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terça-feira, 6 de março de 2018

Golpe já é um consenso no meio acadêmico


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O poder da solidariedade

   
06/03/2018
Reprodução

As universidades brasileiras deram uma lição ao ministro da Educação, Mendonça Filho e mostraram, de forma cabal, a importância de atuarmos conjuntamente e de forma solidária contra os ataques golpistas nos mais diversos âmbitos da vida nacional. 

Em represália a Luis Felipe Miguel, titular de Ciência Política da Universidade de Brasília (UnB) e idealizador do curso “O Golpe de 2016 e o futuro da Democracia no Brasil”, Mendonça Filho ameaçou acionar a: “Advocacia-Geral da União, Controladoria-Geral da União, Tribunal de Contas da União e o Ministério Público Federal” para “apurar se há algum ato de improbidade administrativa ou prejuízo ao erário a partir da disciplina”.

O tiro saiu pela culatra. 

Solidárias à UnB, a Unicamp, USP, UEPB, UFBA, UFAM, UFC, UFJF, UFMS, UFRN, UFRGS, UFSC, UNESP, UEL, UFSJ darão o curso sobre o golpe de 2016 neste semestre. Solidariedade que também se expressa no exterior, a Universidade de Bradford na Grã Bretanha já incluiu o curso em sua grade. Um recado certeiro para este ou qualquer governo que se atreva a ferir a autonomia universitária e a liberdade de cátedra, valores fundamentais à produção científica em qualquer país do mundo.

Como bem lembra o professor Armando Boito Jr., titular em Ciência Política e integrante da Comissão Organizadora da disciplina sobre o golpe na Unicamp, “durante a ditadura militar, nós tivemos perseguição contra professores que ousaram dizer que se tratava de uma ditadura. É isso que ele [ ministro ] está reeditando? Aqueles que entendem que houve golpe devem ser perseguidos? Isso é inaceitável” (confira a entrevista).

Inaceitável como a absurda suspeita contra o biólogo Elisaldo Carlini, de 88 anos, referência mundial na pesquisa sobre a Cannabis sativa, chamado a depor pela Polícia Federal sob suspeita de “apologia ao uso de drogas”. Inaceitável, da mesma forma, as invasões da mesma Polícia Federal no campus da UFMG por causa do Memorial da Anistia. E o que dizer das conduções coercitivas e até mesmo das prisões midiáticas, como aquela que levou Luiz Carlos Cancellier de Olivo, reitor da UFSC, ao suicídio?

E notem que citamos apenas alguns exemplos do que está acontecendo de Norte a Sul no país. Daí a importância da ação conjunta e solidária das universidades brasileiras que apontam um caminho para a resistência contra o golpe, afinal, não fosse esse movimento, certamente, o titular da UnB sofreria graves retaliações.

Sim, a inteligência está ameaçada. Estamos sob um golpe e é próprio dos golpistas impedir o livre pensamento e a crítica. É o que faz, praticamente, todas as ditaduras, sobretudo, uma ditadura midiática, parlamentar e judiciária construída a partir do espetáculo, com seus mocinhos e bandidos; da manipulação e ocultamento da informação; e do ódio social no Brasil, um dos países mais desiguais do mundo.

O fato é que enquanto as urnas e a vontade do povo não for respeitada, nós estaremos em estado de alerta. Lembremos que a Mídia Alternativa foi a primeira a sofrer com o golpe, quando Michel Temer, ainda presidente interino, interrompeu os contratos firmados entre os veículos alternativos e as empresas públicas. Uma decisão totalmente política e persecutória.

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Boas leituras,

Joaquim Ernesto Palhares
Diretor da Carta Maior
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Jessé: o golpe já é um consenso no meio acadêmico

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