Acreditei
que se amasse de novo
esqueceria
outros
pelo
menos três ou quatro rostos que amei
Num
delírio de arquivística
organizei
a memória em alfabetos
como
quem conta carneiros e amansa
no
entanto flanco aberto não esqueço
e
amo em ti os outros rostos
Soneto
Pergunto aqui se sou louca
Quem quer saberá dizer
Pergunto mais, se sou sã
E ainda mais, se sou eu
Que uso o viés pra amar
E finjo fingir que finjo
Adorar o fingimento
Fingindo que sou fingida
Pergunto aqui meus senhores
quem é a loura donzela
que se chama Ana Cristina
E que se diz ser alguém
É um fenômeno mor
Ou é um lapso sutil?
(Ana
Cristina César)
Samba-canção
Tantos poemas que perdi
Tantos que ouvi, de graça,Tantos poemas que perdi
pelo telefone — taí,
eu fiz tudo pra você gostar,
fui mulher vulgar,
meia-bruxa, meia-fera,
risinho modernista
arranhando na garganta,
malandra, bicha,
bem viada, vândala,
talvez maquiavélica,
e um dia emburrei-me,
vali-me de mesuras
(era uma estratégia),
fiz comércio, avara,
embora um pouco burra,
porque inteligente me punha
logo rubra, ou ao contrário, cara
pálida me desconhece
o próprio cor-de-rosa,
e tantas fiz, talvez
querendo a glória, a outra
cena à luz de spots,
talvez apenas teu carinho,
mas tantas, tantas fiz...
(Ana Cristina César)
http://conteudolivrenews.blogspot.com.br/2013/11/poesia-renovada.html
http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_brasis/rio_de_janeiro/ana_cristina_cesar.html
http://veredasdalingua.blogspot.com.br/2012/10/ana-cristina-cesar-poemas.html
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