preso em 1977 pela ditadura [militar, 1964-1985] e houve até ameaça de fechamento do jornal. Mas, depois, ele foi absolvido", disse à Folha Online Fábio Diaféria, 33, filho caçula do escritor.
Diaféria também colaborou para outros veículos como "Jornal da Tarde", "Diário Popular", "Diário do Grande ABC", além de ter escrito para as rádios Excelsior, Gazeta, Record, Bandeirantes.
Veja os principais livros publicados por Diaféria:
"Um Gato na Terra do Tamborim" (1976)
"Circo dos Cavalões" (1978)
"A Morte Sem Colete" (1983)
"O Empinador de Estrela" (1984)
"A Longa Busca da Comodidade" (1988)
"O Invisível Cavalo Voador - Falas Contemporâneas" (1990)
"Papéis Íntimos de Um Ex-boy Assumido" (1994)
"O Imitador de Gato" (2000)
"Brás - Sotaques e Desmemórias" (2002)
"Mesmo a Noite Sem Luar Tem Lua" (2008)
FONTE: http://www1.folha.uol.com.br/folha/ilustrada/ult90u445821.shtml.
17/09/2008
MIGUEL ARCANJO PRADO
da Folha Online
O escritor e jornalista Lourenço Carlos Diaféria morreu em São Paulo, aos 75 anos. Nascido no bairro do Brás, em 28 de agosto de 1933, na capital paulista, ele começou sua carreira jornalística na "Folha da Manhã", atual Folha, onde foi colunista.
Divulgação
Lourenço Diaferia
Jornalista e escritor Lourenço Diaféria morreu em casa, de infarto
Segundo a administração do cemitério Getsêmani, no Morumbi, onde o corpo é velado desde as 4h15 na sala 1, o jornalista sofreu um infarto em casa, por volta das 22h desta terça-feira (16). O enterro está previsto para as 16h, no mesmo cemitério.
O jornalista deixa viúva, Geiza Diaféria, 62, cinco filhos e três netos.
"O que fica do meu pai foi a capacidade dele de fazer bons amigos. Por conta de uma crônica escrita na Folha, ele foi preso em 1977 pela ditadura [militar, 1964-1985] e houve até ameaça de fechamento do jornal. Mas, depois, ele foi absolvido", disse à Folha Online Fábio Diaféria, 33, filho caçula do escritor.
Diaféria também colaborou para outros veículos como "Jornal da Tarde", "Diário Popular", "Diário do Grande ABC", além de ter escrito para as rádios Excelsior, Gazeta, Record, Bandeirantes.
Veja os principais livros publicados por Diaféria:
"Um Gato na Terra do Tamborim" (1976)
"Circo dos Cavalões" (1978)
"A Morte Sem Colete" (1983)
"O Empinador de Estrela" (1984)
"A Longa Busca da Comodidade" (1988)
"O Invisível Cavalo Voador - Falas Contemporâneas" (1990)
"Papéis Íntimos de Um Ex-boy Assumido" (1994)
"O Imitador de Gato" (2000)
"Brás - Sotaques e Desmemórias" (2002)
"Mesmo a Noite Sem Luar Tem Lua" (2008)
FONTE: http://www1.folha.uol.com.br/folha/ilustrada/ult90u445821.shtml.
sexta-feira, 26 de setembro de 2008
"WILLIAM BLAKE" - O PREÇO DA EXPERIÊNCIA
Qual é o preço da experiência? Os homens a compram com uma canção?
Adquirem sabedoria dançando nas ruas? Não, ela é comprada pelo preço
De tudo que um homem possui, sua casa, sua esposa, seus filhos.
A sabedoria é vendida num mercado sombrio onde ninguém vem comprar,
E no campo infecundo que o fazendeiro ara em vão por seu pão.
É fácil triunfar sob o sol do verão
E na colheita cantar na carroça cheia de grão.
É fácil falar de prudência aos aflitos,
Falar das leis da prudência ao andarilho sem teto,
Ouvir o grito faminto do corvo na estação invernal
Quando o sangue vermelho mistura-se ao vinho e ao tutano do cordeiro
É tão fácil sorrir diante da ira da natureza
Ouvir o uivo do cão diante da porta no inverno, e o boi a mugir no matadouro;
Ver um deus em cada brisa e uma bênção em cada tempestade.
Ouvir o som do amor no raio que arrasa a casa do inimigo;
Rejubilar-se diante da praga que cobre seu campo, e da doença que ceifa seus filhos,
Enquanto nossas oliveiras e nosso vinho cantam e riem diante da porta, e nossos
filhos nos trazem frutas e flores.
Então o lamento e a dor estão quase esquecidos, bem como o escravo que gira o moinho,
E o cativo acorrentado, o pobre prisioneiro, e o soldado no campo de batalha
Quando os ossos rompidos deixam-no gemendo à espera da morte feliz.
É fácil rejubilar-se sob a tenda da prosperidade:
Eu poderia cantar e me rejubilar deste modo: mas eu não sou assim.
William Blake
http://www.blocosonline.com.br/literatura/poesia/pidp/pidp010702.htm
Adquirem sabedoria dançando nas ruas? Não, ela é comprada pelo preço
De tudo que um homem possui, sua casa, sua esposa, seus filhos.
A sabedoria é vendida num mercado sombrio onde ninguém vem comprar,
E no campo infecundo que o fazendeiro ara em vão por seu pão.
É fácil triunfar sob o sol do verão
E na colheita cantar na carroça cheia de grão.
É fácil falar de prudência aos aflitos,
Falar das leis da prudência ao andarilho sem teto,
Ouvir o grito faminto do corvo na estação invernal
Quando o sangue vermelho mistura-se ao vinho e ao tutano do cordeiro
É tão fácil sorrir diante da ira da natureza
Ouvir o uivo do cão diante da porta no inverno, e o boi a mugir no matadouro;
Ver um deus em cada brisa e uma bênção em cada tempestade.
Ouvir o som do amor no raio que arrasa a casa do inimigo;
Rejubilar-se diante da praga que cobre seu campo, e da doença que ceifa seus filhos,
Enquanto nossas oliveiras e nosso vinho cantam e riem diante da porta, e nossos
filhos nos trazem frutas e flores.
Então o lamento e a dor estão quase esquecidos, bem como o escravo que gira o moinho,
E o cativo acorrentado, o pobre prisioneiro, e o soldado no campo de batalha
Quando os ossos rompidos deixam-no gemendo à espera da morte feliz.
É fácil rejubilar-se sob a tenda da prosperidade:
Eu poderia cantar e me rejubilar deste modo: mas eu não sou assim.
William Blake
http://www.blocosonline.com.br/literatura/poesia/pidp/pidp010702.htm
quinta-feira, 25 de setembro de 2008
"NADIA STABILE" - este texto surgiu no Orkut,escrevendo para comunicar-me com os amigos da comunidade Poesia Pinga e com outros! e o blog surgiu...
PICHAÇÕES CIBERESPACIAIS
DA SÉRIE ESCRITOS GESTUAIS
A VIDA,O TEMPO,O RIO,O TREM"
A vida,o tempo
Ambos não esperam
Correm como um trem
Ou como as águas de um rio
Há os que conseguem navegá-las
Outros se afogam
Ou quase são salvos
Uns naufragam e ficam à margem
Outros constroem casas navegantes
Mas ninguém escapa do rio,
Do trem que corre
Parando em estações
Onde podemos nos perder
Ou entrar num ritmo novo
Do chacoalhar da viagem
Sempre chacoalha
Sempre há o enjôo
Uns sentem menos,outros mais
há os que resolvem desistir...
há os que ajudam o maquinista
melhorando o trem a vida,
o tempo,o rio,o trem...
engendrados...buscam o quê?
Nadia Stabile -28/06/07
DA SÉRIE ESCRITOS GESTUAIS
A VIDA,O TEMPO,O RIO,O TREM"
A vida,o tempo
Ambos não esperam
Correm como um trem
Ou como as águas de um rio
Há os que conseguem navegá-las
Outros se afogam
Ou quase são salvos
Uns naufragam e ficam à margem
Outros constroem casas navegantes
Mas ninguém escapa do rio,
Do trem que corre
Parando em estações
Onde podemos nos perder
Ou entrar num ritmo novo
Do chacoalhar da viagem
Sempre chacoalha
Sempre há o enjôo
Uns sentem menos,outros mais
há os que resolvem desistir...
há os que ajudam o maquinista
melhorando o trem a vida,
o tempo,o rio,o trem...
engendrados...buscam o quê?
Nadia Stabile -28/06/07
"NADIA STABILE" - SIMPLES
sexta-feira, 6 de Julho de 2007
"SIMPLES"
simples,muito simples
uma caneta,uma mão
e a vontade de dançar
com as palavras."
Nadia Stabile 22/11/06"
"SIMPLES"
simples,muito simples
uma caneta,uma mão
e a vontade de dançar
com as palavras."
Nadia Stabile 22/11/06"
"NADIA STABILE" - SOL PORTÁTIL - uma das primeiras postagens de meu primeiro blog,o Pichações Ciberespaciais (clique aqui)
Sexta-feira, 6 de Julho de 2007
SOL PORTÁTIL
a lâmpada
Thomas Edson
o deus da luz
paganismo
tecnológico
Nadia Stabile 22/11/06
SOL PORTÁTIL
a lâmpada
Thomas Edson
o deus da luz
paganismo
tecnológico
Nadia Stabile 22/11/06
"BERTOLD BRECHT" - AS BOAS AÇÕES
Esmagar sempre o próximo
não acaba por cansar?
Invejar provoca um esforço
que inchas as veias da fronte.
A mão que se estende naturalmente
dá e recebe com a mesma facilidade.
Mas a mão que agarra com avidez
rapidamente endurece.
Ah! que delicioso é dar!
Ser generoso que bela tentação!
Uma boa palavra brota suavemente
como um suspiro de felicidade!
não acaba por cansar?
Invejar provoca um esforço
que inchas as veias da fronte.
A mão que se estende naturalmente
dá e recebe com a mesma facilidade.
Mas a mão que agarra com avidez
rapidamente endurece.
Ah! que delicioso é dar!
Ser generoso que bela tentação!
Uma boa palavra brota suavemente
como um suspiro de felicidade!
"THIAGO DE MELLO" - ANIMAL DA FLORESTA
De madeira lilás (ninguém me crê)
se fez meu coração. Espécie escassa
de cedro, pela cor e porque abriga
em seu âmago a morte que o ameaça.
Madeira dói?, pergunta quem me vê
os braços verdes, os olhos cheios de asas.
Por mim responde a luz do amanhecer
que recobre de escamas esmaltadas
as águas densas que me deram raça
e cantam nas raízes do meu ser.
No crepúsculo estou da ribanceira
entre as estrelas e o chão que me abençoa
as nervuras.
Já não faz mal que doa
meu bravo coração de água e madeira.
se fez meu coração. Espécie escassa
de cedro, pela cor e porque abriga
em seu âmago a morte que o ameaça.
Madeira dói?, pergunta quem me vê
os braços verdes, os olhos cheios de asas.
Por mim responde a luz do amanhecer
que recobre de escamas esmaltadas
as águas densas que me deram raça
e cantam nas raízes do meu ser.
No crepúsculo estou da ribanceira
entre as estrelas e o chão que me abençoa
as nervuras.
Já não faz mal que doa
meu bravo coração de água e madeira.
MODOLINKAR: " CARTEIRODOPOENTE" - "ESTATUTO DO HOMEM" THIAGO DE MELLO (clique aqui)
(Ato Institucional Permanente)
A Carlos Heitor Cony
Artigo I
Fica decretado que agora vale a verdade.
agora vale a vida,
e de mãos dadas,
marcharemos todos pela vida verdadeira.
Artigo II
Fica decretado que todos os dias da semana,
inclusive as terças-feiras mais cinzentas,
têm direito a converter-se em manhãs de domingo.
Artigo III
Fica decretado que, a partir deste instante,
haverá girassóis em todas as janelas,
que os girassóis terão direito
a abrir-se dentro da sombra;
e que as janelas devem permanecer, o dia inteiro,
abertas para o verde onde cresce a esperança.
(continua) http://www.blocosonline.com.br/literatura/poesia/p01/p011101.htm
A Carlos Heitor Cony
Artigo I
Fica decretado que agora vale a verdade.
agora vale a vida,
e de mãos dadas,
marcharemos todos pela vida verdadeira.
Artigo II
Fica decretado que todos os dias da semana,
inclusive as terças-feiras mais cinzentas,
têm direito a converter-se em manhãs de domingo.
Artigo III
Fica decretado que, a partir deste instante,
haverá girassóis em todas as janelas,
que os girassóis terão direito
a abrir-se dentro da sombra;
e que as janelas devem permanecer, o dia inteiro,
abertas para o verde onde cresce a esperança.
(continua) http://www.blocosonline.com.br/literatura/poesia/p01/p011101.htm
MODOLINKAR: "SYLVIO NETO" - PUTO POETA PUTO (clique aqui)
O morro desanda
E desaba em lágrimas
O barro escorre
Misturado a todo
Tipo de sangue e suor
Vendo a verdade
Trazer mais tristeza
Que risos
Mando a rima
A puta que o pariu
Com sangue nos olhos
Vejo e sinto
O que a podridão
Dos dias traz e trai
Assim a poesia
De meu poema se esvai...
Quero mesmo é foder com a rima
Quero mesmo é gozar
Mesmo sem amor
Mesmo sem poema para amar
E que a puta que pariu
A tristeza e a pobreza
Nos braços. Em versos
Jamais consiga gozar
da poesia que soul
Sylvio Neto
E desaba em lágrimas
O barro escorre
Misturado a todo
Tipo de sangue e suor
Vendo a verdade
Trazer mais tristeza
Que risos
Mando a rima
A puta que o pariu
Com sangue nos olhos
Vejo e sinto
O que a podridão
Dos dias traz e trai
Assim a poesia
De meu poema se esvai...
Quero mesmo é foder com a rima
Quero mesmo é gozar
Mesmo sem amor
Mesmo sem poema para amar
E que a puta que pariu
A tristeza e a pobreza
Nos braços. Em versos
Jamais consiga gozar
da poesia que soul
Sylvio Neto
MODOLINKAR: "RONALDO FRANCO" - O APLAUSO (clique aqui)
O gesto natural, aquele que, espontaneamente,
irrita o mal:-o aplauso, contrário à inveja, expõe , faz soar a poesia.
A voz das mãos desnuda o corpo sem veneno em flagrante
de humanidade..
Um momento restaurador e construtivo ( sem escapar à sensibilidade
que o sustenta) que se corporifica e se expressa na força feminina
onde brota sempre bons sentimentos.
Com uma ternura maior do que a de mil homens.
( ...e o mundo sob sua sombrinha continua
como um menino que não quer aprender...)
**
Postado por ronaldo franco
O QUE É MODOLINKAR?
modolinkar foi uma expressão criada por mim,aqui na blogosfera para designar:
grande alegria e prazer em poder estar junto com outros,
esses outros podem ser amigos virtuais ou não,
podem ser donos de belas e instigantes idéias,
podem ser donos de nada,mas muito queridos e aceitos por mim,
por quê? sei lá!
Nadia Stabile - 25/09/08
grande alegria e prazer em poder estar junto com outros,
esses outros podem ser amigos virtuais ou não,
podem ser donos de belas e instigantes idéias,
podem ser donos de nada,mas muito queridos e aceitos por mim,
por quê? sei lá!
Nadia Stabile - 25/09/08
MODOLINKAR: "ELIZABETH LORENZOTTI" - DO BLOG VIVA BABEL -"SERTÃO"(clique aqui)
Tudo será
esquecido
Tudo será
aprendido
Tudo terá
se fingido
Tudo sertão
Foto António José Ribeiro
publicada por Elizabeth às 4:37 PM
http://vivababel.blogspot.com/
"NADIA STABILE" - MAIS ROXO DO QUE AMARELO
este blog mais roxo do que amarelo
roxo complementa amarelo
roxo=vermelho+azul
pode ser com mais azul ou mais vermelho
ainda será roxo
mas o amarelo é cor primária
cor que dá origem a outras...
no roxo e no amarelo está tudo
tudo para todos
25/09/08
Nadia Stabile
roxo complementa amarelo
roxo=vermelho+azul
pode ser com mais azul ou mais vermelho
ainda será roxo
mas o amarelo é cor primária
cor que dá origem a outras...
no roxo e no amarelo está tudo
tudo para todos
25/09/08
Nadia Stabile
"ARNALDO ANTUNES"
Eu apresento a página branca.
Contra:
Burocratas travestidos de poetas
Sem-graças travestidos de sérios
Anões travestidos de crianças
Complacentes travestidos de justos
Jingles travestidos de rock
Estórias travestidas de cinema
Chatos travestidos de coitados
Passivos travestidos de pacatos
Medo travestido de senso
Censores travestidos de sensores
Palavras travestidas de sentido
Palavras caladas travestidas de silêncio
Obscuros travestidos de complexos
Bois travestidos de touros
Fraquezas travestidas de virtudes
Bagaços travestidos de polpa
Bagos travestidos de cérebros
Celas travestidas de lares
Paisanas travestidos de drogados
Lobos travestidos de cordeiros
Pedantes travestidos de cultos
Egos travestidos de eros
Lerdos travestidos de zen
Burrice travestida de citações
água travestida de chuva
aquário travestido de tevê
água travestida de vinho
água solta apagando o afago do fogo
água mole sem pedra dura
água parada onde estagnam os impulsos
água que turva as lentes e enferruja as lâminas
água morna do bom gosto, do bom senso e das boas intenções
insípida, amorfa, inodora, incolor
água que o comerciante esperto coloca na garrafa para diluir o whisky
água onde não há seca
água onde não há sede
água em abundância
água em excesso
água em palavras.
Eu apresento a página branca.
A árvore sem sementes.
O vidro sem nada na frente.
Contra a água.
Arnaldo Antunes in Tudos
Contra:
Burocratas travestidos de poetas
Sem-graças travestidos de sérios
Anões travestidos de crianças
Complacentes travestidos de justos
Jingles travestidos de rock
Estórias travestidas de cinema
Chatos travestidos de coitados
Passivos travestidos de pacatos
Medo travestido de senso
Censores travestidos de sensores
Palavras travestidas de sentido
Palavras caladas travestidas de silêncio
Obscuros travestidos de complexos
Bois travestidos de touros
Fraquezas travestidas de virtudes
Bagaços travestidos de polpa
Bagos travestidos de cérebros
Celas travestidas de lares
Paisanas travestidos de drogados
Lobos travestidos de cordeiros
Pedantes travestidos de cultos
Egos travestidos de eros
Lerdos travestidos de zen
Burrice travestida de citações
água travestida de chuva
aquário travestido de tevê
água travestida de vinho
água solta apagando o afago do fogo
água mole sem pedra dura
água parada onde estagnam os impulsos
água que turva as lentes e enferruja as lâminas
água morna do bom gosto, do bom senso e das boas intenções
insípida, amorfa, inodora, incolor
água que o comerciante esperto coloca na garrafa para diluir o whisky
água onde não há seca
água onde não há sede
água em abundância
água em excesso
água em palavras.
Eu apresento a página branca.
A árvore sem sementes.
O vidro sem nada na frente.
Contra a água.
Arnaldo Antunes in Tudos
"EDUARDO GALEANO" - A DIGNIDADE DA ARTE
Eu escrevo para os que não podem me ler. Os de baixo, os que esperam há séculos na fila da história, não sabem ler ou não tem com o quê.
Quando chega o desânimo, me faz bem recordar uma lição de dignidade da arte que recebi há anos, num teatro de Assis, na Itália. Helena e eu tínhamos ido ver um espetáculo de pantomima, e não havia ninguém. Ela e eu éramos os únicos espectadores. Quando a luz se apagou, juntaram-se a nós o lanterninha e a mulher da bilheteria. E, no entanto, os atores, mais numerosos que o público, trabalharam naquela noite como se estivessem vivendo a glória de uma estréia com lotação esgotada. Fizeram
sua tarefa entregando-se inteiros, com tudo, com alma e vida; e foi uma maravilha.
Nossos aplausos ressoaram na solidão da sala. Nós aplaudimos até esfolar as mãos.
Eduardo Galeano em O livro dos abraços
Quando chega o desânimo, me faz bem recordar uma lição de dignidade da arte que recebi há anos, num teatro de Assis, na Itália. Helena e eu tínhamos ido ver um espetáculo de pantomima, e não havia ninguém. Ela e eu éramos os únicos espectadores. Quando a luz se apagou, juntaram-se a nós o lanterninha e a mulher da bilheteria. E, no entanto, os atores, mais numerosos que o público, trabalharam naquela noite como se estivessem vivendo a glória de uma estréia com lotação esgotada. Fizeram
sua tarefa entregando-se inteiros, com tudo, com alma e vida; e foi uma maravilha.
Nossos aplausos ressoaram na solidão da sala. Nós aplaudimos até esfolar as mãos.
Eduardo Galeano em O livro dos abraços
"EDUARDO GALEANO" A NOITE
Não consigo dormir.
Tenho uma mulher atravessada entre minhas pálpebras.
Se pudesse, diria a ela que fosse embora;
mas tenho uma mulher atravessada na garganta.
Eduardo Galeano
Tenho uma mulher atravessada entre minhas pálpebras.
Se pudesse, diria a ela que fosse embora;
mas tenho uma mulher atravessada na garganta.
Eduardo Galeano
"MACHADO DE ASSIS" - CRÔNICA DE 13 DE MAIO DE 1888
Crônica publicada no jornal Gazeta de Notícias, em 19 de maio de 1888.
Bons dias!
Eu pertenço a uma família de profetas après coup, post factum, depois do gato morto, ou como melhor nome tenha em holandês. Por isso digo, e juro se necessário fôr, que tôda a história desta lei de 13 de maio estava por mim prevista, tanto que na segunda-feira, antes mesmo dos debates, tratei de alforriar um molecote que tinha, pessoa de seus dezoito anos, mais ou menos. Alforriá-lo era nada; entendi que, perdido por mil, perdido por mil e quinhentos, e dei um jantar.
Neste jantar, a que meus amigos deram o nome de banquete, em falta de outro melhor, reuni umas cinco pessoas, conquanto as notícias dissessem trinta e três (anos de Cristo), no intuito de lhe dar um aspecto simbólico.
No golpe do meio (coup du milieu, mas eu prefiro falar a minha língua), levantei-me eu com a taça de champanha e declarei que acompanhando as idéias pregadas por Cristo, há dezoito séculos, restituía a liberdade ao meu escravo Pancrácio; que entendia que a nação inteira devia acompanhar as mesmas idéias e imitar o meu exemplo; finalmente, que a liberdade era um dom de Deus, que os homens não podiam roubar sem pecado.
Pancrácio, que estava à espreita, entrou na sala, como um furacão, e veio abraçar-me os pés. Um dos meus amigos (creio que é ainda meu sobrinho) pegou de outra taça, e pediu à ilustre assembléia que correspondesse ao ato que acabava de publicar, brindando ao primeiro dos cariocas. Ouvi cabisbaixo; fiz outro discurso agradecendo, e entreguei a carta ao molecote. Todos os lenços comovidos apanharam as lágrimas de admiração. Caí na cadeira e não vi mais nada. De noite, recebi muitos cartões. Creio que estão pintando o meu retrato, e suponho que a óleo.
No dia seguinte, chamei o Pancrácio e disse-lhe com rara franqueza:
- Tu és livre, podes ir para onde quiseres. Aqui tens casa amiga, já conhecida e tens mais um ordenado, um ordenado que...
- Oh! meu senhô! fico.
- ...Um ordenado pequeno, mas que há de crescer. Tudo cresce neste mundo; tu cresceste imensamente. Quando nasceste, eras um pirralho dêste tamanho; hoje estás mais alto que eu. Deixa ver; olha, és mais alto quatro dedos...
- Artura não qué dizê nada, não, senhô...
- Pequeno ordenado, repito, uns seis mil-réis; mas é de grão em grão que a galinha enche o seu papo. Tu vales muito mais que uma galinha.
- Justamente. Pois seis mil-réis. No fim de um ano, se andares bem, conta com oito. Oito ou sete.
Pancrácio aceitou tudo; aceitou até um peteleco que lhe dei no dia seguinte, por me não escovar bem as botas; efeitos da liberdade. Mas eu expliquei-lhe que o peteleco, sendo um impulso natural, não podia anular o direito civil adquirido por um título que lhe dei. Êle continuava livre, eu de mau humor; eram dois estados naturais, quase divinos.
Tudo compreendeu o meu bom Pancrácio; daí pra cá, tenho-lhe despedido alguns pontapés, um ou outro puxão de orelhas, e chamo-lhe bêsta quando lhe não chamo filho do diabo; cousas tôdas que êle recebe humildemente, e (Deus me perdoe!) creio que até alegre.
O meu plano está feito; quero ser deputado,e, na circular que mandarei aos meus eleitores, direi que, antes, muito antes da abolição legal, já eu, em casa, na modéstia da família, libertava um escravo, ato que comoveu a tôda a gente que dêle teve notícia; que êsse escravo tendo aprendido a ler, escrever e contar, (simples suposições) é então professor de filosofia no Rio das Cobras; que os homens puros, grandes e verdadeiramente políticos, não são os que obedecem à lei, mas os que se antecipam a ela, dizendo ao escravo: és livre, antes que o digam os poderes públicos, sempre retardatários, trôpegos e incapazes de restaurar a justiça na terra, para satisfação do céu.
Boas noites.
Texto extraído do livro
Obra Completa, Vol III. Machado de Assis. 3ª edição. José Aguilar, Rio de Janeiro. 1973. p. 489 - 491.
Bons dias!
Eu pertenço a uma família de profetas après coup, post factum, depois do gato morto, ou como melhor nome tenha em holandês. Por isso digo, e juro se necessário fôr, que tôda a história desta lei de 13 de maio estava por mim prevista, tanto que na segunda-feira, antes mesmo dos debates, tratei de alforriar um molecote que tinha, pessoa de seus dezoito anos, mais ou menos. Alforriá-lo era nada; entendi que, perdido por mil, perdido por mil e quinhentos, e dei um jantar.
Neste jantar, a que meus amigos deram o nome de banquete, em falta de outro melhor, reuni umas cinco pessoas, conquanto as notícias dissessem trinta e três (anos de Cristo), no intuito de lhe dar um aspecto simbólico.
No golpe do meio (coup du milieu, mas eu prefiro falar a minha língua), levantei-me eu com a taça de champanha e declarei que acompanhando as idéias pregadas por Cristo, há dezoito séculos, restituía a liberdade ao meu escravo Pancrácio; que entendia que a nação inteira devia acompanhar as mesmas idéias e imitar o meu exemplo; finalmente, que a liberdade era um dom de Deus, que os homens não podiam roubar sem pecado.
Pancrácio, que estava à espreita, entrou na sala, como um furacão, e veio abraçar-me os pés. Um dos meus amigos (creio que é ainda meu sobrinho) pegou de outra taça, e pediu à ilustre assembléia que correspondesse ao ato que acabava de publicar, brindando ao primeiro dos cariocas. Ouvi cabisbaixo; fiz outro discurso agradecendo, e entreguei a carta ao molecote. Todos os lenços comovidos apanharam as lágrimas de admiração. Caí na cadeira e não vi mais nada. De noite, recebi muitos cartões. Creio que estão pintando o meu retrato, e suponho que a óleo.
No dia seguinte, chamei o Pancrácio e disse-lhe com rara franqueza:
- Tu és livre, podes ir para onde quiseres. Aqui tens casa amiga, já conhecida e tens mais um ordenado, um ordenado que...
- Oh! meu senhô! fico.
- ...Um ordenado pequeno, mas que há de crescer. Tudo cresce neste mundo; tu cresceste imensamente. Quando nasceste, eras um pirralho dêste tamanho; hoje estás mais alto que eu. Deixa ver; olha, és mais alto quatro dedos...
- Artura não qué dizê nada, não, senhô...
- Pequeno ordenado, repito, uns seis mil-réis; mas é de grão em grão que a galinha enche o seu papo. Tu vales muito mais que uma galinha.
- Justamente. Pois seis mil-réis. No fim de um ano, se andares bem, conta com oito. Oito ou sete.
Pancrácio aceitou tudo; aceitou até um peteleco que lhe dei no dia seguinte, por me não escovar bem as botas; efeitos da liberdade. Mas eu expliquei-lhe que o peteleco, sendo um impulso natural, não podia anular o direito civil adquirido por um título que lhe dei. Êle continuava livre, eu de mau humor; eram dois estados naturais, quase divinos.
Tudo compreendeu o meu bom Pancrácio; daí pra cá, tenho-lhe despedido alguns pontapés, um ou outro puxão de orelhas, e chamo-lhe bêsta quando lhe não chamo filho do diabo; cousas tôdas que êle recebe humildemente, e (Deus me perdoe!) creio que até alegre.
O meu plano está feito; quero ser deputado,e, na circular que mandarei aos meus eleitores, direi que, antes, muito antes da abolição legal, já eu, em casa, na modéstia da família, libertava um escravo, ato que comoveu a tôda a gente que dêle teve notícia; que êsse escravo tendo aprendido a ler, escrever e contar, (simples suposições) é então professor de filosofia no Rio das Cobras; que os homens puros, grandes e verdadeiramente políticos, não são os que obedecem à lei, mas os que se antecipam a ela, dizendo ao escravo: és livre, antes que o digam os poderes públicos, sempre retardatários, trôpegos e incapazes de restaurar a justiça na terra, para satisfação do céu.
Boas noites.
Texto extraído do livro
Obra Completa, Vol III. Machado de Assis. 3ª edição. José Aguilar, Rio de Janeiro. 1973. p. 489 - 491.
"EUCLIDES DA CUNHA" - ESTRELAS
São tão remotas as estrelas, que
apesar da vertiginosa velocidade da luz, elas se
apagam e continuam a brilhar durante séculos.
Morrem os mundos...Silenciosa e escura,
Eterna noite cinge-os. Mudas, frias,
Nas luminosas solidões da cultura
Erguem-se, assim, necrópoles sombrias...
Mas, pra nós, di-lo a ciência, além perdura
A vida, e expande as rútilas magias..
Pelos séc'los emfora a luz fulgura
Traçando-lhes as órbitas vazias.
Meus ideais! extinta claridade —
Mortos, rompeis, fantásticos e insanos,
Da minh'alma e revolta imensidade...
E sois ainda todos os enganos
E toda a luz e toda mocidade
Desta velhice trágica aos vinte anos..
Se acaso uma alma se fotografasse
De sorte que, nos mesmos negativos,
A mesma luz pusesse em traços vivos
O nosso coração e a nossa face
E os nossos ideais, e os mais cativos
De nossos sonhos...Se a emoção que nasce
Em nós, também nas chapas se gravasse,
Mesmo em ligeiros traços fugitivos:
Amigo, tu terias com certeza
A mais completa e insólita surpresa
Notando — deste grupo bem no meio —
Que o mais belo, o mais forte, o mais ardente
Destes sujeitos é precisamente
o mais triste, o mais pálido, o mais feio.
apesar da vertiginosa velocidade da luz, elas se
apagam e continuam a brilhar durante séculos.
Morrem os mundos...Silenciosa e escura,
Eterna noite cinge-os. Mudas, frias,
Nas luminosas solidões da cultura
Erguem-se, assim, necrópoles sombrias...
Mas, pra nós, di-lo a ciência, além perdura
A vida, e expande as rútilas magias..
Pelos séc'los emfora a luz fulgura
Traçando-lhes as órbitas vazias.
Meus ideais! extinta claridade —
Mortos, rompeis, fantásticos e insanos,
Da minh'alma e revolta imensidade...
E sois ainda todos os enganos
E toda a luz e toda mocidade
Desta velhice trágica aos vinte anos..
Se acaso uma alma se fotografasse
De sorte que, nos mesmos negativos,
A mesma luz pusesse em traços vivos
O nosso coração e a nossa face
E os nossos ideais, e os mais cativos
De nossos sonhos...Se a emoção que nasce
Em nós, também nas chapas se gravasse,
Mesmo em ligeiros traços fugitivos:
Amigo, tu terias com certeza
A mais completa e insólita surpresa
Notando — deste grupo bem no meio —
Que o mais belo, o mais forte, o mais ardente
Destes sujeitos é precisamente
o mais triste, o mais pálido, o mais feio.
"EUCLIDES DA CUNHA E AUGUSTO DE CAMPOS"(parcerias póstumas) - OS CRENTES
Não inquiriram para onde seguiam.
E atravessaram serranias íngremes,
tabuleiros estéreis e chapadas rasas
na marcha cadenciada pelo toar das ladainhas
e pelo passo tardo do profeta...
TOCAIA
Dentre as frinchas,
dentre os esconderijos,
dentre as moitas esparsas, aprumados
no alto dos muramentos rudes,
ou em despenhos ao viés das vertentes
—apareceram os jagunços,
num repentino deflagrar de tiros.
Toda a expedição caiu, de ponta a ponta,
debaixo das trincheiras do Cambaio.
E atravessaram serranias íngremes,
tabuleiros estéreis e chapadas rasas
na marcha cadenciada pelo toar das ladainhas
e pelo passo tardo do profeta...
TOCAIA
Dentre as frinchas,
dentre os esconderijos,
dentre as moitas esparsas, aprumados
no alto dos muramentos rudes,
ou em despenhos ao viés das vertentes
—apareceram os jagunços,
num repentino deflagrar de tiros.
Toda a expedição caiu, de ponta a ponta,
debaixo das trincheiras do Cambaio.
"Gregório de Mattos ", o "Boca do Inferno"(1633-1696) - Soneto Por consoantes que me deram forçados (clique aqui e veja uma interlocução poética)
Neste mundo é mais rico o que mais rapa;
quem mais limpo se faz, tem mais carepa;
com sua língua, ao nobre o vil decepa;
o velhaco maior sempre tem capa.
Mostra o patife da nobreza o mapa;
quem tem mão de agarrar, ligeiro trepa;
quem menos falar pode, mais increpa;
quem dinheiro tiver, pode ser Papa.
A flor baixa se inculca por tulipa;
bengala hoje na mão, ontem garlopa;
mais isento se mostra o que mais chupa;
para a tropa do trapo vão a tripa,
e mais não digo; porque a Musa topa
em apa, em epa, em ipa, em opa, em upa.
quem mais limpo se faz, tem mais carepa;
com sua língua, ao nobre o vil decepa;
o velhaco maior sempre tem capa.
Mostra o patife da nobreza o mapa;
quem tem mão de agarrar, ligeiro trepa;
quem menos falar pode, mais increpa;
quem dinheiro tiver, pode ser Papa.
A flor baixa se inculca por tulipa;
bengala hoje na mão, ontem garlopa;
mais isento se mostra o que mais chupa;
para a tropa do trapo vão a tripa,
e mais não digo; porque a Musa topa
em apa, em epa, em ipa, em opa, em upa.
"LÍRIO DE REZENDE" - poeta-militante, defensor do anarco-comunismo sistematizado por Kropotkin - PIRAMIDACRATA (clique aqui para ler sobre ele)
A humanidade, Em anarquia
tem liberdade tem harmonia!
Não querem os anarquistas
nem dinheiro nem prisões
Nem guerreiros nem conquistas
Empregados ou patrões!
Terra, amor e liberdade
Justiça, paz e alegria
Há de ter a humanidade
Quando vier a anarquia!
Elevar! Atingir corações
O mais belo e perfeito ideal
Onda a vida sem leis nem paixões
Será longa, feliz, integral!
Não queremos nem ódio nem guerra
Nem governo por mais disfarçado...
E seremos felizes na terra
Na ciência e na paz, irmanados!
O mais alto apogeu da consiência humana
Da liberdade, enfim, sem freios nem fronteiras
Consiste num viver sem lei - boa ou tirana -
Irmandado no bem por todas as maneiras!
Para que a humanidade atinja ideais mais belos
E viva mais feliz, sem ódio nem enganos
Émister derrubar os últimos castelos
E neles sucumbir os últimos tiranos!
-- por Lírio de Rezende - 24/03/1923
tem liberdade tem harmonia!
Não querem os anarquistas
nem dinheiro nem prisões
Nem guerreiros nem conquistas
Empregados ou patrões!
Terra, amor e liberdade
Justiça, paz e alegria
Há de ter a humanidade
Quando vier a anarquia!
Elevar! Atingir corações
O mais belo e perfeito ideal
Onda a vida sem leis nem paixões
Será longa, feliz, integral!
Não queremos nem ódio nem guerra
Nem governo por mais disfarçado...
E seremos felizes na terra
Na ciência e na paz, irmanados!
O mais alto apogeu da consiência humana
Da liberdade, enfim, sem freios nem fronteiras
Consiste num viver sem lei - boa ou tirana -
Irmandado no bem por todas as maneiras!
Para que a humanidade atinja ideais mais belos
E viva mais feliz, sem ódio nem enganos
Émister derrubar os últimos castelos
E neles sucumbir os últimos tiranos!
-- por Lírio de Rezende - 24/03/1923
"JOÃO BOSCO,PAULO EMÍLIO E ALDIR BLANC " - LINHA DE PASSE
Toca de tatu, lingüiça e paio e boi zebu
Rabada com angu, rabo-de-saia
Naco de peru, lombo de porco com tutu
E bolo de fubá, barriga d'água
Há um diz que tem e no balaio tem também
Um som bordão bordando o som, dedão, violação
Diz um diz que viu e no balaio viu também
Um pega lá no toma-lá-dá-cá, do samba
Um caldo de feijão, um vatapá, e coração
Boca de siri, um namorado e um mexilhão
Água de benzê, linha de passe e chimarrão
Babaluaê, rabo de arraia e confusão...
...
Eh, yeah, yeah . . .
(Valeu, valeu, Dirceu do seu gado deu...)
Cana e cafuné, fandango e cassulê
Sereno e pé no chão, bala, camdomblé
E o meu café, cadê? Não tem, vai pão com pão
Já era Tirolesa, o Garrincha, a Galeria
A Mayrink Veiga, o Vai-da-Valsa, e hoje em dia
Rola a bola, é sola, esfola, cola, é pau a pau
E lá vem Portela que nem Marquês de Pombal
Mal, isso assim vai mal, mas viva o carnaval
Lights e sarongs, bondes, louras, King-Kongs
Meu pirão primeiro é muita marmelada
Puxa saco, cata-resto, pato, jogo-de-cabresto
E a pedalada
Quebra outro nariz, na cara do juiz
Aí, e há quem faça uma cachorrada
E fique na banheira, ou jogue pra torcida
Feliz da vida
Toca de tatu, lingüiça e paio e boi zebu
Rabada com angu, rabo-de-saia
Naco de peru, lombo de porco com tutu
E bolo de fubá, barriga d'água
Há um diz que tem e no balaio tem também
Um som bordão bordando o som, dedão, violação
Diz um diz que viu e no balaio viu também
Um pega lá no toma-lá-dá-cá do samba
Rabada com angu, rabo-de-saia
Naco de peru, lombo de porco com tutu
E bolo de fubá, barriga d'água
Há um diz que tem e no balaio tem também
Um som bordão bordando o som, dedão, violação
Diz um diz que viu e no balaio viu também
Um pega lá no toma-lá-dá-cá, do samba
Um caldo de feijão, um vatapá, e coração
Boca de siri, um namorado e um mexilhão
Água de benzê, linha de passe e chimarrão
Babaluaê, rabo de arraia e confusão...
...
Eh, yeah, yeah . . .
(Valeu, valeu, Dirceu do seu gado deu...)
Cana e cafuné, fandango e cassulê
Sereno e pé no chão, bala, camdomblé
E o meu café, cadê? Não tem, vai pão com pão
Já era Tirolesa, o Garrincha, a Galeria
A Mayrink Veiga, o Vai-da-Valsa, e hoje em dia
Rola a bola, é sola, esfola, cola, é pau a pau
E lá vem Portela que nem Marquês de Pombal
Mal, isso assim vai mal, mas viva o carnaval
Lights e sarongs, bondes, louras, King-Kongs
Meu pirão primeiro é muita marmelada
Puxa saco, cata-resto, pato, jogo-de-cabresto
E a pedalada
Quebra outro nariz, na cara do juiz
Aí, e há quem faça uma cachorrada
E fique na banheira, ou jogue pra torcida
Feliz da vida
Toca de tatu, lingüiça e paio e boi zebu
Rabada com angu, rabo-de-saia
Naco de peru, lombo de porco com tutu
E bolo de fubá, barriga d'água
Há um diz que tem e no balaio tem também
Um som bordão bordando o som, dedão, violação
Diz um diz que viu e no balaio viu também
Um pega lá no toma-lá-dá-cá do samba
"JOÃO BOSCO E ALDIR BLANC" - A NÍVEL DE - música
Vanderley e Odilon
são muito unidos
e vão pro Maracanã
todo domingo
criticando o casamento
e o papo mostra
que o casamento anda uma bosta...
Yolanda e Adelina
são muito unidas
e se fazem companhia
todo domingo
que os maridos vão pro jogo.
Yolanda aposta
que assim a nível de Proposta
o casamento anda uma bosta
e a Adelina não discorda.
Estruturou-se um troca-troca
e os quatro: hum-hum... oqué... tá bom... é...
Só que Odilon, não pegando bem a coisa,
agarrou o Vanderley e a Yolanda ó na Adelina.
Vanderley e Odilon
bem mais unidos
empataram capital
e estão montando
restaurante natural
cuja proposta
é cada um come o que gosta.
Yolanda e Adelina
bem mais unidas
são muito unidos
e vão pro Maracanã
todo domingo
criticando o casamento
e o papo mostra
que o casamento anda uma bosta...
Yolanda e Adelina
são muito unidas
e se fazem companhia
todo domingo
que os maridos vão pro jogo.
Yolanda aposta
que assim a nível de Proposta
o casamento anda uma bosta
e a Adelina não discorda.
Estruturou-se um troca-troca
e os quatro: hum-hum... oqué... tá bom... é...
Só que Odilon, não pegando bem a coisa,
agarrou o Vanderley e a Yolanda ó na Adelina.
Vanderley e Odilon
bem mais unidos
empataram capital
e estão montando
restaurante natural
cuja proposta
é cada um come o que gosta.
Yolanda e Adelina
bem mais unidas
"CHICO BUARQUE DE HOLANDA" - GENI E O ZEPELIN - letra de música
De tudo que é nego torto
Do mangue e do cais do porto
Ela já foi namorada
O seu corpo é dos errantes
Dos cegos, dos retirantes
É de quem não tem mais nada
Dá-se assim desde menina
Na garagem, na cantina
Atrás do tanque, no mato
É a rainha dos detentos
Das loucas, dos lazarentos
Dos moleques do internato
E também vai amiúde
Com os velhinhos sem saúde
E as viúvas sem porvir
Ela é um poço de bondade
E é por isso que a cidade
Vive sempre a repetir
Joga pedra na Geni
Joga pedra na Geni
Ela é feita pra apanhar
Ela é boa de cuspir
Ela dá pra qualquer um
Maldita Geni
Um dia surgiu, brilhante
Entre as nuvens, flutuante
Um enorme zepelim
Pairou sobre os edifícios
Abriu dois mil orifícios
Com dois mil canhões assim
A cidade apavorada
Se quedou paralisada
Pronta pra virar geléia
Mas do zepelim gigante
Desceu o seu comandante
Dizendo - Mudei de idéia
- Quando vi nesta cidade
- Tanto horror e iniqüidade
- Resolvi tudo explodir
- Mas posso evitar o drama
- Se aquela formosa dama
- Esta noite me servir
Essa dama era Geni
Mas não pode ser Geni
Ela é feita pra apanhar
Ela é boa de cuspir
Ela dá pra qualquer um
Maldita Geni
Mas de fato, logo ela
Tão coitada e tão singela
Cativara o forasteiro
O guerreiro tão vistoso
Tão temido e poderoso
Era dela, prisioneiro
Acontece que a donzela
- e isso era segredo dela
Também tinha seus caprichos
E a deitar com homem tão nobre
Tão cheirando a brilho e a cobre
Preferia amar com os bichos
Ao ouvir tal heresia
A cidade em romaria
Foi beijar a sua mão
O prefeito de joelhos
O bispo de olhos vermelhos
E o banqueiro com um milhão
Vai com ele, vai Geni
Vai com ele, vai Geni
Você pode nos salvar
Você vai nos redimir
Você dá pra qualquer um
Bendita Geni
Foram tantos os pedidos
Tão sinceros, tão sentidos
Que ela dominou seu asco
Nessa noite lancinante
Entregou-se a tal amante
Como quem dá-se ao carrasco
Ele fez tanta sujeira
Lambuzou-se a noite inteira
Até ficar saciado
E nem bem amanhecia
Partiu numa nuvem fria
Com seu zepelim prateado
Num suspiro aliviado
Ela se virou de lado
E tentou até sorrir
Mas logo raiou o dia
E a cidade em cantoria
Não deixou ela dormir
Joga pedra na Geni
Joga bosta na Geni
Ela é feita pra apanhar
Ela é boa de cuspir
Ela dá pra qualquer um
Maldita Geni
Do mangue e do cais do porto
Ela já foi namorada
O seu corpo é dos errantes
Dos cegos, dos retirantes
É de quem não tem mais nada
Dá-se assim desde menina
Na garagem, na cantina
Atrás do tanque, no mato
É a rainha dos detentos
Das loucas, dos lazarentos
Dos moleques do internato
E também vai amiúde
Com os velhinhos sem saúde
E as viúvas sem porvir
Ela é um poço de bondade
E é por isso que a cidade
Vive sempre a repetir
Joga pedra na Geni
Joga pedra na Geni
Ela é feita pra apanhar
Ela é boa de cuspir
Ela dá pra qualquer um
Maldita Geni
Um dia surgiu, brilhante
Entre as nuvens, flutuante
Um enorme zepelim
Pairou sobre os edifícios
Abriu dois mil orifícios
Com dois mil canhões assim
A cidade apavorada
Se quedou paralisada
Pronta pra virar geléia
Mas do zepelim gigante
Desceu o seu comandante
Dizendo - Mudei de idéia
- Quando vi nesta cidade
- Tanto horror e iniqüidade
- Resolvi tudo explodir
- Mas posso evitar o drama
- Se aquela formosa dama
- Esta noite me servir
Essa dama era Geni
Mas não pode ser Geni
Ela é feita pra apanhar
Ela é boa de cuspir
Ela dá pra qualquer um
Maldita Geni
Mas de fato, logo ela
Tão coitada e tão singela
Cativara o forasteiro
O guerreiro tão vistoso
Tão temido e poderoso
Era dela, prisioneiro
Acontece que a donzela
- e isso era segredo dela
Também tinha seus caprichos
E a deitar com homem tão nobre
Tão cheirando a brilho e a cobre
Preferia amar com os bichos
Ao ouvir tal heresia
A cidade em romaria
Foi beijar a sua mão
O prefeito de joelhos
O bispo de olhos vermelhos
E o banqueiro com um milhão
Vai com ele, vai Geni
Vai com ele, vai Geni
Você pode nos salvar
Você vai nos redimir
Você dá pra qualquer um
Bendita Geni
Foram tantos os pedidos
Tão sinceros, tão sentidos
Que ela dominou seu asco
Nessa noite lancinante
Entregou-se a tal amante
Como quem dá-se ao carrasco
Ele fez tanta sujeira
Lambuzou-se a noite inteira
Até ficar saciado
E nem bem amanhecia
Partiu numa nuvem fria
Com seu zepelim prateado
Num suspiro aliviado
Ela se virou de lado
E tentou até sorrir
Mas logo raiou o dia
E a cidade em cantoria
Não deixou ela dormir
Joga pedra na Geni
Joga bosta na Geni
Ela é feita pra apanhar
Ela é boa de cuspir
Ela dá pra qualquer um
Maldita Geni
"CHARLES CHAPLIN" - FRASES
"O homem não morre quando perde a vida, mas sim quando deixa de amar"
"A persistência é o caminho do êxito."
"A beleza é, no meu entender, uma onipresença da morte e do encanto, uma risonha melancolia que discernimos em todas as coisas da Natureza e da existência, essa comunhão mística que sente o poeta... algo assim como um raio de sol dourado e poeira que esvoaça, ou como uma rosa caída na sarjeta"
"Há dentro de nós alguma coisa que nos induz a esquecer o ódio e os aspectos desagradáveis da vida"
"Não é preciso ser judeu para ser antinazista. Basta ser uma pessoa humana, decente e normal."
"Quem está distante sempre nos causa maior impressão"
"Se o que você está fazendo for engraçado, não há necessidade de ser engraçado para fazê-lo."
"Não se julga um homem pelos trapos que o vestem, e sim pelo seu caráter."
"O tempo é o melhor autor. Sempre encontra um final perfeito."
"Lutemos por um mundo novo... um mundo bom que a todos assegura o ensejo de trabalho, que dê futuro a juventude e segurança à velhice."
"Pensamos em demasia e sentimos bem pouco. Mais do que de máquinas, precisamos de humanidade. Mais do que de inteligência, precisamos de afeição e doçura. Sem essas virtudes, a vida será de violência e tudo será perdido."
"Uma pessoa pode ter uma infância triste e mesmo assim chegar a ser muito feliz na maturidade. Da mesma forma, pode nascer num berço de ouro e sentir-se enjaulada pelo resto da vida."
"Quem está distante sempre nos causa maior impressão"
"A persistência é o caminho do êxito."
"A beleza é, no meu entender, uma onipresença da morte e do encanto, uma risonha melancolia que discernimos em todas as coisas da Natureza e da existência, essa comunhão mística que sente o poeta... algo assim como um raio de sol dourado e poeira que esvoaça, ou como uma rosa caída na sarjeta"
"Há dentro de nós alguma coisa que nos induz a esquecer o ódio e os aspectos desagradáveis da vida"
"Não é preciso ser judeu para ser antinazista. Basta ser uma pessoa humana, decente e normal."
"Quem está distante sempre nos causa maior impressão"
"Se o que você está fazendo for engraçado, não há necessidade de ser engraçado para fazê-lo."
"Não se julga um homem pelos trapos que o vestem, e sim pelo seu caráter."
"O tempo é o melhor autor. Sempre encontra um final perfeito."
"Lutemos por um mundo novo... um mundo bom que a todos assegura o ensejo de trabalho, que dê futuro a juventude e segurança à velhice."
"Pensamos em demasia e sentimos bem pouco. Mais do que de máquinas, precisamos de humanidade. Mais do que de inteligência, precisamos de afeição e doçura. Sem essas virtudes, a vida será de violência e tudo será perdido."
"Uma pessoa pode ter uma infância triste e mesmo assim chegar a ser muito feliz na maturidade. Da mesma forma, pode nascer num berço de ouro e sentir-se enjaulada pelo resto da vida."
"Quem está distante sempre nos causa maior impressão"
"EMMA GOLDMAN" - FRASES
* "Se eu não puder dançar, não é a minha revolução!"
* "Se votar mudasse alguma coisa, o voto já teria sido banido."
* "O capitalismo sabe corromper aqueles que deseja destruir."
* "Se votar mudasse alguma coisa, o voto já teria sido banido."
* "O capitalismo sabe corromper aqueles que deseja destruir."
Por uma Arte Revolucionária Independente (clique aqui para ler na íntegra)
Um libelo pela mais plena e absoluta liberdade de expressão, sem qualquer tipo de amarras.
Leon Trotski e André Breton, tiveram em 1938, na Cidade do México, um encontro histórico de que resultou, após muitos debates entre eles e outros agentes culturais, este documento, cuja versão final foi elaborada por Breton e Diego Rivera, com a aquiescência de Trotski. Naquele momento nascia a F.I.A.R.I. – Federação Internacional da Arte Revolucionária e Independente – de vida efêmera mas importância histórica crucial.
Dentre os propósitos estabelecidos, ressaltamos:
_ Uma aliança em prol da civilização, da vida, do ser humano em sua plenitude de manifestações.
_ Nenhuma barreira, nenhum tipo de controle, nenhum limite aos sonhos, à cultura ou à arte, que todos nascem no mesmo lugar.
_ Um libelo pela mais plena e absoluta liberdade de expressão, sem qualquer tipo de amarras.
_ O mais vigoroso repúdio a toda e qualquer forma de autoritarismo ou dirigismo.
_ Os meios materiais devem ser postos sem limite ou controle de qualquer espécie a serviço do ser humano e da arte.
_ A arte jamais deve ser reduzida a serviçal do capital.
_ O capitalismo é liberticida por definição.
_ O socialismo não pode ser autoritário.
_ Se destruir uma obra de arte é considerado por todas as pessoas sensíveis um gesto hediondo, como classificar o gesto de impedi-la de sequer existir?
_ Repúdio à barbárie das guerras e do autoritarismo.
Ao texto final, assinado por Leon Trotski e André Breton na cidade do México dia 25 de julho de 1938.
FONTE: http://www.culturabrasil.pro.br/poruma.htm
Leon Trotski e André Breton, tiveram em 1938, na Cidade do México, um encontro histórico de que resultou, após muitos debates entre eles e outros agentes culturais, este documento, cuja versão final foi elaborada por Breton e Diego Rivera, com a aquiescência de Trotski. Naquele momento nascia a F.I.A.R.I. – Federação Internacional da Arte Revolucionária e Independente – de vida efêmera mas importância histórica crucial.
Dentre os propósitos estabelecidos, ressaltamos:
_ Uma aliança em prol da civilização, da vida, do ser humano em sua plenitude de manifestações.
_ Nenhuma barreira, nenhum tipo de controle, nenhum limite aos sonhos, à cultura ou à arte, que todos nascem no mesmo lugar.
_ Um libelo pela mais plena e absoluta liberdade de expressão, sem qualquer tipo de amarras.
_ O mais vigoroso repúdio a toda e qualquer forma de autoritarismo ou dirigismo.
_ Os meios materiais devem ser postos sem limite ou controle de qualquer espécie a serviço do ser humano e da arte.
_ A arte jamais deve ser reduzida a serviçal do capital.
_ O capitalismo é liberticida por definição.
_ O socialismo não pode ser autoritário.
_ Se destruir uma obra de arte é considerado por todas as pessoas sensíveis um gesto hediondo, como classificar o gesto de impedi-la de sequer existir?
_ Repúdio à barbárie das guerras e do autoritarismo.
Ao texto final, assinado por Leon Trotski e André Breton na cidade do México dia 25 de julho de 1938.
FONTE: http://www.culturabrasil.pro.br/poruma.htm
"ANDRÉ BRETON" - UM HOMEM E UMA MULHER ABSOLUTAMENTE BRANCOS
Lá no fundo do guarda-sol vejo as prostitutas maravilhosas
Com trajes um pouco antiquados do lado da lanterna cor dos bosques
Levam a passear consigo um grande pedaço de papel estampado
Esse papel que não se pode ver sem que o coração se
nos aperte nos andares altos de uma casa em demolição
Ou uma concha de mármore branco caída no caminho
Ou um colar dessas argolas que se confundem atrás delas nos espelhos
O grande instinto da combustão conquista as ruas
onde elas caminham Direitas como flores queimadas
Com os olhos na distância levantando um vento de pedra
Enquanto imóveis se abismam no centro da voragem
Nada se iguala para mim ao sentido do seu pensamento desligado
A frescura do regato onde os sapatinhos delas
banham a sombra dos seus bicos A realidade daqueles molhos de feno cortado onde desaparecem
Vejo os seus seios que abrem uma nesga de sol na noite profunda
E que se abaixam e se elevam a um ritmo
que é a única exacta medida da vida
Vejo os seus seios que são estrelas sobre as ondas
Seios onde chove para sempre o invisível leite azul
(tradução de Antônio Ramos Rosa)
Com trajes um pouco antiquados do lado da lanterna cor dos bosques
Levam a passear consigo um grande pedaço de papel estampado
Esse papel que não se pode ver sem que o coração se
nos aperte nos andares altos de uma casa em demolição
Ou uma concha de mármore branco caída no caminho
Ou um colar dessas argolas que se confundem atrás delas nos espelhos
O grande instinto da combustão conquista as ruas
onde elas caminham Direitas como flores queimadas
Com os olhos na distância levantando um vento de pedra
Enquanto imóveis se abismam no centro da voragem
Nada se iguala para mim ao sentido do seu pensamento desligado
A frescura do regato onde os sapatinhos delas
banham a sombra dos seus bicos A realidade daqueles molhos de feno cortado onde desaparecem
Vejo os seus seios que abrem uma nesga de sol na noite profunda
E que se abaixam e se elevam a um ritmo
que é a única exacta medida da vida
Vejo os seus seios que são estrelas sobre as ondas
Seios onde chove para sempre o invisível leite azul
(tradução de Antônio Ramos Rosa)
'CORA CORALINA" - CONSIDERAÇÕES DE ANINHA
Melhor do que a criatura,
fez o criador a criação.
A criatura é limitada.
O tempo, o espaço,
normas e costumes.
Erros e acertos.
A criação é ilimitada.
Excede o tempo e o meio.
Projeta-se no Cosmos
Cora Coralina
fez o criador a criação.
A criatura é limitada.
O tempo, o espaço,
normas e costumes.
Erros e acertos.
A criação é ilimitada.
Excede o tempo e o meio.
Projeta-se no Cosmos
Cora Coralina
"CORA CORALINA" - ANINHA E SUAS PEDRAS
Não te deixes destruir...
Ajuntando novas pedras
e construindo novos poemas.
Recria tua vida, sempre, sempre.
Remove pedras e planta roseiras e faz doces. Recomeça.
Faz de tua vida mesquinha
um poema.
E viverás no coração dos jovens
e na memória das gerações que hão de vir.
Esta fonte é para uso de todos os sedentos.
Toma a tua parte.
Vem a estas páginas
e não entraves seu uso
aos que têm sede.
Cora Coralina (Outubro, 1981)
Ajuntando novas pedras
e construindo novos poemas.
Recria tua vida, sempre, sempre.
Remove pedras e planta roseiras e faz doces. Recomeça.
Faz de tua vida mesquinha
um poema.
E viverás no coração dos jovens
e na memória das gerações que hão de vir.
Esta fonte é para uso de todos os sedentos.
Toma a tua parte.
Vem a estas páginas
e não entraves seu uso
aos que têm sede.
Cora Coralina (Outubro, 1981)
"OLAVO BILAC" - VIA LÁCTEA
"Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso"! E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto...
E conversamos toda a noite, enquanto
A via láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.
Direis agora! "Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?"
E eu vos direi: "Amai para entendê-las:
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas".
Olavo Bilac
Perdeste o senso"! E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto...
E conversamos toda a noite, enquanto
A via láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.
Direis agora! "Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?"
E eu vos direi: "Amai para entendê-las:
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas".
Olavo Bilac
quarta-feira, 24 de setembro de 2008
PAGÚ - "PATRÍCIA GALVÃO" - NOTHING
“Nada, nada, nada
Nada mais do que nada
(...) Trouxeram-me camélias brancas e vermelhas
Uma linda criança sorriu-me quando eu a abraçava
Um cão rosnava na minha estrada
(...) Abri meu abraço aos amigos de sempre
Poetas compareceram
Alguns escritores
Gente de teatro
Birutas no aeroporto
E nada”
**(setembro 1962)*último texto de Pagú publicado
no jornal A Tribuna.Tres meses depois,ela falece em Santos.
FONTE: http://www.vidaslusofonas.pt/pagu.htm
***********************************************************
24/10/08 - segunda postagem
NOTHING
Nada nada nada
Nada mais do que nada
Porque vocês querem que exista apenas o nada
Pois existe o só nada
Um pára-brisa partido uma perna quebrada
O nada
Fisionomias massacradas
Tipóias em meus amigos
Portas arrombadas
Abertas para o nada
Um choro de criança
Uma lágrima de mulher à-toa
Que quer dizer nada
Um quarto meio escuro
Com um abajur quebrado
Meninas que dançavam
Que conversavam
Nada
Um copo de conhaque
Um teatro
Um precipício
Talvez o precipício queira dizer nada
Uma carteirinha de travel's check
Uma partida for two nada
Trouxeram-me camélias brancas e vermelhas
Uma linda criança sorriu-me quando eu a abraçava
Um cão rosnava na minha estrada
Um papagaio falava coisas tão engraçadas
Pastorinhas entraram em meu caminho
Num samba morenamente cadenciado
Abri o meu abraço aos amigos de sempre
Poetas compareceram
Alguns escritores
Gente de teatro
Birutas no aeroporto
E nada
http://caferusso.blogspot.com/2008/05/homenagem-pagu_25.html
Nada mais do que nada
(...) Trouxeram-me camélias brancas e vermelhas
Uma linda criança sorriu-me quando eu a abraçava
Um cão rosnava na minha estrada
(...) Abri meu abraço aos amigos de sempre
Poetas compareceram
Alguns escritores
Gente de teatro
Birutas no aeroporto
E nada”
**(setembro 1962)*último texto de Pagú publicado
no jornal A Tribuna.Tres meses depois,ela falece em Santos.
FONTE: http://www.vidaslusofonas.pt/pagu.htm
***********************************************************
24/10/08 - segunda postagem
NOTHING
Nada nada nada
Nada mais do que nada
Porque vocês querem que exista apenas o nada
Pois existe o só nada
Um pára-brisa partido uma perna quebrada
O nada
Fisionomias massacradas
Tipóias em meus amigos
Portas arrombadas
Abertas para o nada
Um choro de criança
Uma lágrima de mulher à-toa
Que quer dizer nada
Um quarto meio escuro
Com um abajur quebrado
Meninas que dançavam
Que conversavam
Nada
Um copo de conhaque
Um teatro
Um precipício
Talvez o precipício queira dizer nada
Uma carteirinha de travel's check
Uma partida for two nada
Trouxeram-me camélias brancas e vermelhas
Uma linda criança sorriu-me quando eu a abraçava
Um cão rosnava na minha estrada
Um papagaio falava coisas tão engraçadas
Pastorinhas entraram em meu caminho
Num samba morenamente cadenciado
Abri o meu abraço aos amigos de sempre
Poetas compareceram
Alguns escritores
Gente de teatro
Birutas no aeroporto
E nada
http://caferusso.blogspot.com/2008/05/homenagem-pagu_25.html
"MÁRIO DE ANDRADE" - DESCOBRIMENTO
Abancado à escrivaninha em São Paulo
Na minha casa da rua Lopes Chaves
De supetão senti um friúme por dentro.
Fiquei trêmulo, muito comovido
Com o livro palerma olhando pra mim.
Não vê que me lembrei que lá no Norte, meu Deus!
muito longe de mim
Na escuridão ativa da noite que caiu
Um homem pálido magro de cabelo escorrendo nos olhos,
Depois de fazer uma pele com a borracha do dia,
Faz pouco se deitou, está dormindo.
Esse homem é brasileiro que nem eu.
Na minha casa da rua Lopes Chaves
De supetão senti um friúme por dentro.
Fiquei trêmulo, muito comovido
Com o livro palerma olhando pra mim.
Não vê que me lembrei que lá no Norte, meu Deus!
muito longe de mim
Na escuridão ativa da noite que caiu
Um homem pálido magro de cabelo escorrendo nos olhos,
Depois de fazer uma pele com a borracha do dia,
Faz pouco se deitou, está dormindo.
Esse homem é brasileiro que nem eu.
"UMBERTO ECO" - FRASES
Nada inspira mais coragem ao medroso do que o medo alheio.(da obra O nome da Rosa)
O riso é a fraqueza, a corrupção, a insipidez da nossa carne.
Nem todos as verdades são para todos os ouvidos.
Quando os verdadeiros inimigos são muito fortes, é preciso escolher inimigos mais fracos.
Existe apenas uma coisa que excita os animais mais do que o prazer, é a dor.
Nenhum romancista pode imaginar algo mais terrível que a verdade.
(Citando como exemplo do que diz a recente destruição das torres gêmeas de Nova York)
E como podes ver, ainda falo demasiadamente, e isto é sinal de que não sou sábia, porque a virtude se adquire no silêncio (da obra Baudolino)
O riso é a fraqueza, a corrupção, a insipidez da nossa carne.
Nem todos as verdades são para todos os ouvidos.
Quando os verdadeiros inimigos são muito fortes, é preciso escolher inimigos mais fracos.
Existe apenas uma coisa que excita os animais mais do que o prazer, é a dor.
Nenhum romancista pode imaginar algo mais terrível que a verdade.
(Citando como exemplo do que diz a recente destruição das torres gêmeas de Nova York)
E como podes ver, ainda falo demasiadamente, e isto é sinal de que não sou sábia, porque a virtude se adquire no silêncio (da obra Baudolino)
"ARTHUR RIMBAUD" ...SENSAÇÃO - 1870
Pelas noites azuis de verão, irei em atalhos sob a lua,
Picotado pelos trigos, pisar a grama pequena:
Sonhador, sentirei nos pés o frescor que acena.
Deixarei o vento banhar minha cabeça nua.
Não falarei, não pensarei em nada sequer:
Mas me subirá na alma o amor soberano,
E irei longe, bem longe, feito um cigano,
Pela Natureza — feliz como se estivesse com uma mulher.
Março 1870.
Arthur Rimbaud
Picotado pelos trigos, pisar a grama pequena:
Sonhador, sentirei nos pés o frescor que acena.
Deixarei o vento banhar minha cabeça nua.
Não falarei, não pensarei em nada sequer:
Mas me subirá na alma o amor soberano,
E irei longe, bem longe, feito um cigano,
Pela Natureza — feliz como se estivesse com uma mulher.
Março 1870.
Arthur Rimbaud
"JOSÉ MAGNO" - PARA ISSO FOMOS FEITOS?
Para isso fomos feitos
Enterrar os nossos mortos?
Deixar saudades nos portos,
Ocupar todos os leitos?
Ser a teia, a aranha, a mosca
Desse enredo, dessa história,
Ser herói e ser escória
Da vida brilhante ou fosca?
Ser o alvo, ser a seta,
E também a trajetória,
Esquecimento, memória
Ser, a um tempo, plano e meta?
Lutar de todos os jeitos,
Para isso fomos feitos?
Enterrar os nossos mortos?
Deixar saudades nos portos,
Ocupar todos os leitos?
Ser a teia, a aranha, a mosca
Desse enredo, dessa história,
Ser herói e ser escória
Da vida brilhante ou fosca?
Ser o alvo, ser a seta,
E também a trajetória,
Esquecimento, memória
Ser, a um tempo, plano e meta?
Lutar de todos os jeitos,
Para isso fomos feitos?
poesia concreta: um manifesto (clique aqui e veja os clip poemas)
- a poesia concreta começa por assumir uma responsabilidade total perante a linguagem: aceitando o pressuposto do idioma histórico como núcleo indispensável de comunicação, recusa-se a absorver as palavras com meros veículos indiferentes, sem vida sem personalidade sem história - túmulos-tabu com que a convenção insiste em sepultar a idéia.
- o poeta concreto não volta a face às palavras, não lhes lança olhares oblíquos: vai direto ao seu centro, para viver e vivificar a sua facticidade.
- o poeta concreto vê a palavra em si mesma - campo magnético de possibilidades - como um objeto dinâmico, uma célula viva, um organismo completo, com propriedades psicofisicoquímicas tacto antenas circulação coraação: viva.
- longe de procurar evadir-se da realidade ou iludí-la, pretende a poesia concreta, contra a introspecção autodebilitante e contra o realismo simplista e simplório, situar-se de frente para as coisas, aberta, em posição de realismo absoluto.
- o velho alicerce formal e silogístico-discursivo, fortemente abalado no começo do século, voltou a servir de escora às ruínas de uma poética comprometida, híbrido anacrônico de coração atômico e couraça medieval.
- contra a organização sintática perspectivista, onde as palavras vêm sentar-se como "cadáveres em banquete", a poesia concreta opõe um novo sentido de estrutura, capaz de, no momento histórico, captar, sem desgaste ou regressão, o cerne da experiência humana poetizável.
- mallarmé (un coup de dés-1897), joyce (finnegans wake), pound (cantos-ideograma), cummings e, num segundo plano, apollinaire (calligrammes) e as tentativas experimentais futuristasdadaistas estão na raíz do novo procedimento poético, que tende a imporse à organização convencional cuja unidade formal é o verso (livre inclusive).
- o poema concreto ou ideograma passa a ser um campo relacional de funções.
o núcleo poético é posto em evidencia não mais pelo encadeamento sucessivo e linear de versos, mas por um sistema de relações e equilíbrios entre quaisquer parses do poema.
- funções-relações gráfico-fonéticas ("fatores de proximidade e semelhança") e o uso substantivo do espaço como elemento de composição entretêm uma dialética simultânea de olho e fôlego, que, aliada à síntese ideogrâmica do significado, cria uma totalidade sensível "verbivocovisual", de modo a justapor palavras e experiência num estreito colamento fenomenológico, antes impossível.
- POESIA-CONCRETA: TENSÃO DE PALAVRAS-COISAS NO ESPAÇO-TEMPO.
(publicado originalmente na revista ad - arquitetura e decoração, são paulo, novembro/dezembro de 1956, n° 20)
www2.uol.com.br/augustodecampos/poesiaconc.htm
- o poeta concreto não volta a face às palavras, não lhes lança olhares oblíquos: vai direto ao seu centro, para viver e vivificar a sua facticidade.
- o poeta concreto vê a palavra em si mesma - campo magnético de possibilidades - como um objeto dinâmico, uma célula viva, um organismo completo, com propriedades psicofisicoquímicas tacto antenas circulação coraação: viva.
- longe de procurar evadir-se da realidade ou iludí-la, pretende a poesia concreta, contra a introspecção autodebilitante e contra o realismo simplista e simplório, situar-se de frente para as coisas, aberta, em posição de realismo absoluto.
- o velho alicerce formal e silogístico-discursivo, fortemente abalado no começo do século, voltou a servir de escora às ruínas de uma poética comprometida, híbrido anacrônico de coração atômico e couraça medieval.
- contra a organização sintática perspectivista, onde as palavras vêm sentar-se como "cadáveres em banquete", a poesia concreta opõe um novo sentido de estrutura, capaz de, no momento histórico, captar, sem desgaste ou regressão, o cerne da experiência humana poetizável.
- mallarmé (un coup de dés-1897), joyce (finnegans wake), pound (cantos-ideograma), cummings e, num segundo plano, apollinaire (calligrammes) e as tentativas experimentais futuristasdadaistas estão na raíz do novo procedimento poético, que tende a imporse à organização convencional cuja unidade formal é o verso (livre inclusive).
- o poema concreto ou ideograma passa a ser um campo relacional de funções.
o núcleo poético é posto em evidencia não mais pelo encadeamento sucessivo e linear de versos, mas por um sistema de relações e equilíbrios entre quaisquer parses do poema.
- funções-relações gráfico-fonéticas ("fatores de proximidade e semelhança") e o uso substantivo do espaço como elemento de composição entretêm uma dialética simultânea de olho e fôlego, que, aliada à síntese ideogrâmica do significado, cria uma totalidade sensível "verbivocovisual", de modo a justapor palavras e experiência num estreito colamento fenomenológico, antes impossível.
- POESIA-CONCRETA: TENSÃO DE PALAVRAS-COISAS NO ESPAÇO-TEMPO.
(publicado originalmente na revista ad - arquitetura e decoração, são paulo, novembro/dezembro de 1956, n° 20)
www2.uol.com.br/augustodecampos/poesiaconc.htm
VLADIMIR MAIAKOVSKI " - poeta russo - FRASES
"A poesia é uma forma de produção. Dificílima, complexíssima, porém produção."
"Sem forma revolucionária não há arte revolucionária."
"Eu não forneço nenhuma regra para que uma pessoa se torne poeta e escreva versos. E, em geral, tais regras não existem. Chama-se poeta justamente o homem que cria estas regras poéticas."
"Traduzir poemas é tarefa difícil, especialmente os meus."
Uma outra razão da dificuldade da tradução de meus versos vem de que introduzo nos versos a linguagem quotidiana, falada...
Tais versos só são compreensíveis e só têm graça se se sente o sistema geral da língua, e são quase intraduzíveis, como jogos de palavras."
"Sem forma revolucionária não há arte revolucionária."
"Eu não forneço nenhuma regra para que uma pessoa se torne poeta e escreva versos. E, em geral, tais regras não existem. Chama-se poeta justamente o homem que cria estas regras poéticas."
"Traduzir poemas é tarefa difícil, especialmente os meus."
Uma outra razão da dificuldade da tradução de meus versos vem de que introduzo nos versos a linguagem quotidiana, falada...
Tais versos só são compreensíveis e só têm graça se se sente o sistema geral da língua, e são quase intraduzíveis, como jogos de palavras."
"OSWALD DE ANDRADE"
Vício na fala
Para dizerem milho dizem mio
Para melhor dizem mió
Para pior pió
Para telha dizem teia
Para telhado dizem teiado
E vão fazendo telhados
Pronominais
Dê-me um cigarro
Diz a gramática
Do professor e do aluno
E do mulato sabido
Mas o bom negro e o bom branco
Da Nação Brasileira
Dizem todos os dias
Deixa disso camarada
Me dá um cigarro
Canto de
regresso à pátria
Minha terra tem palmares
Onde gorjeia o mar
Os passarinhos daqui
Não cantam como os de lá
Minha terra tem mais rosas
E quase que mais amores
Minha terra tem mais ouro
Minha terra tem mais terra
Ouro terra amor e rosas
Eu quero tudo de lá
Não permita Deus que eu morra
Sem que volte para lá
Não permita Deus que eu morra
Sem que volte pra São Paulo
Sem que veja a Rua 15
E o progresso de São Paulo.
(in Poesias Reunidas. Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 1971.)
Para dizerem milho dizem mio
Para melhor dizem mió
Para pior pió
Para telha dizem teia
Para telhado dizem teiado
E vão fazendo telhados
Pronominais
Dê-me um cigarro
Diz a gramática
Do professor e do aluno
E do mulato sabido
Mas o bom negro e o bom branco
Da Nação Brasileira
Dizem todos os dias
Deixa disso camarada
Me dá um cigarro
Canto de
regresso à pátria
Minha terra tem palmares
Onde gorjeia o mar
Os passarinhos daqui
Não cantam como os de lá
Minha terra tem mais rosas
E quase que mais amores
Minha terra tem mais ouro
Minha terra tem mais terra
Ouro terra amor e rosas
Eu quero tudo de lá
Não permita Deus que eu morra
Sem que volte para lá
Não permita Deus que eu morra
Sem que volte pra São Paulo
Sem que veja a Rua 15
E o progresso de São Paulo.
(in Poesias Reunidas. Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 1971.)
"GERALDO PEREIRA" E "WILSON BATISTA" - ACERTEI NO MILHAR (letra de música)
- Etelvina, minha filha!
- Que há, Jorginho?
- Acertei no milhar
Ganhei 500 contos
Não vou mais trabalhar
E me dê toda a roupa velha aos pobres
E a mobília podemos quebrar
Isto é pra já
Passe pra cá
Etelvina
Vai ter outra lua-de-mel
Você vai ser madame
Vai morar num grande hotel
Eu vou comprar um nome não sei onde
De marquês, Dom Jorge Veiga, de Visconde
Um professor de francês, mon amour
Eu vou trocar seu nome
Pra madame Pompadour
Até que enfim agora eu sou feliz
Vou percorrer Europa toda até Paris
E nossos filhos, hein?
- Oh, que inferno!
Eu vou pô-los num colégio interno
Telefongone pro Mané do armazém
Porque não quero ficar
Devendo nada a ninguém
E vou comprar um avião azul
Pra percorrer a América do Sul
Aí de repente, mas de repente
Etelvina me chamou
Está na hora do basquente
Etelvina me acordou
Foi um sonho, minha gente
- Que há, Jorginho?
- Acertei no milhar
Ganhei 500 contos
Não vou mais trabalhar
E me dê toda a roupa velha aos pobres
E a mobília podemos quebrar
Isto é pra já
Passe pra cá
Etelvina
Vai ter outra lua-de-mel
Você vai ser madame
Vai morar num grande hotel
Eu vou comprar um nome não sei onde
De marquês, Dom Jorge Veiga, de Visconde
Um professor de francês, mon amour
Eu vou trocar seu nome
Pra madame Pompadour
Até que enfim agora eu sou feliz
Vou percorrer Europa toda até Paris
E nossos filhos, hein?
- Oh, que inferno!
Eu vou pô-los num colégio interno
Telefongone pro Mané do armazém
Porque não quero ficar
Devendo nada a ninguém
E vou comprar um avião azul
Pra percorrer a América do Sul
Aí de repente, mas de repente
Etelvina me chamou
Está na hora do basquente
Etelvina me acordou
Foi um sonho, minha gente
"CECÍLIA MEIRELES" - NOÇÕES
Entre mim e mim, há vastidões bastantes
para a navegação dos meus desejos afligidos.
Descem pela água minhas naves revestidas de espelhos.
Cada lâmina arrisca um olhar, e investiga o elemento que
a atinge.
Mas, nesta aventura do sonho exposto à correnteza,
só recolho o gosto infinito das respostas que não se
encontram.
Virei-me sobre a minha própria existência, e contemplei-a
Minha virtude era esta errância por mares contraditórios,
e este abandono para além da felicidade e da beleza.
Ó meu Deus, isto é a minha alma:
qualquer coisa que flutua sobre este corpo efêmero e
precário,
como o vento largo do oceano sobre a areia passiva e
inúmera...
para a navegação dos meus desejos afligidos.
Descem pela água minhas naves revestidas de espelhos.
Cada lâmina arrisca um olhar, e investiga o elemento que
a atinge.
Mas, nesta aventura do sonho exposto à correnteza,
só recolho o gosto infinito das respostas que não se
encontram.
Virei-me sobre a minha própria existência, e contemplei-a
Minha virtude era esta errância por mares contraditórios,
e este abandono para além da felicidade e da beleza.
Ó meu Deus, isto é a minha alma:
qualquer coisa que flutua sobre este corpo efêmero e
precário,
como o vento largo do oceano sobre a areia passiva e
inúmera...
"BOCAGE" - Manuel Maria Barbosa du Bocage (1765-1805)
II [SONETO DO EPITÁFIO]
Lá quando em mim perder a humanidade
Mais um daqueles, que não fazem falta,
Verbi-gratia — o teólogo, o peralta,
Algum duque, ou marquês, ou conde, ou frade:
Não quero funeral comunidade,
Que engrole "sub-venites" em voz alta;
Pingados gatarrões, gente de malta,
Eu também vos dispenso a caridade:
Mas quando ferrugenta enxada idosa
Sepulcro me cavar em ermo outeiro,
Lavre-me este epitáfio mão piedosa:
"Aqui dorme Bocage, o putanheiro;
Passou vida folgada, e milagrosa;
Comeu, bebeu, fodeu sem ter dinheiro".
VI (3) [SONETO DE TODAS AS PUTAS]
Não lamentes, oh Nise, o teu estado;
Puta tem sido muita gente boa;
Putíssimas fidalgas tem Lisboa,
Milhões de vezes putas têm reinado:
Dido foi puta, e puta d'um soldado;
Cleópatra por puta alcança a c'roa;
Tu, Lucrécia, com toda a tua proa,
O teu cono não passa por honrado:
Essa da Rússia imperatriz famosa,
Que inda há pouco morreu (diz a Gazeta)
Entre mil porras expirou vaidosa:
Todas no mundo dão a sua greta:
Não fiques pois, oh Nise, duvidosa
Que isso de virgo e honra é tudo peta.
Lá quando em mim perder a humanidade
Mais um daqueles, que não fazem falta,
Verbi-gratia — o teólogo, o peralta,
Algum duque, ou marquês, ou conde, ou frade:
Não quero funeral comunidade,
Que engrole "sub-venites" em voz alta;
Pingados gatarrões, gente de malta,
Eu também vos dispenso a caridade:
Mas quando ferrugenta enxada idosa
Sepulcro me cavar em ermo outeiro,
Lavre-me este epitáfio mão piedosa:
"Aqui dorme Bocage, o putanheiro;
Passou vida folgada, e milagrosa;
Comeu, bebeu, fodeu sem ter dinheiro".
VI (3) [SONETO DE TODAS AS PUTAS]
Não lamentes, oh Nise, o teu estado;
Puta tem sido muita gente boa;
Putíssimas fidalgas tem Lisboa,
Milhões de vezes putas têm reinado:
Dido foi puta, e puta d'um soldado;
Cleópatra por puta alcança a c'roa;
Tu, Lucrécia, com toda a tua proa,
O teu cono não passa por honrado:
Essa da Rússia imperatriz famosa,
Que inda há pouco morreu (diz a Gazeta)
Entre mil porras expirou vaidosa:
Todas no mundo dão a sua greta:
Não fiques pois, oh Nise, duvidosa
Que isso de virgo e honra é tudo peta.
"PAULO LEMINSKI" - Haikai
esta vida é uma viagem
pena eu estar
só de passagem
primeiro frio do ano
fui feliz
se não me engano
Paulo Leminski
pena eu estar
só de passagem
primeiro frio do ano
fui feliz
se não me engano
Paulo Leminski
"CAIO FERNANDO ABREU" - POEMA ANTIGO
"Está tudo planejado:
se amanhã o dia for cinzento,
se houver chuva
se houver vento,
ou se eu estiver cansado
dessa antiga melancolia
cinza fria
sobre as coisas
conhecidas pela casa
a mesa posta
e gasta
está tudo planejado
apago as luzes, no escuro
e abro o gás
de-fi-ni-ti-va-men-te
ou então
visto minhas calças vermelhas
e procuro uma festa
onde possa dançar rock
até cair"
da Revista Bravo! fev 2006
se amanhã o dia for cinzento,
se houver chuva
se houver vento,
ou se eu estiver cansado
dessa antiga melancolia
cinza fria
sobre as coisas
conhecidas pela casa
a mesa posta
e gasta
está tudo planejado
apago as luzes, no escuro
e abro o gás
de-fi-ni-ti-va-men-te
ou então
visto minhas calças vermelhas
e procuro uma festa
onde possa dançar rock
até cair"
da Revista Bravo! fev 2006
"MACHADO DE ASSIS" - CAROLINA
Querida, ao pé do leito derradeiro
Em que descansas dessa longa vida,
Aqui venho e virei, pobre querida,
Trazer-te o coração do companheiro.
Pulsa-lhe aquele afeto verdadeiro
Que, a despeito de toda a humana lida,
Fez a nossa existência apetecida
E num recanto pôs o mundo inteiro.
Trago-te flores - restos arrancados
Da terra que nos viu passar unidos
E ora mortos nos deixa e separados.
Que eu, se tenho nos olhos malferidos
Pensamentos de vida formulados,
São pensamentos idos e vividos.
Machado de Assis, 1906
Em que descansas dessa longa vida,
Aqui venho e virei, pobre querida,
Trazer-te o coração do companheiro.
Pulsa-lhe aquele afeto verdadeiro
Que, a despeito de toda a humana lida,
Fez a nossa existência apetecida
E num recanto pôs o mundo inteiro.
Trago-te flores - restos arrancados
Da terra que nos viu passar unidos
E ora mortos nos deixa e separados.
Que eu, se tenho nos olhos malferidos
Pensamentos de vida formulados,
São pensamentos idos e vividos.
Machado de Assis, 1906
"CLARICE LISPECTOR" - Quero escrever o borrão vermelho de sangue
Quero escrever o borrão vermelho de sangue
com as gotas e coágulos pingando
de dentro para dentro.
Quero escrever amarelo-ouro
com raios de translucidez.
Que não me entendam
pouco-se-me-dá.
Nada tenho a perder.
Jogo tudo na violência
que sempre me povoou,
o grito áspero e agudo e prolongado,
o grito que eu,
por falso respeito humano,
não dei.
Mas aqui vai o meu berro
me rasgando as profundas entranhas
de onde brota o estertor ambicionado.
Quero abarcar o mundo
com o terremoto causado pelo grito.
O clímax de minha vida será a morte.
Quero escrever noções
sem o uso abusivo da palavra.
Só me resta ficar nua:
nada tenho mais a perder.
com as gotas e coágulos pingando
de dentro para dentro.
Quero escrever amarelo-ouro
com raios de translucidez.
Que não me entendam
pouco-se-me-dá.
Nada tenho a perder.
Jogo tudo na violência
que sempre me povoou,
o grito áspero e agudo e prolongado,
o grito que eu,
por falso respeito humano,
não dei.
Mas aqui vai o meu berro
me rasgando as profundas entranhas
de onde brota o estertor ambicionado.
Quero abarcar o mundo
com o terremoto causado pelo grito.
O clímax de minha vida será a morte.
Quero escrever noções
sem o uso abusivo da palavra.
Só me resta ficar nua:
nada tenho mais a perder.
"JOÃO GILBERTO NOLL" (clique aqui)
"Vejo a literatura como acontecimento, não apenas como espelho das questões sociais mais imediatas. Mas que ela traga o leitor para um horizonte ritualístico, um horizonte litúrgico. É como se ele sentasse, que fosse lá no palco e participasse junto com o ator, Ando muito preocupado com essa questão da liturgia, do ritual."
"A literatura, às vezes,
é uma voz embriagada que canta."
"Sou um escritor de linguagem, pelo método com o qual escrevo fica claro isso. Tento captar a realidade através do que a linguagem me indica. Nesse sentido, sou o oposto de Berkeley Realmente, o que vai puxar-me arrastar-me movimentar em direção à ação do livro não é uma idéia de conteúdo prévio, mas é aquilo que a linguagem vai abrindo para mim. Como se realmente a linguagem fosse um exercício desejante de ação. Ação não no sentido norte-americano, evidentemente, de cinemão, mas no sentido de que o personagem começa de um jeito e vai terminar de outro. Acredito nisso, acredito na possibilidade de um argumento, sim, na história humana. Isso não quer dizer que tenha uma linha progressiva, uma finalidade angelical, nada disso, mas existe a possibilidade de você conhecer profundamente o seu próprio movimento. O homem não é um bicho estagnado. E só existe ficção por isso e não para usar a ação como uma peripécia atordoante que valha por si mesma. Mas o que vai me levar a essa ação, a essa verdade humana que é o momento, é a linguagem. Ela é o abre-te sésamo deste novo mundo."
"A literatura, às vezes,
é uma voz embriagada que canta."
"Sou um escritor de linguagem, pelo método com o qual escrevo fica claro isso. Tento captar a realidade através do que a linguagem me indica. Nesse sentido, sou o oposto de Berkeley Realmente, o que vai puxar-me arrastar-me movimentar em direção à ação do livro não é uma idéia de conteúdo prévio, mas é aquilo que a linguagem vai abrindo para mim. Como se realmente a linguagem fosse um exercício desejante de ação. Ação não no sentido norte-americano, evidentemente, de cinemão, mas no sentido de que o personagem começa de um jeito e vai terminar de outro. Acredito nisso, acredito na possibilidade de um argumento, sim, na história humana. Isso não quer dizer que tenha uma linha progressiva, uma finalidade angelical, nada disso, mas existe a possibilidade de você conhecer profundamente o seu próprio movimento. O homem não é um bicho estagnado. E só existe ficção por isso e não para usar a ação como uma peripécia atordoante que valha por si mesma. Mas o que vai me levar a essa ação, a essa verdade humana que é o momento, é a linguagem. Ela é o abre-te sésamo deste novo mundo."
"ADÉLIA PRADO" - COM LICENÇA POÉTICA
Quando nasci um anjo esbelto,
desses que tocam trombeta, anunciou:
vai carregar bandeira.
Cargo muito pesado pra mulher,
esta espécie ainda envergonhada.
Aceito os subterfúgios que me cabem,
sem precisar mentir.
Não sou feia que não possa casar,
acho o Rio de Janeiro uma beleza e
ora sim, ora não, creio em parto sem dor.
Mas o que sinto escrevo. Cumpro a sina.
Inauguro linhagens, fundo reinos
— dor não é amargura.
Minha tristeza não tem pedigree,
já a minha vontade de alegria,
sua raiz vai ao meu mil avô.
Vai ser coxo na vida é maldição pra homem.
Mulher é desdobrável. Eu sou.
desses que tocam trombeta, anunciou:
vai carregar bandeira.
Cargo muito pesado pra mulher,
esta espécie ainda envergonhada.
Aceito os subterfúgios que me cabem,
sem precisar mentir.
Não sou feia que não possa casar,
acho o Rio de Janeiro uma beleza e
ora sim, ora não, creio em parto sem dor.
Mas o que sinto escrevo. Cumpro a sina.
Inauguro linhagens, fundo reinos
— dor não é amargura.
Minha tristeza não tem pedigree,
já a minha vontade de alegria,
sua raiz vai ao meu mil avô.
Vai ser coxo na vida é maldição pra homem.
Mulher é desdobrável. Eu sou.
"ADÉLIA PRADO" - ENSINAMENTO POÉTICO
Minha mãe achava estudo
a coisa mais fina do mundo.
Não é.
A coisa mais fina do mundo é o sentimento.
Aquele dia de noite, o pai fazendo serão,
ela falou comigo:
"Coitado, até essa hora no serviço pesado".
Arrumou pão e café, deixou tacho no fogo com água quente.
Não me falou em amor.
Essa palavra de luxo.
a coisa mais fina do mundo.
Não é.
A coisa mais fina do mundo é o sentimento.
Aquele dia de noite, o pai fazendo serão,
ela falou comigo:
"Coitado, até essa hora no serviço pesado".
Arrumou pão e café, deixou tacho no fogo com água quente.
Não me falou em amor.
Essa palavra de luxo.
"GUIMARÃES ROSA" - LUAR
Pág-26
De brejo em brejo,
os sapos avisam:
--A lua surgiu!...
No alto da noite as estrelinhas piscam,
puxando fios,
e dançam nos fios
cachos de poetas.
A lua madura
Rola,desprendida,
por entre os musgos
das nuvens brancas...
Quem a colheu,
quem a arrancou
do caule longo
da via-láctea?...
Desliza solta...
Se lhe estenderes
tuas mãos brancas,
tla cairá...
João Guimarães Rosa (Magma-Editora Nova Fronteira)
De brejo em brejo,
os sapos avisam:
--A lua surgiu!...
No alto da noite as estrelinhas piscam,
puxando fios,
e dançam nos fios
cachos de poetas.
A lua madura
Rola,desprendida,
por entre os musgos
das nuvens brancas...
Quem a colheu,
quem a arrancou
do caule longo
da via-láctea?...
Desliza solta...
Se lhe estenderes
tuas mãos brancas,
tla cairá...
João Guimarães Rosa (Magma-Editora Nova Fronteira)
ARTHUR RIMBAUD
Ela foi encontrada!
Quem? A eternidade.
É o mar misturado
Ao sol.
Minha alma imortal,
Cumpre a tua jura
Seja o sol estival
Ou a noite pura.
Pois tu me liberas
Das humanas quimeras,
Dos anseios vãos!
Tu voas então...
— Jamais a esperança.
Sem movimento.
Ciência e paciência,
O suplício é lento.
Que venha a manhã,
Com brasas de satã,
O dever
É vosso ardor.
Ela foi encontrada!
Quem? A eternidade.
É o mar misturado
Ao sol.
Quem? A eternidade.
É o mar misturado
Ao sol.
Minha alma imortal,
Cumpre a tua jura
Seja o sol estival
Ou a noite pura.
Pois tu me liberas
Das humanas quimeras,
Dos anseios vãos!
Tu voas então...
— Jamais a esperança.
Sem movimento.
Ciência e paciência,
O suplício é lento.
Que venha a manhã,
Com brasas de satã,
O dever
É vosso ardor.
Ela foi encontrada!
Quem? A eternidade.
É o mar misturado
Ao sol.
¿Qué es poesía?
O que é a poesia?
¿Qué es poesía?
Che cos'è la poesia?
What is poetry?
どのような詩は何ですか?
Was ist Poesie?
Τι είναι η ποίηση;
Qu'est-ce que la poésie?
ما هو الشعر؟
क्या कविता है?
¿Qué es poesía?
Che cos'è la poesia?
What is poetry?
どのような詩は何ですか?
Was ist Poesie?
Τι είναι η ποίηση;
Qu'est-ce que la poésie?
ما هو الشعر؟
क्या कविता है?
MARCELO ROQUE - TATUAGEM
Na sinuosa dança dos corpos redesenhamos a noite, e a emolduramos,
dentro de cada segundo ...
No faiscar de olhares, derretemos as horas, derramando-as sobre
nossas peles ...
E em meio as revoadas diárias de nossas almas, tatuamos o amor ...
Nas costas largas do tempo ...
Marcelo Roque
dentro de cada segundo ...
No faiscar de olhares, derretemos as horas, derramando-as sobre
nossas peles ...
E em meio as revoadas diárias de nossas almas, tatuamos o amor ...
Nas costas largas do tempo ...
Marcelo Roque
MARCELO ROQUE - Fazendo Amor
Os corações entrelaçados e fincados à beira de um precipício ...
Os lábios em rota de colisão com o Sol ...
E as pontas dos lençois amarradas ao manto negro da noite,
derramando assim, sobre nossa cama ...
Um mar de estrelas ...
Marcelo Roque
Os lábios em rota de colisão com o Sol ...
E as pontas dos lençois amarradas ao manto negro da noite,
derramando assim, sobre nossa cama ...
Um mar de estrelas ...
Marcelo Roque
RONALDO FRANCO MANDA RECADO SOBRE O BLOG
O "Poetinha",Ronaldo Franco diz que este blog "abriu as asas sobre os poetas".
Fiquei matutando sobre esta frase e apareceram-me muitas outras,mas a melhorzinha foi :
"poetas,pássaros do céu da língua"
Como sempre digo,sou uma aprendiz da palavra, tenho tudo(e muito) para aprender com os poetas!
E lembrando,este sarau está aberto para todos,e é de todos!
Seria bem mais interessante partirmos para um blog coletivo!
É preciso ter uma conta Gmail ,ou Google,para ser colaborador aqui neste blog que é do Blogger.
Enviem seus emails Gmail pra que eu possa remeter os convites! abrações
Nadia Stabile - 24/09/08
email: nadia.st@uol.com.br
Fiquei matutando sobre esta frase e apareceram-me muitas outras,mas a melhorzinha foi :
"poetas,pássaros do céu da língua"
Como sempre digo,sou uma aprendiz da palavra, tenho tudo(e muito) para aprender com os poetas!
E lembrando,este sarau está aberto para todos,e é de todos!
Seria bem mais interessante partirmos para um blog coletivo!
É preciso ter uma conta Gmail ,ou Google,para ser colaborador aqui neste blog que é do Blogger.
Enviem seus emails Gmail pra que eu possa remeter os convites! abrações
Nadia Stabile - 24/09/08
email: nadia.st@uol.com.br
terça-feira, 23 de setembro de 2008
CORDEL: "O encontro com a consciência" - Arievaldo Viana (clique aqui e leia na íntegra)
O encontro com a consciência.
Autor: Arievaldo Viana
Bons leitores vou narrar
Um caso que foi passado
Num livro muito decente
Foi o fato relatado
Minhas são somente as rimas
Nada aqui é inventado.
O senhor Ramiro Chaves
Um grande caminhoneiro
Que nasceu e se criou
Nos vales de Tabuleiro
Em seu livro de memórias
Diz que o caso é verdadeiro.
Pois bem, vamos a história.
Do jeito que foi narrada
Dizem que um fazendeiro
De vida boa e honrada
Nas estradas do destino
Caiu em grande cilada
Leonel dos Santos era
Este dito fazendeiro
Morava nos Inhamuns
Era pacato e ordeiro
Por ser muito inteligente
Sabia ganhar dinheiro(...)
Autor: Arievaldo Viana
Bons leitores vou narrar
Um caso que foi passado
Num livro muito decente
Foi o fato relatado
Minhas são somente as rimas
Nada aqui é inventado.
O senhor Ramiro Chaves
Um grande caminhoneiro
Que nasceu e se criou
Nos vales de Tabuleiro
Em seu livro de memórias
Diz que o caso é verdadeiro.
Pois bem, vamos a história.
Do jeito que foi narrada
Dizem que um fazendeiro
De vida boa e honrada
Nas estradas do destino
Caiu em grande cilada
Leonel dos Santos era
Este dito fazendeiro
Morava nos Inhamuns
Era pacato e ordeiro
Por ser muito inteligente
Sabia ganhar dinheiro(...)
PAULO LEMINSKI - UM HOMEM COM UMA DOR
um homem com uma dor
é muito mais elegante
caminha assim de lado
como se chegasse atrasado
andasse mais adiante
//
carrega o peso da dor
como se portasse medalhas
uma coroa um milhão de dólares
ou coisa que os valha
//
ópios édens analgésicos
não me toquem nessa dor
ela é tudo que me sobra
sofrer, vai ser minha última obra
//
(Paulo Leminski)
é muito mais elegante
caminha assim de lado
como se chegasse atrasado
andasse mais adiante
//
carrega o peso da dor
como se portasse medalhas
uma coroa um milhão de dólares
ou coisa que os valha
//
ópios édens analgésicos
não me toquem nessa dor
ela é tudo que me sobra
sofrer, vai ser minha última obra
//
(Paulo Leminski)
domingo, 21 de setembro de 2008
ANDRÉ L.LUZ - NA MARÉ
Sou um pescador
Em uma jangada
Sou um pescador
Em uma jornada
Interestelar lá prá casa
Meu amor tá me esperando
Como sempre lá na praia
Ela fica me esperando
Toda noite lá na praia
Sou um pescador intergalático
E vou para o espaço
Jogar no cosmos a rede
No cinturão de Orion
Oriundo daqui mesmo
Sou um pescador
Em uma jangada
Sou um pescador
Em uma jangada
Vou jogar minha linhada
Vou voltar com o barco cheio
Com ajuda de Deus
E o vento vai soprando
Na maré mansa
André L. Luz nov/2007
Em uma jangada
Sou um pescador
Em uma jornada
Interestelar lá prá casa
Meu amor tá me esperando
Como sempre lá na praia
Ela fica me esperando
Toda noite lá na praia
Sou um pescador intergalático
E vou para o espaço
Jogar no cosmos a rede
No cinturão de Orion
Oriundo daqui mesmo
Sou um pescador
Em uma jangada
Sou um pescador
Em uma jangada
Vou jogar minha linhada
Vou voltar com o barco cheio
Com ajuda de Deus
E o vento vai soprando
Na maré mansa
André L. Luz nov/2007
RICARDO SANT'ANNA REIS - RODAR CATIVO
Os minutos se passam
quase
audíveis
em refrão recorrente.
As horas se somam
plausíveis
cheias de promessa e sem nada deixar.
Os dias escorrem
entre os dedos
ceifados do calendário
e cerzidos na pele dos homens.
Os anos morrem
Amiúde
a cada manhã
retirados das pretensões gregorianas.
Como um filete no engenho d’água
os minutos, as horas, os dias e os anos
num rodar cativo, errático desperdício
incontrolável, surda repetição.
"Ricardo Sant' anna Reis"
quase
audíveis
em refrão recorrente.
As horas se somam
plausíveis
cheias de promessa e sem nada deixar.
Os dias escorrem
entre os dedos
ceifados do calendário
e cerzidos na pele dos homens.
Os anos morrem
Amiúde
a cada manhã
retirados das pretensões gregorianas.
Como um filete no engenho d’água
os minutos, as horas, os dias e os anos
num rodar cativo, errático desperdício
incontrolável, surda repetição.
"Ricardo Sant' anna Reis"
SYLVIO NETO - O NEXO DE MEU PLEXO (clique aqui)
Na dobra do calendário Juliano
Vou em frente sem nenhum plano
Que possa dar cura aos cortes profundos
Sofridos ao longo deste bestial ano
Perplexo procurei por longo tempo
O nexo
No fundo de meu plexo
Fui longe e estive sempre perto
Quantos beijos dei naquela falsa face
Já nem sei
Perdi a conta das horas doadas, perdidas
Em carinhos, entrega e passeios sem direção
Sigo em frente sem planos, sutil e arcaico
Nem totalmente romano, no que soul
Nem quase grego, no que fui
Muito ao menos hebraico, no que serei
Quase inteiro, quase forte e sem acreditar na sorte
Vejo a fé do alto
Escrava de meus sentidos
Subjetiva que é...
E assim...
Que venha todo o sol que o verão puder me dar
Que chegue com sabor e bom hálito
Todo beijo que eu vir a ganhar
E que os abraços sejam círculos completos em si
Mas...
Sem nenhum plano, Sem nenhuma fé
Tudo sendo o que verdadeiramente é
COMUNIDADE NO ORKUT:POESIA NA VARANDA:
http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=23475334
http://recantodasletras.uol.com.br/autores/sylvioneto
Vou em frente sem nenhum plano
Que possa dar cura aos cortes profundos
Sofridos ao longo deste bestial ano
Perplexo procurei por longo tempo
O nexo
No fundo de meu plexo
Fui longe e estive sempre perto
Quantos beijos dei naquela falsa face
Já nem sei
Perdi a conta das horas doadas, perdidas
Em carinhos, entrega e passeios sem direção
Sigo em frente sem planos, sutil e arcaico
Nem totalmente romano, no que soul
Nem quase grego, no que fui
Muito ao menos hebraico, no que serei
Quase inteiro, quase forte e sem acreditar na sorte
Vejo a fé do alto
Escrava de meus sentidos
Subjetiva que é...
E assim...
Que venha todo o sol que o verão puder me dar
Que chegue com sabor e bom hálito
Todo beijo que eu vir a ganhar
E que os abraços sejam círculos completos em si
Mas...
Sem nenhum plano, Sem nenhuma fé
Tudo sendo o que verdadeiramente é
COMUNIDADE NO ORKUT:POESIA NA VARANDA:
http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=23475334
http://recantodasletras.uol.com.br/autores/sylvioneto
BAUDELAIRE - EMBRIAGAI-VOS
É necessário estar sempre bêbedo. Tudo se reduz a isso; eis o único problema. Para não sentirdes o horrível fardo do Tempo, que vos abate e vos faz pender para a terra, é preciso que vos embriagueis sem cessar.
Mas – de quê? De vinho, de poesia ou de virtude, como achardes melhor. Contanto que vos embriagueis.
E, se algumas vezes, nos degraus de um palácio, na verde relva de um fosso, na desolada solidão do vosso quarto, despertardes, com a embriaguez já atenuada ou desaparecida, perguntai ao vento, à vaga, à estrela, ao pássaro, ao relógio, a tudo o que foge, a tudo o que geme, a tudo o que rola, a tudo o que canta, a tudo o que fala, perguntai-lhes que horas são; e o vento, e a vaga, e a estrela, e o pássaro, e o relógio, hão de vos responder:
– É hora de se embriagar! Para não serdes os martirizados escravos do Tempo, embriagai-vos; embriagai-vos sem tréguas! De vinho, de poesia ou de virtude, como achardes melhor.
Baudelaire
Mas – de quê? De vinho, de poesia ou de virtude, como achardes melhor. Contanto que vos embriagueis.
E, se algumas vezes, nos degraus de um palácio, na verde relva de um fosso, na desolada solidão do vosso quarto, despertardes, com a embriaguez já atenuada ou desaparecida, perguntai ao vento, à vaga, à estrela, ao pássaro, ao relógio, a tudo o que foge, a tudo o que geme, a tudo o que rola, a tudo o que canta, a tudo o que fala, perguntai-lhes que horas são; e o vento, e a vaga, e a estrela, e o pássaro, e o relógio, hão de vos responder:
– É hora de se embriagar! Para não serdes os martirizados escravos do Tempo, embriagai-vos; embriagai-vos sem tréguas! De vinho, de poesia ou de virtude, como achardes melhor.
Baudelaire
FERREIRA GULLAR- Poemas Neoconcretos I
mar azul
mar azul marco azul
mar azul marco azul barco azul
mar azul marco azul barco azul arco azul
mar azul marco azul barco azul arco azul ar azul
mar azul marco azul
mar azul marco azul barco azul
mar azul marco azul barco azul arco azul
mar azul marco azul barco azul arco azul ar azul
FERREIRA GULLAR - "OS MORTOS"
Os mortos
os mortos vêem o mundo
pelos olhos dos vivos
eventualmente ouvem,
com nossos ouvidos,
certas sinfonias
algum bater de portas,
ventanias
Ausentes
de corpo e alma
misturam o seu ao nosso riso
se de fato
quando vivos
acharam a mesma graça
De Muitas Vozes (1999)
os mortos vêem o mundo
pelos olhos dos vivos
eventualmente ouvem,
com nossos ouvidos,
certas sinfonias
algum bater de portas,
ventanias
Ausentes
de corpo e alma
misturam o seu ao nosso riso
se de fato
quando vivos
acharam a mesma graça
De Muitas Vozes (1999)
RICARDO SANT'ANNA REIS - BIOGRAFIA - NO JORNAL "O REBATE" (clique aqui)
Ricardo Sant’Anna Reis, 49, professor de Ciências Sociais. Coordena e desenvolve projetos na área de capacitação profissional e educação. Tem militado nas "trincheiras clandestinas" da poesia contemporânea carioca, onde fez bons amigos. Considera um privilégio ser poeta num mundo cada vez mais prosaico e expurgado de espírito. O Diário da Imperfeita Natureza é o seu primeiro livro publicado, mas já possui outros prontos para a publicação. Aprecia Machado de Assis, Guimarães Rosa, Sheakespeare, Kafka, Joyce e Dostoievski. Como poeta, é admirador e caudatário dos ensinamentos do mestre Carlos Drummond de Andrade, mas também de Rilke, Leminski, Neruda, Ana Cristina Cezar, Mario Benedetti, Fernando Pessoa, Alan Poe, Geir Campos, Ezra Pound, entre outros grandes. Gosta de versos livres, mas passeia por outros gêneros. Alem disso, gosta do frio da serra, de cerveja e de vinho chileno, da filosofia de Nietzsche, do existencialismo sartreano e das sacações de Freud e Marx, sem dogmatismo. Adora viajar para as pequenas cidades de Minas Gerais, ama o mar e caminhar pelas trilhas da Mata Atlântica de seu Rio de Janeiro.