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segunda-feira, 21 de setembro de 2015

OS PANOS DE GANDHI - NATHALIE BERNARDO DA CÂMARA

 *dois poemas de Nathalie Bernardo da Câmara e camisetas com seus versos.
*o blog dela: http://abagagemdonavegante.blogspot.com.br/




OS PANOS DE GANDHI

Um véu de placenta criou o fiapo que sou
e do fiapo nasceu o novelo de lã que teceu
brancos pedaços de pano.
Dois pedaços apenas,
tecidos de solidão.
Um dos pedaços me cobre,
o outro lavando no rio,
secando no vão do lamento
nas frias noites de estio...

Brancos pedaços de pano
tecidos de solidão.
Um dos pedaços me cobre,
a nudez do fiapo desvela.
O vento a revolve em partes
que o canto da voz a revela...

Brancos pedaços de pano
tecidos de solidão.
Um dos pedaços me cobre,
o outro, lavado e secado,
envolto na esteira do tempo,
ainda é pedido emprestado...

No tear de tosca madeira,
que é o meu coração,
teci brancos pedaços de pano
e compus a minha canção.
Dois pedaços apenas,
tecidos de solidão.
Pedaços que agora nos cobrem,
ocultam desejos furtivos
e os nossos pecados encobrem...

Nathalie Bernardo da Câmara



https://www.facebook.com/photo.php?fbid=10203428779919085&set=a.3218185192421.105797.1800122931&type=1&comment_id=10203431686311743


Natal

Mira e sente a maresia,
incenso e mirra,
nossa poesia:
sol dourado na pele,
botão de ouro a brilhar,
prenda de uma alegria.

Somos santos,
santos reis,
e uma estrela guia-nos,
cinco pontas alumia.

Natal, Cidade do Sol,
nascendo na boca da barra,
à beira-rio, à beira-mar.

Mar de tantas conquistas,
passado a fugir-nos de vista,
presente e futuro,
fundindo-se ao nascer.

Natal, noite de sinos,
canção de ninar,
cantiga de roda,
ciranda de sonhos
vendo-nos crescer...

Nathalie Bernardo da Câmara






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