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domingo, 20 de setembro de 2009

Métodos e Metáporos - Glória Kreinz*


"(R)efutamos, por princípio, a inserção de nossa investigação nas metodologias convencionais existentes, pois elas não têm condições de alcançar aquilo que propomos aqui como procedimento científico"
                                           Ciro Marcondes Filho

Métodos e Metáporos
Glória Kreinz*


Este ensaio discute uma questão de método. Há um método para se divulgar ciência e tecnologia? Certamente, como toda atividade organizada que procure resultados culturais existe este método, e no caso da divulgação científica tem se usado os princípios da tradicional teoria da comunicação, geralmente calcado no rigor de pesquisas tradicionais.


Como atuamos em um grupo que trabalha projeto voltado para uma nova teoria da comunicação, conforme proposta de Ciro Marcondes Filho o termo método de meta+odos, preso ao rigor de um caminhar, já não é suficiente para o que fazemos.
Propõe “o metáporo (meta+poros) a partir de Sarah Kofman e seu conceito de poros, caminho que se desbrava a si mesmo, como uma embarcação que abre, enquanto segue, sua própria rota ao estilo dos desbravamentos de que fala Freud a respeito dos sonhos e que diferente da oficialidade de um odos, é abertura de uma passagem por uma extensão caótica.”
Seria difícil aceitar esta visão de poros como abertura para algo novo? Não só seria, como é muito difícil. Eu mesma demorei a ultrapassar etapas que envolveram meu corpo e meu próprio terror conceitual diante de abismos. Depende de quem faz a pergunta sobre o que se entende por poros e de nosso grau de resistência. Depende de nosso grupo, e de quem nos acompanha.
De início poros seria apenas a superfície da máscara da pele, mas pode se prolongar e chegar até as ondulações comunicacionais e mostrar entradas inesperadas, fendas e reentrâncias imprevisíveis, deslocamentos entre palavras como mostrava M.Heidegger criando fulgurações inesperadas, e comunicando a porosidade de toda experiência.
O filósofo alemão é parte dos autores que auxiliam minha pesquisa, mas também Jacques Derrida, Jules Deleuze, Nicolas Luhman, a escola alemã, sem contar Jean B. Baudrillard, Husserl e Sartre e Ciro Marcondes Filho, com quem trabalho desde 1985.
Nestes autores encontro a bifurcação quase ideal para a divulgação científica, podendo dizer algo sobre o que não foi ainda totalmente nomeado, e discutindo a comunicação naquilo que ele oculta e desvenda, sinônimo e antônimo ao mesmo tempo, esfinge que nos contempla. Decifra-me ou te devoro.
Breve problematização:
Todo sinônimo contém seu antônimo diz Freud assim o saber está em pauta, enquanto questionamento de posições transitórias, mesmo em relação ao discurso científico, que interessa de perto ao procedimento do divulgador de ciência e tecnologia.
Este fato afetaria organicamente a divulgação científica? E os microssistemas dentro da sociedade não estariam sendo afetados, levando à formação de grupos com comportamento previamente estabelecidos?
Como ficariam os pesquisadores que não se enquadrassem na previsão dos grupos que querem a manutenção dos sistemas fechados, em conceitos estabelecidos?
Um conceito de comunicação em redes, como o de Luhmann, abre espaço para opções d entro da rede comunicacional?
“De forma diferente dos sistemas psíquicos, a sociedade é um sistema social que é constituído por comunicações e só por comunicações. Obviamente, a comunicação só ocorre através de uma ligação contínua entre os sistemas conscientes (psíquicos). Mas a reprodução contínua da comunicação através da comunicação (autopoiesis) é especificada e condicionada na sua própria rede, independentemente do que ocorre nas mentes dos sistemas psíquicos” (Luhmann, 1992, p. 71)(...)
LEIA NA ÍNTEGRA EM :  http://www.eca.usp.br/nucleos/filocom/existocom/ensaio13b.html


#13 - Mai/Jun/Jul/Ago 2007
São Paulo, SP - Brasil



* Glória Kreinz é professora doutora em Ciências da Comunicação pela ECA/USP, pesquisadora-sênior do FiloCom e coordenadora de pesquisa do NJR - Núcleo José Reis de Divulgação Científica da ECA/USP, desde 1992; professora titular em História da Literatura PUC-Camp. Publicou, entre outros livros;Divulgação Científica na Sociedade Performática, da coleção Temas da Ciência Contemporânea, São Paulo, ABRADIC, 2004; Les Temps Modernes (homenagem a Jean Paul Satre com Franklin Leopoldo e Silva e Ciro Marcondes Filho), São Paulo, Filocom, 2005;Feiras de Reis, da Coleção Divulgação Científica ECA/USP, NJR, São Paulo, 2007.

Um comentário:

  1. OBRIGADA NÁDIA...É NISSO QUE TRABALHAMOS ATUALMENTE...METÁPOROS É O INSTRUMENTO PARA NAVEGARMOS POR MUNDOS NUNCA ANTES NAVEGADOS...TEM ATÉ QUEM DIGA QUE DELÍRIO...RSRS...MAS FAPESP APROVOU E ENTÃO ACADEMIA...RSRS... É DIFÍCIL...RSRS...SEMPRE O NOVO, O SARAU ESTÁ NO ESPÍRITO...RSRS...BEIJOS...

    PS.TIM-TIM...AINDA COMEMORANDO...BEIJOS...

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